Trabalhador informal está mais exposto à acidentes, como motoboys, por exemplo; SBCOC explica lesão mais comum e faz alerta
Estudo inédito divulgado nesta segunda-feira (11), realizado pela Agenda Jovem Fiocruz e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio e intitulado "Panorama da Situação de Saúde de Jovens Brasileiros de 2016 a 2022: Intersecções entre Juventude, Saúde e Trabalho", mostra que quatro em cada dez brasileiros (43,6%) entre 15 e 29 anos inseridos no mercado de trabalho estão na informalidade. Ainda de acordo com a pesquisa, 28% desses jovens foram expostos a alguma situação de risco à saúde.
Uma das atividades mais comuns, exercida de maneira informal, é a de entregador. Um levantamento, do IPEA, divulgado em maio do ano passado, indicou que o Brasil tem 1,5 milhão de pessoas que atuam como motoristas e entregadores de aplicativos, taxistas, mototaxistas e outras atividades por conta própria no setor de transporte. Enquanto cresce o número de entregadores de moto, crescem também os acidentes. A lesão mais comum em acidente com motocicleta é a fratura da clavícula, osso em formato de “S”, localizado na parte superior do tórax e responsável por fazer a ligação entre o tronco e os braços, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Ombro e Cotovelo (SBCOC), Sandro da Silva Reginaldo.
“A clavícula é um dos importantes componentes que permitem a mobilidade dos membros superiores e a implicação de força. Quando a pessoa sofre uma queda sobre o ombro, toda a energia do impacto é transferida para essa região, o que resulta na fratura do osso, situação frequentemente vista em acidentes de moto. Em acidentes com motocicleta, a própria pessoa que a conduz é o para-choque, intensificando a gravidade das lesões”, afirma o cirurgião.
O presidente da SBCOC explica que há três tipos de fratura de clavícula. “Há a fratura transversa, que ocorre em uma linha mais ou menos reta; a oblíqua, quando a fratura lesiona o osso diagonalmente; e a cominutiva, quando o osso quebra em vários pedaços”, lista. “Quando a fratura não apresenta desvio ou encurtamento significativo, o tratamento é conservador, do contrário, pode haver necessidade de cirurgia”, completa, acrescentando que é importante a avaliação de um especialista para o diagnóstico correto.
O especialista ressalta que a recuperação deste tipo de fratura é “um transtorno” que vai prejudicar a execução de outras tarefas do dia a dia por, pelo menos, três meses. A recuperação completa pode durar até seis meses. “No caso do trabalhador informal, ainda há o agravante de estar desprovido de garantias básicas de saúde e segurança do trabalho”, conclui.
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