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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Blocos de São Paulo reivindicam Gabinete de Crise Climática e distribuição gratuita de água durante o Carnaval

 Movimento As Águas Vão Rolar apresentou à prefeitura e à SPTuris carta com recomendações para um evento seguro diante do aumento das temperaturas e da possibilidade de chuvas severas 

 

Em um cenário de crescente frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como as chuvas e as ondas de calor que afetaram a capital no último final de semana, os blocos de Carnaval de São Paulo, em parceria com organizações voltadas para a questão climática, apresentaram uma carta que pressiona a prefeitura e a SPTuris a tomarem medidas adicionais de segurança e ações para minimizar possíveis problemas com os eventos climáticos extremos durante a folia deste ano. 

A carta, elaborada pelo movimento As Águas Vão Rolar, é dirigida também a várias secretarias municipais, incluindo a Secretaria Municipal da Saúde e a Defesa Civil. O documento sublinha a urgência de medidas preventivas e de redução de riscos em eventos culturais que reúnem grandes aglomerações, como o Carnaval.  

Com 767 blocos, a cidade de São Paulo terá recorde no Carnaval de rua em 2025. Estão previstos mais de 800 desfiles entre os dias 22 e 23 de fevereiro e 8 e 9 de março. O recorde anterior era da última festa antes da pandemia de covid-19, em 2020, com 644 blocos. Depois disso, foram dois anos sem desfiles. Em 2023, foram 475 inscritos e, em 2024, 579.  

Os blocos Ilú Obá De Min, Ritaleena, Navio Pirata (da banda BaianaSystem), Kaya na Gandaia, Bloco Feminista, Vai Quem Quer, Água Preta, Eco Campos Pholiam e Te Pego no Cantinho são alguns dos mais de 70 blocos que assinam o documento, que conta também com o apoio do Greenpeace Brasil, Pimp My Carroça, A Cidade Precisa de Você, Rede Vozes Negras pelo Clima e Instituto Lamparina, entre outros. 

Na carta, As Águas Vão Rolar ressalta que a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos no Brasil estão em ascensão devido às mudanças climáticas. Previsões do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE e da agência norte-americana NOAA (sigla em inglês para Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) indicam chuvas abaixo da média, mas com a possibilidade de eventos extremos, além de temperaturas superiores à média para o verão de 2025.  

O movimento afirma também que a situação climática atual, com previsões de um verão com temperaturas que podem ultrapassar os 39°C, reforça a necessidade de ações efetivas para proteger a vida e a saúde das milhares de pessoas que vão participar ou trabalhar no evento.

 

Entre as principais recomendações da carta, destacam-se: 

·         Distribuição Gratuita de Água: garantir fornecimento de água potável em locais de grande aglomeração, em conformidade com a Portaria nº 35/2023 do Ministério da Justiça. 

·         Preços Acessíveis para Água: solicitar à AMBEV S.A - JK BEER CENTER, patrocinadora do Carnaval de São Paulo, a adoção de preços mais baixos para água em comparação com bebidas alcoólicas. 

·         Flexibilidade nos Horários: permitir alterações nos horários de concentração, desfile e dispersão dos blocos em caso de calor intenso ou chuvas fortes, priorizando a saúde pública. 

·         Novas Datas: propor o adiamento da programação do Carnaval para os dias 15 e 16 de março em situações de calamidade. 

·         Limpeza e Gestão de Resíduos: assegurar apoio em infraestrutura de banheiros e limpeza pública durante os blocos, além de reforçar o cumprimento da Lei Estadual nº 17.806/2023 para destinação adequada dos resíduos gerados e responsabilização das empresas patrocinadoras. 

·         Gabinete de Crise: criar um gabinete que monitore em tempo real as condições climáticas e responda rapidamente a emergências durante o Carnaval. 

Além disso, a carta pede por um plano de contingência que não apenas atenda a emergências, mas que inclua medidas permanentes de prevenção. 

 

Estamos solicitando à prefeitura soluções que já existem, mas que precisam ser incorporadas ao Carnaval da cidade, especialmente em um contexto meteorológico cada vez mais desafiador", explica Alessa Camarinha, vocalista e produtora do bloco Ritaleena.

 

“O Carnaval de Rua de São Paulo em 2024 já foi marcado por extremos climáticos que trouxeram desafios significativos tanto para os foliões quanto para o meio ambiente. Portanto, para esse ano é urgente que haja planejamento e ações preventivas, como campanhas de conscientização, maior infraestrutura para gestão climática e de resíduos, além de uma valorização efetiva de quem trabalha pelo equilíbrio ambiental e pela segurança dos foliões. A festa pode e deve ser sustentável”, observa Marcos Campos, fundador do Bloco Eco Campos Pholia. 

 

“Já tivemos na cidade avisos antecipados da Defesa Civil sobre possíveis eventos climáticos e o adiamento de atividade em local aberto. Os blocos se preparam o ano inteiro para sair entre os oitos dias do calendário oficial da cidade. Caso aconteça uma adversidade e precise ser cancelado o desfile, teremos datas  possíveis para esse remanejamento do cortejo?”, questiona  Juliana Matheus, da Comissão Feminina de Carnaval de SP. 

 

“A gestão de cultura e eventos tem que se atualizar e o Prefeito de São Paulo deve garantir água livre e acessível para as pessoas que participam do carnaval. Água é um direito”, conclui Jonaya de Castro, gestora cultural e diretora do Instituto Lamparina. 

 Confira íntegra da carta e os blocos que já a assinaram: https://asaguasvaorolar.com/


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