Cris Zanata, pesquisadora e fundadora do InsAB, ressalta aspectos e benefícios quando mulheres ocupam cargos mais altos
A presença das mulheres em posições de liderança
desempenha um papel crucial na promoção da equidade de gênero e na
representação diversificada em posições de poder nas organizações. Segundo
dados da Forbes, desde 2015, a participação de mulheres em cargos executivos
cresceu de 17% para 28%, e a representação em outros níveis superiores melhorou
de forma semelhante. O olhar das empresas sob mulheres líderes cresceu, mas
ainda é necessário entender todos os benefícios que isso pode trazer.
"Além do aspecto social e cultural, a presença
de mulheres em cargos de liderança tem um impacto econômico
significativo", diz Cris Zanata, pesquisadora de inclusão e equidade, e
fundadora do InsAB (Instituto de Alterismo do Brasil). "A diversidade de
gênero na liderança está associada a um melhor desempenho econômico nas
organizações, pois traz consigo uma gama mais ampla de talentos, ideias e
estratégias inovadoras", ressalta ela.
"A inclusão de mulheres em posições de
liderança não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia
de negócio inteligente e benéfica para a competitividade e sustentabilidade das
organizações no mercado atual", complementa.
Segundo o IPEA Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, nos últimos 10 anos passou de 37% para 48% as famílias lideradas
economicamente por mulheres. Este dado demonstra que mais mulheres estão na
posição de liderar suas famílias, considerando também as mães solo.
Porém, a maioria destas mulheres não possui tal posição nas empresas.
"Essa representatividade vai além de apenas
equilibrar números; ela traz consigo uma riqueza de perspectivas, experiências
e estilos de liderança distintos que enriquecem a tomada de decisões
estratégicas", explica Cris Zanata.
Mas como promover a liderança feminina de forma
efetiva no mercado de trabalho? A pesquisadora traz oito dicas:
- Políticas
de Recrutamento e Seleção Equitativas:
Revisar os processos de recrutamento para evitar
vieses inconscientes, garantindo a equidade de oportunidades para mulheres
desde a fase inicial do recrutamento. Isso pode incluir a implementação de
técnicas de recrutamento cego, revisão de descrições de cargos para
neutralidade de gênero e a formação de painéis de entrevistas diversos.
- Estabelecer
Metas e Indicadores de Diversidade:
Definir metas claras para aumentar a
representatividade feminina em cargos de liderança. Acompanhar e avaliar
regularmente esses indicadores, demonstrando comprometimento com a diversidade,
equidade e inclusão.
- Desenvolvimento
de Talentos:
Implementar programas de desenvolvimento e
mentorias específicos para mulheres, fornecendo oportunidades de capacitação,
treinamento e orientação para aumentar sua prontidão e confiança para assumir
papéis de liderança.
- Cultura
Organizacional Inclusiva:
Fomentar uma cultura que valorize a diversidade,
promovendo a igualdade de oportunidades, flexibilidade no trabalho e políticas
de conciliação entre vida pessoal e profissional, que ajudam a reter e atrair
mulheres talentosas.
- Liderança
Engajada:
Envolver a liderança na promoção da diversidade,
garantindo que apoiem ativamente e sirvam de mentores para mulheres em busca de
oportunidades de liderança. Modelar comportamentos inclusivos é fundamental
para incentivar uma mudança cultural. Atualmente, no InsAB, temos um programa
de fortalecimento de lideranças femininas que foca no engajamento e desejo
destas mulheres de fazerem parte daquele lugar de poder.
- Transparência
e Comunicação:
Comunicar abertamente os compromissos da empresa
com a diversidade, equidade e inclusão, destacando progressos, desafios e
iniciativas em andamento. Isso cria um ambiente de transparência e
responsabilidade.
- Avaliação
e Reconhecimento Justos:
Garantir que os critérios de avaliação de
desempenho sejam objetivos e equitativos, promovendo oportunidades iguais para
mulheres progredirem em suas carreiras com base em suas competências e
contribuições.
- Feedback
e Ação Interativa Focados, Frequentes e Justos:
Coletar feedback regular dos funcionários,
especialmente das mulheres, e agir com base nesses insights para ajustar e
melhorar continuamente as estratégias de inclusão.
De acordo com os projetos que mantém no InsAB, Cris
Zanata acredita que o maior desafio, que necessita de atenção, está em como
também manter as mulheres em tais cargos. Manter a qualidade do trabalho das
mulheres em posições de liderança requer estratégias específicas que assegurem
um ambiente de suporte contínuo e desenvolvimento profissional.
"Permitir horários flexíveis e opções de
trabalho remoto é vital. Outro aspecto significativo é o reconhecimento e a
inclusão. Reconhecer publicamente as contribuições das mulheres líderes,
destacando seus sucessos e habilidades, pode aumentar sua satisfação e
comprometimento com a empresa. Isso cria uma cultura de inclusão e valorização,
fatores fundamentais para que a mulher deseje ocupar aquele lugar", diz
ela.
"Fornecer feedback focado, justo e frequente, avaliações de desempenho sinceras e uma cultura de apoio e colaboração são aspectos-chave para garantir a qualidade do trabalho das líderes femininas. Acesso igualitário a recursos, oportunidades e redes de contatos que ajudem no crescimento profissional também é imprescindível para o progresso e a realização dessas mulheres em cargos de liderança", finaliza Cris Zanata.
Cris Zanata - Fundadora do Instituto de Alterismo do Brasil (InsAB), Conselheira de diversidade, equidade e inclusão na RSU Lixo Inteligente e mestranda em Gênero e Diversidade pela Universidade de Oviedo, na Espanha. Trabalhou durante 18 anos em cargos de liderança em Big Four e empresas do setor privado na área de impostos aduaneiros e logística, alcançando o cargo de diretora global de logística em uma empresa de energia renovável espanhola. Atualmente é pesquisadora sobre inovação social, equidade de gênero e generosidade nas organizações e facilitadora em projetos realizados por Carlotas na Alemanha para mulheres migrantes.
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