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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Câncer apresenta sinais distintos em crianças e adultos; entenda

Presidente da SOBOPE explica diferenças na manifestação do câncer segundo a faixa etária

 

Com cerca de 8 mil diagnósticos anuais e uma taxa bruta de incidência de 134,8 novos casos por milhão, o câncer é a primeira causa de morte por doenças na faixa etária de 1 a 19 anos de idade. Entre crianças e adolescentes, as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e o neuroblastoma são os tipos de cânceres mais comuns.

Os tumores originados de células embrionárias, em geral, reconhecidos com a terminologia blastoma, são raros em adultos e ocorrem, em 90% dos casos, em menores de 5 anos de idade. Em adultos, os principais tipos de câncer são os carcinomas e adenocarcinomas, tumores originados de células epiteliais e glandulares, que por sua vez são bem menos comuns em crianças. 

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), Dr. Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, a faixa etária tem influência nos tipos e comportamento biológico do câncer. Ele ressalta a alta taxa de proliferação celular e a dificuldade em prevenir e rastrear o câncer infantojuvenil. “Os tumores em crianças e adolescentes crescem rapidamente. E as células cancerígenas, em geral, afetam células ainda imaturas espalhadas em variadas localizações no corpo”, explica. 

“Quando uma criança chega para avaliação clínica, o pediatra tem que lembrar que embora o câncer seja uma condição rara nesta faixa etária, pode começar com sinais inespecíficos, semelhantes aos de outras enfermidades da infância e adolescência. Contudo, a persistência e a piora da intensidade dos sintomas devem servir de alerta para o médico pensar no diagnóstico de câncer. É comum os pais relatarem repetidas idas aos serviços de saúde até chegarem ao centro de tratamento oncológico”, relata o especialista.

Fatores de risco

Diferente do câncer em adultos, características ambientais, alimentação inadequada, sedentarismo e tabagismo têm pouca influência no desenvolvimento do câncer infantojuvenil. O oncologista pediatra explica: “Esses fatores de risco relacionados a hábitos comportamentais e exposições a variados fatores carcinogênicos ao longo da vida podem predispor adultos ao desenvolvimento de tumores, mas não é o que acontece na maioria dos casos entre crianças e jovens”. 

De acordo com o presidente da SOBOPE, cerca de 15% dos cânceres em geral estão associados a alguma predisposição genética. “Quando a família tem o diagnóstico de uma síndrome de predisposição genética ao câncer, o pediatra pode fazer o acompanhamento desde os primeiros meses de vida da criança. A questão crucial é o desconhecimento dessas síndromes por profissionais de saúde”, explica o especialista.

Diagnóstico precoce

Como a maioria dos tumores pediátricos têm alta taxa de multiplicação celular, respondem mais rapidamente ao tratamento quimioterápico. Por esse e tantos outros pontos determinantes, é preciso estar atento ao diagnóstico precoce. “Quanto mais oportuna e assertivamente fizermos o diagnóstico, maior será a chance de cura”, reforça Neviçolino Pereira de Carvalho Filho. 

“Temos que tratar essas crianças da melhor forma possível. Para isso, o primeiro passo é sim fazer um diagnóstico assertivo, identificando qual tipo de câncer, se está localizado ou disseminado, com exames laboratoriais, de imagem e de biologia molecular. A partir dessa análise inicial, é preciso definir a melhor estratégia de tratamento. Esses exames, contudo, nem sempre estão acessíveis a todos”, diz.

Prova da importância deste caminho até a terapia ideal, dados da literatura médica indicam que até 80% dos pacientes diagnosticados com câncer infantojuvenil podem ser curados, se tiverem o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. “O tratamento consiste em possibilitar a melhor chance de curar com mínimos efeitos tardios na vida adulta”, explica o especialista.
 

SOBOPE


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