A felicidade no ambiente de trabalho tem se tornado um tema cada vez mais relevante no mundo corporativo. Sentir-se parte de algo maior, ser reconhecido – às vezes até mesmo com gestos simples – e ter certeza da sua conexão com a cultura da empresa são fatores essenciais para a tão desejada felicidade corporativa. No entanto, a parte crítica dessa história é que apenas uma pequena parcela dos trabalhadores brasileiros experimenta essa sensação da forma que deveria.
Muito dessa insatisfação é perceptível em nosso dia a dia, nas conversas informais com colegas de trabalho ou até mesmo em rodas de amigos, por exemplo. Mas essa percepção foi confirmada com dados concretos de um estudo recente que mede a felicidade dos trabalhadores brasileiros em relação aos ambientes corporativos em que estão inseridos. Trata-se de uma pesquisa pioneira, realizada com mais de 23 mil funcionários em todo o Brasil e utilizando a plataforma The Happiness Index. O estudo buscou avaliar diversos fatores, incluindo condições de trabalho, oportunidades de crescimento, segurança física e psicológica, bons relacionamentos, reconhecimento profissional e autonomia.
Para falar sobre esse assunto, primeiramente, é importante lembrar que a felicidade no trabalho é uma via de mão dupla. Alcançar essa realização exige diferentes tipos de motivações e esses incentivadores não beneficiam apenas o colaborador, mas também toda a organização. Quando os profissionais estão engajados com a cultura da empresa e com suas atividades diárias, eles se tornam mais motivados, criativos e inovadores. Tudo isso facilita o alcance de metas e melhora a interação da equipe. Prova disso é o dado de outra pesquisa, realizada pela Universidade de Oxford, que mostra que funcionários felizes são 13% mais produtivos.
Já o engajamento representa o quanto os colaboradores se sentem conectados com suas funções e com a própria organização. E aí há um dado alarmante: 62% dos trabalhadores brasileiros não estão engajados com o seu trabalho, segundo dados de um levantamento da McKinsey, em setembro de 2023.
Mas voltando ao estudo realizado pela Pluxee em parceria com o The Happiness Index, o primeiro achado foi que o brasileiro é 9% menos feliz no trabalho do que a média mundial. Além disso, foram identificadas diferenças nos índices quando comparados os gêneros. Os homens relataram maior satisfação no trabalho do que as mulheres. Quando o tema é crescimento pessoal, a diferença na avaliação é de 7,5%, evidenciando a falta de oportunidades para as mulheres no mercado brasileiro e as dificuldades encontradas pelas profissionais em seu cotidiano. A jornada para o reconhecimento ou até que se chegue aos cargos de liderança geralmente é muito mais difícil para elas.
As diferenças regionais também merecem destaque. Trabalhadores da Região Norte do Brasil apresentaram-se 11% mais satisfeitos com seus empregos, em relação aos menores índices que foram encontrados na Região Sudeste. A última, embora apresente uma quantidade muito maior de oportunidades, também é campeã nos níveis de competitividade.
Além disso, o estudo explorou o engajamento em diferentes funções. Cargos de gestão e supervisão relataram níveis mais altos de felicidade e engajamento em comparação com funções de analista. Líderes tendem a se sentir mais informados e a ter uma compreensão mais clara de suas contribuições para o sucesso da companhia.
Comparando os dados adquiridos na pesquisa brasileira com números globais, percebemos que o engajamento no Brasil é inferior ao dos nossos colegas ao redor do mundo. Os brasileiros estão 7,7% menos felizes e engajados do que a média internacional, reforçando a lacuna na forma como as empresas nacionais reconhecem seus colaboradores e proporcionam oportunidades de crescimento pessoal, o que contribui para essa disparidade.
O primeiro passo para iniciarmos um processo de mudança é praticar um olhar mais atento, especialmente quando consideramos a grande diversidade do mercado de trabalho atual. Muitas realidades coexistem no mesmo ambiente. Não podemos continuar esperando respostas uniformes, ignorando as necessidades e perspectivas de cada indivíduo. Um exemplo relevante são as equipes multigeracionais. Em um grupo pequeno de pessoas que têm seus trabalhos correlacionados, podemos encontrar desde jovens em início de carreira, que já nasceram em um mundo digital, até pessoas que passaram grande parte de sua vida profissional de forma analógica e que ainda estão se adaptando à nova realidade. Nesse contexto, a escuta ativa e a empatia são fundamentais para promover maior bem-estar e interação dentro de uma empresa. Nesse contexto, experiência e conhecimento se complementam.
E esse é o ponto alto desse índice, gerar dados que se transformem em ferramentas capazes de mudar uma realidade. A partir do momento que entendemos que é fundamental tratar a questão do reconhecimento, pertencimento e conexão com seriedade e atenção, fica mais viável promover um ambiente de trabalho com colaboradores felizes, melhores resultados e, consequentemente, empresas cada vez mais prósperas e financeiramente saudáveis.
Fabiana Galetol - Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee no Brasil. A executiva acumula passagens pelas áreas de RH, comunicação interna e externa, gestão de marca/publicidade e canais de distribuição, com vivência internacional nos Estados Unidos e países da América Latina. Possui vasta experiência em negócios, direcionamento estratégico, aconselhamento e planejamento de gestão de pessoas. Antes da Pluxee, atuou como Head de Comunicação na IBM Brasil, empresa onde permaneceu por mais de 29 anos. Formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense, Fabiana também é pós-graduada em Comércio Internacional pela Fundação Getúlio Vargas e Marketing pelo IBMEC. É mentora voluntária na Leading.Zone, startup de desenvolvimento humano.
Pluxee
www.pluxee.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário