No Dia Mundial da Saúde Bucal, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) alerta para a importância de investigar as causas da halitose (mau hálito), que pode ser resultado do aumento da curva glicêmica. Além dos cuidados com a aparência dos dentes e com a capacidade de mastigar alimentos com eficiência, a boca pode trazer importantes indicativos sobre a saúde de nosso corpo.
Primeiro
órgão dos sistemas respiratório e digestivo, a boca é composta por diversas
conexões ligadas a todo o corpo por vasos e estruturas celulares: o sangue que
circula no coração passa pelos rins, fígado, estômago e por todos os outros
canais do corpo, inclusive gengivas.
Saúde bucal de diabéticos
Segundo
Cintia Rocha, cirurgiã-dentista pela PUC-MG e especialista em dentística,
alterações bucais podem ser um indicador precoce de condições sistêmicas que o
paciente está vivendo.
“Uma
pessoa com diabetes pode apresentar alterações no hálito especialmente quando a
curva glicêmica está desregulada. Isso pode acontecer principalmente quando o
paciente ainda não sabe que é diabético. A halitose é desenvolvida devido à
presença de corpos cetônicos, que são causadores de odores semelhantes a frutas
apodrecidas”, explica. “Mais um ponto de atenção é a sensação de boca seca, que
também acontece quando a glicemia está elevada, causando uma hipossalivação e,
consequentemente, alteração do paladar e do hálito”, complementa a Cintia.
Outro
ponto de atenção relacionado à saúde bucal de pacientes com diabetes é a
periodontite, caracterizada por uma inflamação na gengiva. Segundo o estudo
“Diabetes and Oral Health: A Case-control Study”, a prevalência da doença foi
maior em pessoas com diabetes (92,6%) quando comparada aos não diabéticos
(83%).
De
acordo com Janaína Bononi Rossin, dentista e Especialista em Periodontia pela
FORP-USP, a periodontite é associada ao maior aumento de resistência à
insulina, podendo elevar o risco de complicações no paciente, pois essa
resistência não permite que a curva glicêmica diminua.
“O tratamento da
periodontite consegue controlar clinicamente o nível de hemoglobina glicada nas
pessoas com diabetes tipo 2. Ou seja, o acompanhamento profissional ajuda o
paciente a controlar a glicemia”, complementa.
Prevenção e tratamento
Segundo Mariana Fogacci, professora de periodontia na UFPE e coordenadora do Departamento de Saúde Bucal da SBD, a halitose pode ser cuidada mantendo o diabetes na meta glicêmica. Já o mau hálito e as descompensações glicêmicas causadas pela inflamação da gengiva precisam ser acompanhadas e tratadas regularmente com o periodontista, (especialista em gengiva).
Diante de um diagnóstico de periodontite, a pessoa com diabetes precisa tratar a inflamação e ser orientada sobre essa condição, além de receber instruções sobre como melhorar e manter sua higiene bucal em dia.
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