No Dia Nacional do Choro (23), especialistas do CEJAM explicam como a anulação de sentimentos pode prejudicar o bem-estar
Chorar é uma das manifestações humanas que
transcende culturas e épocas. A linguagem emocional considerada universal
permite às pessoas expressarem uma ampla gama de sentimentos, desde tristeza
até um alto pico de felicidade.
Mas,
apesar da sua importância na hora de colocar fortes sentimentos para fora,
ainda existe uma certa pressão social em torno do ato, fazendo com que muitas
pessoas não se permitam vivenciá-lo plenamente.
Não
à toa, desde a infância, é comum ouvir frases como “engole o choro”. Essa
afirmação, entre outras, pode internalizar a ideia de que expressar emoções é
inaceitável, sinal de fraqueza ou até mesmo vergonhoso.
De
acordo com a psicossomática, ciência que estuda os efeitos psicológicos a
partir dos processos orgânicos do corpo, “segurar” o choro pode acarretar
consequências bastante negativas tanto para o organismo como para o bem-estar.
“A
saúde é um estado de equilíbrio entre o corpo e a mente. Quando as emoções são
reprimidas e o choro é evitado, o corpo reage de forma negativa, porque algo
está em desarmonia”, afirma Vania Bastos, psicóloga da UBS Jardim Herculano,
gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João
Amorim" em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Alguns
dos sintomas mais comuns que o corpo pode sentir ao reprimir emoções são
esgotamento afetivo, instabilidade do humor, estresse acumulado, alteração da
pressão arterial, problemas digestivos e, em casos mais graves, potencialização
de distúrbios mentais, como ansiedade,
estresse e depressão.
Porém,
cada indivíduo é único, e o processo de somatização é uma experiência
individual, podendo manifestar-se a curto ou longo prazo, dependendo das
circunstâncias pessoais.
E, no
meio disso tudo, os homens são os mais afetados. O tabu que existe em torno do
assunto, principalmente por conta da pressão social sobre o masculino, enfatiza
a ideia de que eles devem ser fortes e controlados emocionalmente, evitando
expressar qualquer tipo de vulnerabilidade.
“Nesses
casos, uma boa estratégia é buscar compreender limites emocionais e se permitir
romper padrões de comportamento obsoletos, que não fazem mais sentido. Seja
homem, mulher, criança, idoso, se deu vontade de chorar, é preciso vivenciar
esse momento de forma genuína”, enfatiza a profissional.
Ainda
segundo a psicóloga, o autoconhecimento é o principal caminho a ser traçado
para desconstruir toda essa visão negativa. “Algumas práticas como meditação,
sessões de terapia, práticas corporais e atividades físicas ao ar livre podem
ajudar a evoluir o corpo e a mente, resultando na construção de uma boa saúde
mental”, ressalta.
Linha
de cuidados de saúde mental
Independentemente
de idade ou gênero, pessoas que têm dificuldades em expressar sentimentos podem
buscar ajuda gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com foco na saúde
mental dos pacientes, algumas das unidades de saúde gerenciadas pelo CEJAM
oferecem qualidade e atenção assistencial por meio de uma Linha de Cuidado
dedicada exclusivamente ao tema.
A
partir dela, profissionais de saúde desenvolvem estratégias, a fim de otimizar
o acompanhamento em saúde mental da população. A equipe é multidisciplinar e, a
depender da unidade, conta com profissionais como médicos, enfermeiros,
psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, entre outros, que trabalham em
sintonia, de acordo com cada caso individual.
“O
choro é compreendido como um dos mecanismos de equilíbrio para liberar
possíveis excessos causados pelas situações conflituosas que enfrentamos ao
longo de nossas vidas. O cuidado em saúde mental busca facilitar o processo de
utilização e desenvolvimento de recursos pessoais, tão essenciais dentro dessa
dinâmica emocional”, explica Maria Carolina de Raphael Nogueira, gerente do CAPS AD III Jardim Ângela, um dos
serviços de saúde mental que compõe a Atenção Especializada do SUS, na zona Sul
de São Paulo.
Outras ferramentas
utilizadas para o cuidado da saúde mental são as Práticas Integrativas
Complementares (PICs), que são intervenções também desenvolvidas por diversas
categorias profissionais de saúde. Os atendimentos ocorrem através de práticas
como auriculoterapia, caminhada, alongamento, trabalho com horta, culinária,
aromaterapia, dança circular, meditação/mindfulness, musicoterapia,
reflexoterapia, reiki, shantala, yoga, tai chi pai lin, entre outras.
Mais informações
sobre os serviços prestados podem ser adquiridas na sua Unidade Básica de Saúde
de referência.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejamoficial.
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