Bets podem ser consideradas uma opção de investimento?

É possível transformar a fezinha no jogo do seu time em renda extra? Especialista esclarece

 

As bets já fazem parte do universo do brasileiro. Atualmente, já existe mais gente fazendo apostas esportivas no Brasil do que investindo na Bolsa de Valores, segundo estudo feito pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O levantamento aponta que 14% da população, cerca de 22 milhões de pessoas, fez ao menos uma aposta online em 2023. E a porcentagem daqueles que investem na bolsa é de 2%. Segundo relatório da XP Investimento, 78% dos brasileiros apostam com frequência, e 80% deles, em média, 100 reais por mês.

A realização dos jogos olímpicos foi outro motivador para o apostador por aqui. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro, quatro em cada dez brasileiros consideraram fazer apostas esportivas on-line durante o torneio. Calcula-se que foram mais 61 milhões de brasileiros apostando no período.

Paralelo a este cenário, cresce também a quantidade de perfis de tipsters nas redes sociais: uma espécie de conselheiro profissional em apostas, que monta bilhetes e dá dicas de apostas esportivas. Tais dados, quando associados ao crescimento do mercado nacional de apostas esportivas, leva os apostadores a um questionamento: as bets podem ser consideradas uma modalidade de investimento?

Especialmente, quando consideramos a relação entre risco e retorno, em comparação a outros tipos de investimentos financeiros, a resposta é não. E, apesar da possibilidade de ganhar dinheiro com apostas esportivas, o valor destinado às bets deve ser tratado como entretenimento. Da mesma forma que uma plataforma de streaming ou um jogo de videogame. Entretanto, o acesso à informação pode reduzir os riscos de uma aposta mal-sucedida, especialmente em apostas esportivas, onde é possível metrificar as chances de um evento com base no elenco escalado, histórico de jogos, local da partida, entre outras variáveis. Ou seja, não é investimento, mas também não é loteria. 

E uma, entre tantas diferenças entre bets e as modalidades de investimento tradicionais (também com regulações específicas) está no cálculo de risco: nas apostas, se ganha ou se perde. Não existe horizonte de tempo, valorização, juros ou outras variáveis que encontramos nos investimentos. No universo das bets, é acertar ou errar, ganhar ou perder. Tamanha taxatividade enfraquece a possibilidade de gerar renda extra estimada ou reserva financeira por meio de apostas, por exemplo, um dos objetivos que se tem com investimentos financeiros.

“Ainda que existam diversos casos de jogadores recebendo prêmios altos oriundos de suas apostas, é importante entender que se trata de uma chance e não de uma certeza. O mais importante é ter responsabilidade ao apostar; ao abandonarmos a mentalidade de que é possível ficar rico com apostas, os jogadores passarão a destinar um valor prudente e apenas recreativo, que é, de fato, o objetivo. Com a regulamentação dos negócios de apostas esportivas e cassinos online, e os mecanismos de transparência e proteção decorrentes desse processo, a partir da aprovação Lei 14.790/23, o ambiente vai ficar cada vez mais seguro e voltado para entretenimento”, afirma Brunno Galvão, CEO da Crownstone Ventures, venture builder especializada no mercado de apostas. 

Outro ponto que merece destaque é a aplicabilidade de tempo dedicado ao estudo dos cenários no momento de apostar. A equação é diretamente proporcional: quanto mais se analisa estatísticas, probabilidades e odds antes de uma aposta, melhores são as chances de um acerto. “As pessoas não têm tempo para estudar quantos escanteios em média saem numa partida do Brasileirão. A maioria dos apostadores quer fazer uma fezinha no seu time de coração, na rodada do campeonato, nas competições importantes. É uma lógica parecida ao tradicional bolão da Copa do Mundo: diversão com os amigos. Discutir as odds, palpitar e secar. Se ganhar, melhor, mas não é o foco principal”, opina Brunno Galvão. Porém, a informação pode reduzir os riscos de uma aposta dar errado, principalmente em apostas esportivas, quando é possível metrificar as chances de algo acontecer se valendo do elenco escalado, histórico de jogos, local onde o jogo vai acontecer, entre outras variáveis. 

É possível apostar em inúmeras modalidades esportivas, mas, é claro que, no Brasil, o carro-chefe é o futebol. Por se tratar de um esporte considerado como paixão nacional, muitas pessoas se envolvem emocionalmente em apostas, o que pode levar a decisões irracionais. Ainda que existam diversos casos de jogadores recebendo prêmios altos oriundos de suas apostas, trata-se de uma chance e não de uma certeza. “Em apostas esportivas chega-se a pagar 90% de tudo o que se arrecada em prêmios. O jogador vencer e levar uma bolada é a parte importante da experiência de apostar”, acredita o CEO da Crownstone Ventures. 

Brunno Galvão - CEO da Crowstone Ventures, tem duas décadas de experiência, é um empreendedor em série, migrando para a cadeira de venture builder. Já desenvolveu startups nos mercados de marketplace, comércio eletrônico e mobile app. É investidor anjo e escritor.

Crownstone Ventures