Especialista
explica que mercado está aquecido até mesmo para profissionais mais velhosFreepik
Historicamente, encontrar emprego depois de uma
certa idade era difícil e, muitas vezes, as vagas que estavam disponíveis não
faziam jus à experiência e ao currículo dos profissionais. No entanto, esse é
um cenário que vem mudando ao longo dos últimos anos. O aumento da expectativa
e qualidade de vida e a valorização de uma gestão de pessoas mais humanizada
têm sido alguns dos pontos focais dessa transformação.
Para o especialista em carreira e professor do mestrado
e doutorado em Administração da Universidade Positivo (UP), Fabio Vizeu,
foi-se o tempo em que pessoas com mais de 40 anos eram consideradas velhas
demais para o mercado. “A realidade de uma população madura em perfeitas
condições de produzir já se estabeleceu há algum tempo no ambiente de trabalho.
Até mesmo pessoas com mais de 50 e 60 anos têm espaço nesse novo contexto,
devido às condições físicas, como saúde e vitalidade, mas também à necessidade,
já que a aposentadoria é cada vez mais postergada no Brasil e no exterior”,
analisa.
Atualização e olho atento ao
mercado de trabalho
Mas, embora as mudanças estejam acontecendo, Vizeu
explica que ainda existe preconceito em relação a esse público, especialmente
em contextos profissionais normalmente dominados por profissionais muito
jovens. “É o caso do setor de startups, por exemplo. Entretanto, é
importante considerar que esse preconceito com base na idade - que é chamado de
ageismo - pode ser endereçado até a pessoas abaixo dos 40 anos”, destaca. E
como se vence esse preconceito? Da parte dos profissionais, é preciso
atualizar-se constantemente das novas tendências com as quais os mais jovens já
estão acostumados.
É comum que recursos e ferramentas consideradas
"coisa de adolescente" pelos mais velhos, como a linguagem de streaming
e redes sociais sejam, na verdade, uma tendência da sociedade. Por isso, todo
profissional precisa se ajustar à forma como a sociedade se comunica, se
diverte e produz valor. “Além disso, há as novas referências que fundamentam os
valores sociais. Ambientalismo, respeito à diversidade e combate ao machismo
são algumas delas e podem ser um desafio para os profissionais acima de 40,
tendo em vista que eles foram criados em um contexto cultural no qual isso tudo
não era considerado”, lembra.
Outra necessidade das pessoas acima dos 40 anos é
entender que o modelo de trabalho baseado no emprego e nas garantias da CLT
tende fortemente a diminuir ou mesmo acabar. “As relações de trabalho agora se
baseiam em projetos de curto prazo, sem garantias de continuidade. O vínculo se
dá por Pessoa Jurídica ou contratos temporários, e aí está o maior desafio para
as pessoas na faixa dos 40, acostumadas a ter estabilidade, 13.º salário e
férias remuneradas”, complementa o especialista.
Experiência e diversidade
Do ponto de vista empresarial, há um ganho
significativo em manter equipes heterogêneas em termos de gerações.
Profissionais de diferentes faixas etárias, quando trabalham juntos, costumam
contribuir para o desenvolvimento de projetos e da própria marca, visto que a
interação entre eles permite que visões distintas se completem para a solução
de problemas. “Os profissionais com mais idade já têm uma certa bagagem no
mercado de trabalho e estão calejados das dificuldades, das crises, dos
desafios da vida adulta. Enquanto isso, os jovens trazem as possibilidades da
experimentação. A troca entre eles é muito saudável para um ambiente
corporativo mais produtivo”, afirma Vizeu.
Cenário do mercado
universitário
Com o mercado para pessoas mais velhas aquecido, o
setor universitário para essa faixa etária também apresenta dados positivos.
Essa participação dobrou nos últimos 20 anos: o Brasil tem, hoje, 1.2 milhão de
universitários acima dos 40 anos, o que corresponde a 13,4% do total nas
instituições brasileiras de ensino superior; em 2002, essa proporção era de
6,4%. Por outro lado, em 2000, apenas 27,1% da população tinha 40 anos ou mais.
Atualmente, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), são 41,5%. Acredita-se que em 2060, essa participação chegue a 57%.
Universidade Positivo
up.edu.br/
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