Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a definição de saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doenças. No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais estão entre as principais causas de perdas de dias no trabalho. O meio ambiente do trabalho pode, sem dúvida, influenciar no processo saúde-doença das pessoas.
Também de acordo com a OMS, o ambiente psicossocial
do trabalho inclui a cultura organizacional, bem como atitudes, valores,
crenças e práticas cotidianas da empresa que afetam o bem-estar mental e físico
dos trabalhadores. Elenquei alguns exemplos de fatores de riscos psicossociais,
apoiada na literatura de LEVI (1998) e LEKA (2003):
- Conteúdo de tarefas:
monotonia, repetitividade, subutilização de habilidades, tarefas sem
sentido, tarefas desagradáveis ou repugnantes;
- Carga e ritmo de trabalho:
sobrecarga ou pouca carga de trabalho, trabalhar sob pressão de tempo;
- Horário de trabalho: pouca
flexibilidade nos horários, longas jornadas, trabalho em horários na qual
não há convívio social, horários imprevisíveis, esquema de turnos mal
concebidos;
- Desenvolvimento de carreira,
status e salário: insegurança no trabalho, baixa perspectiva ou pouca
possibilidade de promoção, trabalho de baixo valor social, pagamento por
produtividade, sistemas de avaliação de desempenho pouco claros ou
injustos, ser mais qualificados, ou ter baixo nível de qualificação para o
trabalho;
- Relações interpessoais:
precariedade nas relações com supervisores, baixo apoio social dos
colegas, bullying, assédio e violência no trabalho, isolamento físico ou
social, não existir procedimentos estabelecidos para lidar com os
problemas ou queixas;
- Cultura organizacional: má
comunicação, liderança “pobre”, falta de clareza sobre os objetivos
organizacionais e estrutura organizacional;
- Interface do trabalho-casa:
demandas conflitantes entre trabalho e vida pessoal, pouco apoio no
trabalho aos problemas domésticos, pouco apoio em casa para os problemas
do trabalho.
- Condições ambientais:
agentes físicos e químicos, iluminação deficiente ou excessiva; odores
incômodos e outros.
Os riscos psicossociais são fatores que podem
causar estresse emocional ou mental, muitas vezes chamados de “estressores” do
local de trabalho.
Mas, o que os riscos psicossociais podem,
efetivamente, causar no trabalhador?
Temos como exemplo a tensão e a preocupação
excessiva, transtorno do sono, dor crônica na cabeça, sensações desagradáveis
no estômago, vivências constrangedoras no trabalho, estresse, dificuldade para
relaxar, fadiga constante, desânimo, desmotivação, formigamento em ombros,
braços ou mãos, depressão, ansiedade, burnout, entre outras doenças. Um
sofrimento para o colaborador, para a família e para os colegas.
Além de buscar um profissional da saúde que possa tratar com terapia e medicamentos, os trabalhadores também podem recorrer à justiça para reparar esses danos à saúde física e mental. Como advogada, especialista em saúde mental, tenho acompanhado diversos casos depessoas que, quando chegam ao limite, entram com ações na Justiça e conseguem uma reparação financeira por conta de alguma doença que foi desenvolvida ou agravada por conta do ambiente de trabalho.
Adriana Belintani - Advogada especialista em saúde mental com mais de 20 anos de atuação nas áreas trabalhista e previdenciária. Com escritório sediado em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, Belintani tem clientes em todo o Brasil e atende principalmente processos de trabalhadores que desenvolveram alguma doença referente à saúde mental por conta do trabalho, que tiveram algum acidente na empresa ou algum tipo de doença ocupacional. A profissional ainda atua fortemente na divulgação e no esclarecimento dos motivos que levam as pessoas a adoecerem no ambiente do trabalho.
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