Excesso de
autocobrança e sentimento de culpa fazem parte da vida de pais atípicos
Ser pai ou mãe é sempre um grande desafio, não
importa se é de primeira viagem ou não. Os pais a todo momento estão
preocupados com seus filhos em todos os aspectos da sua vida, mas esse desafio
é ainda maior para a maternidade e paternidade atípica, que acontece de
diversas formas, sendo uma delas quando a criança tem algum transtorno do
neurodesenvolvimento.
Dentro do espectro dos transtornos neurodivergentes
ou neurocomportamentais, os mais comuns são: TEA - Transtorno do espectro
autista, TOD - Transtorno opositivo desafiador e TDAH - Transtorno do déficit
de atenção com hiperatividade. Com o diagnóstico feito a partir dos 4 anos de
idade, é vivida uma fase de incertezas e negações. Com a chegada do laudo, os
pais precisam passar pela fase do luto do filho idealizado, que é comum após o
diagnóstico. É preciso entender que não há cura para estes transtornos, mas
sim, tratamentos que irão variar de caso para caso e é aí que começa o
verdadeiro desafio, aprender como se comunicar, relacionar, educar, conviver e
entre outros aspectos da vida, além de lidar com a sobrecarga mental, exaustão
e a pressão social pela qual os pais passam nessas situações.
“O impacto do diagnóstico é muito forte para os pais. Entender tudo que está
acontecendo, como será a vida da criança, reconhecer a singularidade do seu
filho e entre outros aspectos, pode causar muito estresse e cansaço, por conta
da grande exaustão física e mental pela qual os pais passam neste momento”,
comentou Andreia Rossi, educadora parental, especialista e mãe de uma
adolescente com TOD. “Mas é uma tarefa feita com muito amor, que após se
adaptar a rotina e as demandas do cotidiano, a situação tende a melhorar e o cansaço
físico e mental diminuir”, completou.
Os pais atípicos podem se sentir também de certa forma excluídos da sociedade
em alguns momentos ou até mesmo solitários. Por exemplo, crianças com TOD podem
ter uma dificuldade de comunicação e de se relacionar, fazendo com que a
socialização na escola e em outros ambientes seja um desafio. Casos
assim, levam os pais a enfrentarem diversas demandas com as demais
famílias e passam a sentir uma grande pressão social.
Para Andreia, o ideal é procurar uma rede de apoio. “Nunca devemos passar por
estes problemas sozinhos, mesmo que os pais se ajudem e sejam companheiros, uma
rede de apoio é de extrema importância. Ela envolve, claro, familiares e
amigos, mas o profissional não pode ser deixado de fora. A rede de apoio trará
um acolhimento e pertencimento para a família, por meio de relatos do
cotidiano, compartilhamento de experiências e das orientações passadas pelo
profissional”, aconselhou.
É totalmente comum que os pais sintam culpa e se cobrem em muitas situações,
afetando a sua saúde física e mental. Mas é possível superar esses problemas
com informação, se desprendendo dos padrões de convivência e de como educar o
filho. Entendendo que a criança com algum transtorno do neurodesenvolvimento
tem uma necessidade específica e precisa de um outro olhar, que seja ampliado
sobre a necessidade dela e não do outro.
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