Doença ocupa a terceira posição entre
os tipos de câncer mais frequentes no Brasil e vem crescendo entre os adultos
com menos de 50 anos, afirma especialista da Oncologia D’Or.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA)1
estima que este ano serão diagnosticados 45.630 casos de câncer colorretal,
doença que acomete o intestino grosso (o cólon) e o reto. Embora seja o
terceiro tipo de tumor mais comum no País, o câncer colorretal tem alto
potencial de prevenção primária. Para evitar esta enfermidade é preciso ter uma
alimentação equilibrada, controlar o peso e praticar atividade física
regularmente. “As pessoas com hábitos saudáveis têm menos chances de
desenvolver este e outros tipos de câncer”, assegura o oncologista Henry
Najman, da Oncologia D’Or.
A realização da colonoscopia como exame
de rastreio e remoção de lesões preexistentes tem contribuído para a redução
dos casos da doença nas pessoas com 50 anos ou mais. Nos Estados Unidos, a
disseminação desse exame2 levou à queda do número de casos de 1,4% a
1,5% por ano nos indivíduos acima dos 50 anos desde 2012. Além do rastreamento,
a diminuição da incidência de câncer colorretal em alguns países é atribuída à
adoção de hábitos saudáveis pela população como, por exemplo, o declínio no
tabagismo.
No entanto, as tendências favoráveis para as pessoas que já passaram dos 50 anos mascaram taxas crescentes de câncer colorretal em pacientes que não chegaram a essa idade, com uma incidência que aumenta de 1% a 4% ao ano3. Na população mais jovem o câncer pode resultar no diagnóstico tardio e, como consequência, no tratamento da doença em fases mais avançadas.
Dieta equilibrada, exercícios físicos e controle
do peso ajudam a evitar a doença.
Nos Estados Unidos, um estudo4 apontou que, nos últimos 40 anos, os casos de câncer retal cresceram 3,2% por ano em indivíduos de 20 a 39 anos e 2,3% nas pessoas de 40 a 49 anos. Já a incidência de câncer de cólon aumentou 2,4% nos jovens de 20 a 29 anos, 1% nos adultos de 30 a 39 anos e 1,3% nas pessoas de 40 a 49 anos. Uma pesquisa5 canadense mostrou que aqueles nascidos por volta de 1988 têm cinco vezes mais riscos de câncer retal e duas vezes mais riscos de câncer de cólon, se comparados aos nascidos em 1943.
Embora a comunidade científica não
saiba com exatidão o motivo do crescimento do câncer colorretal precoce,
suspeita-se que se deva ao estilo de vida, como padrões alimentares
inadequados, excesso de peso e sedentarismo. Os sintomas desse tipo de câncer
são perda de sangue nas fezes, anemia, cansaço, cólica, alteração do ritmo do
intestino e perda de apetite.
Prevenção e
diagnóstico precoce
O fato é que a prevenção do câncer
colorretal deve começar desde cedo, com a incorporação de hábitos saudáveis no
cotidiano. “É importante não fumar, não consumir álcool em excesso, assim como
carne vermelha, alimentos ultraprocessados e embutidos, além de dar preferência
a uma dieta rica em frutas, verduras e alimentos com fibras”, ensina o médico.
A obesidade e o sobrepeso associados ao
sedentarismo também elevam o risco para a doença, o que evidencia a importância
de se manter o peso adequado e praticar atividades físicas. “Quem caminha 150
minutos por semana e pratica exercícios em academia tem menos chances de
desenvolver o câncer”, observa Henry Najman.
A colonoscopia deve ser realizada a
cada dez anos a partir dos 50 anos para a detecção precoce do câncer colorretal
e a remoção de pólipos, a fim de que não evoluam para tumores malignos. Em
pessoas com histórico familiar da doença, o exame deve começar aos 45 anos. O
médico pode aumentar a frequência da colonoscopia, dependendo do tamanho e das
características do pólipo ressecado.
Tratamento
Nos últimos anos, tem havido grandes
avanços no tratamento do câncer colorretal. A imunoterapia é um deles. Trata-se
de uma classe de medicamentos que ativam o sistema de defesa do organismo
contra os tumores. Entre os pacientes que recebem a imunoterapia estão aqueles
cujo sistema imunológico perde a capacidade de reparar o DNA das células
defeituosas, permitindo que elas se multipliquem e formem tumores. Essa
deficiência pode estar associada à síndrome de Lynch, um conjunto de alterações
genéticas de caráter hereditário que aumenta o risco de câncer colorretal e do
endométrio.
Para investigar a existência dessa
condição, todos os pacientes da Oncologia D’Or passam pelo exame de
imuno-histoquímica, que pesquisa as quatro proteínas de reparo do DNA, analisa
a proficiência ou deficiência dessas proteínas e ajuda a definir o diagnóstico
de suspeição da síndrome de Lynch - proteínas de reparo do DNA deficientes. “O
exame é feito de forma reflexa. Mesmo que o médico não faça a solicitação, ele
é realizado de rotina em todas as biópsias ou peças cirúrgicas dos pacientes
com câncer colorretal”, afirma Henry Najman.
Com melhor prognóstico, esses pacientes
muitas vezes não têm indicação de tratamento com quimioterapia após a cirurgia
curativa. Nos casos de pessoas com câncer colorretal metastático com proteínas
de reparo do DNA deficientes está indicado o tratamento com imunoterapia. O
resultado da pesquisa influi de forma importante na decisão do tratamento.
Um exame que já existe para outros
tipos de câncer, mas vem sendo estudado para aplicação no tratamento do câncer
colorretal, é a biópsia líquida. Como a informação genética dos tumores passa
para a corrente sanguínea, esse teste permite a análise do DNA tumoral
circulante. Assim, por meio de um exame de sangue, é possível conhecer os
marcadores tumorais, facilitando a definição do tratamento mais adequado.
O médico Henry Najman lembra que, há
dez anos, os oncologistas enxergavam o intestino “como uma coisa só”. A partir
da evolução do conhecimento molecular dos tumores de cólon e da sua
embriologia, descobriu-se que o comportamento do tumor pode variar de acordo
com a sua posição no intestino. “Se ele está no lado direito, o tumor precisa
receber um tratamento mais agressivo. Se está localizado do lado
esquerdo, a terapia pode ser outra”, explica.
Um avanço relevante para o tratamento do
câncer colorretal curativo após a cirurgia foi a redução do tempo de uso do
medicamento oxaliplatina de seis para três meses em pessoas com estadio do
tumor nível III com até três gânglios comprometidos. Esses pacientes foram
considerados como de menor risco e, portanto, podem usar menos oxaliplatina.
“Esse medicamento tem como efeito adverso a dormência na ponta dos dedos e nas
plantas dos pés, que pode ser permanente. Diminuir o tempo de uso do
medicamento significa melhorar a qualidade de vida do paciente”, concluiu Henry
Najman.
Oncologia D'Or
Referências
1.Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa de 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
2.Rebecca L Siegel et al. Cancer Statistics, 2023. CA: A Cancer Journal for Clinicians, 73 (1):17-48, 2023.
3.Hyuna Sung et al. Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA A Cancer Journal for Clinicians, 2021
4.Y Nancy You et al. Colorectal Cancer in the Adolescent and Young Adult Population. JCO Oncology Practice, 16 (1), 2021.
5.Emily Heer et al. Emerging cancer incidence trends in Canada: The growing burden of young adult cancers. Cancer, 126 (20), 2020.
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