FEBRASGO reforça que a educação e a conscientização desempenham um papel fundamental na prevenção da violência contra as mulheres e na promoção da saúde
Em 10 de outubro, no Dia Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, uma data estabelecida em 1980 durante um movimento nacional ocorrido em São Paulo, a Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO) faz um alerta sobre os altos índices de crimes contra as mulheres em todo o país e reforça a importância da educação e conscientização de todos para a construção de uma sociedade mais segura para as mulheres.
O estudo "Visível e Invisível: Vitimização de Mulheres no Brasil" do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela dados alarmantes sobre diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres brasileiras em 2022. O levantamento aponta que 28,9% das mulheres no Brasil foram vítimas de violência de gênero durante o ano, representando o índice mais alto registrado até o momento, com um aumento de 4,5 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Essas estatísticas indicam que aproximadamente 18,6 milhões de mulheres no Brasil foram vítimas de violência no período.
O Dr. Robinson Dias, presidenta da Comissão de
Violência Sexual e Interrupção Gestacional prevista em lei na Federação
Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO), enfatiza que o machismo
estrutural desempenha um papel significativo na perpetuação da violência em
nossa sociedade. “Este machismo está profundamente enraizado em todos os
aspectos das relações sociais e tem um impacto prejudicial no fortalecimento
das mulheres. Além disso, a falta de educação e o aumento contínuo da violência
também são fatores cruciais que contribuem para esse problema em nossa
sociedade”, pontua.
Quando as mulheres são vítimas de violência, enfrentam
consequências tanto físicas quanto mentais. No curto prazo, isso se traduz em
problemas de saúde resultantes de agressões físicas e sexuais, como lesões
corporais, estresse pós-traumático, síndrome do pânico, infecções transmitidas
sexualmente e outros problemas relacionados. A longo prazo, estudos demonstram
um maior risco de desenvolvimento de distúrbios psicológicos, incluindo
transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão, disfunções sexuais e
também efeitos negativos na saúde cardiovascular das mulheres.
“Para as mulheres, que se encontram presas em um ciclo de
violência, é uma tarefa extremamente desafiadora romper com essa situação
devido ao contexto de vulnerabilidade social que caracteriza o cenário
brasileiro. Além disso, a dependência econômica, que frequentemente está nas
mãos do agressor, e a falta de recursos educacionais e alternativas para cuidar
de seus filhos agravam ainda mais essa problemática. Felizmente, existem
diversas instituições que compõem uma rede de apoio, abrangendo desde as
autoridades de segurança pública até instituições de saúde, assistência social
e organizações não governamentais. Os sinais de alerta variam, desde evidências
físicas de traumas até mudanças de comportamento e o surgimento de distúrbios
psicológicos e pós-traumáticos”, destaca o Dr. Robinson.
Para o especialista, a educação e a conscientização desempenham um
papel fundamental na prevenção da violência contra as mulheres e na promoção da
saúde, ao ampliar a visibilidade desse problema. “Elas nos permitem destacar o
impacto profundo dessa questão nas vidas das pessoas e fomentar discussões e
reflexões sobre o tipo de sociedade que desejamos legar para as gerações
futuras. Além disso, é fundamental refletir sobre o papel dos homens na vida e
na promoção da saúde de meninas, adolescentes e mulheres, reconhecendo sua
importância nesse processo”, finaliza.
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