Conflito no Oriente Médio domina as conversas e redes sociais; adultos devem explicar causas da guerra e transmitir valores pacíficos, diz educadora parental Stella Azulay
Pela ampla repercussão diária nos
noticiários, redes sociais e até nas conversas dos adultos, o conflito armado
em Israel envolvendo judeus e palestinos certamente é acompanhado pelas
crianças. Essa é a razão pela qual os pais e professores devem tomar a
iniciativa de conversar sobre o assunto com elas, argumenta a educadora
parental Stella Azulay, CEO da Juntos Educação.
“A fala dos pais vai ser muito
importante para os filhos no direcionamento final sobre o que é uma guerra e as
suas consequências, e isso também serve para os professores. Com filhos
pequenos, é importante verbalizar que existe uma guerra e o que ela é”, disse.
Nessa fase, a educadora explica que é importante transmitir às crianças os conceitos
que elas entendam.
Por exemplo, a guerra é um momento em
que duas nações não se entendem e ocorrem muitas mortes. “Uma guerra
normalmente é uma disputa por algo, nem que seja poder, e pode ser somente por
causa do ódio a outro povo ou uma guerra racial. É importante explicar as
diferenças de forma lúdica, se possível usando livros e bonecos”, sugere.
Quando as crianças são mais velhas,
Stella chama a atenção para que a conversa seja feita com base em informações
confiáveis. “A questão do Oriente Médio é extremamente complexa, então os pais
não devem falar sobre aquilo que não sabem. A conversa com os filhos e alunos
não pode ser feita com base em achismos”, reforça.
Para falar do tema, os pais precisam
buscar as informações corretas, continua a educadora. “Leiam a respeito,
busquem entender. Se os pais sentirem que não entendem o assunto com
profundidade ou que não possuem ferramentas suficientes para explicar alguma
coisa, escolham o silêncio. Digam apenas o que acham de uma guerra. Expliquem o
que é terrorismo, porque tudo o que vem acontecendo no Oriente Médio é uma
grande oportunidade de se explicar o que é terrorismo, racismo e ódio a um
povo.”
Além de conceitos, é preciso transmitir
valores, acrescenta Stella. “Queremos que eles levantem bandeiras? Que tenham
suas próprias ideologias? Se os nossos filhos serão os cidadãos do futuro, eles
é que vão promover a guerra e a paz. Então, o que queremos que os filhos sejam,
enquanto cidadãos do futuro? Os que promovem a guerra ou a paz?”, indaga.
Aproveitando o tema, a educadora sugere
mencionar alguns temas relacionados, como racismo, homofobia, xenofobia,
feminicídio, cidadania, empatia. Essa é uma reflexão importante para os pais,
uma vez que eles influenciam os filhos por meio do exemplo. “Podemos refletir
como anda a guerra dentro de casa, a empatia e o amor ao próximo. E o que nós,
pais, trazemos de valores éticos para os filhos na mesa de jantar.”
Mais importante do que defender um lado
ou outro do conflito, é preciso considerar que as crianças estão desenvolvendo
a sua visão de mundo e a orientação dos pais é um fator decisivo. “É muito
importante entendermos quem serão os cidadãos do futuro que estamos influenciando
hoje, em um momento delicado e triste para todos. Quando nos comunicarmos com
crianças e adolescentes sobre o que está acontecendo no Oriente Médio, vamos
pensar no mundo que a gente quer que eles construam.”
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