Técnica de CRISPR-Cas9 pode revolucionar tratamento de pacientes (Divulgação) |
O momento é considerado histórico pela Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM)
O Reino Unido deu sinal verde para a
primeira terapia por CRISPR, destinada ao tratamento da anemia falciforme e
talassemia, marcando um avanço significativo no campo da medicina genética. O
CRISPR, cujo nome se origina de "clustered regularly interspaced short
palindromic repeats" (repetições palindrômicas curtas agrupadas e
regularmente espaçadas, em português), é um lócus genético presente em
bactérias e arqueas (microrganismos unicelulares procariontes, morfologicamente
semelhantes a bactérias), atuando como uma espécie de biblioteca genética que
registra informações sobre vírus que já infectaram esses microrganismos no
passado.
Esta
recente aprovação no Reino Unido representa um avanço notável, abrindo portas
para a aplicação clínica da técnica CRISPR em condições genéticas complexas,
como a anemia falciforme e talassemia. Os pesquisadores têm como alvo o gene
BCL11A. Segundo o médico geneticista da SBGM, Salmo Raskin, durante o período
fetal, este gene inibe a produção de hemoglobina fetal.
“Ocorre
que em pacientes com anemia falciforme, a hemoglobina do adulto não funciona
corretamente. Os pesquisadores desenvolveram uma terapia gênica baseada em
CRISPR visando interromper a sequência genética do gene BCL11A, abrindo caminho
para tratamentos mais eficazes", explicou.
A SBGM
acompanha de perto esses avanços e destaca a importância de pesquisas
inovadoras que utilizam a técnica CRISPR para potencializar a descoberta de
novos tratamentos e prevenção de doenças genéticas. Agora, a expectativa é que
a Federal Drug Administration (FDA) aprove no dia 8 de dezembro o uso da
técnica. Aproximadamente 100 mil norte americanos têm anemia falciforme. O
investimento é de US$ 2 milhões por paciente.
O
pioneirismo na descoberta do CRISPR remonta a 1993, quando Francisco Mojica,
microbiologista espanhol, identificou esse fenômeno de forma independente. Em
2003, ele percebeu a correlação entre as repetições de DNA nas bactérias e os
segmentos de DNA que se alinhavam com vírus anteriores, fornecendo uma espécie
de "histórico de ameaças" genéticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário