Brasileiros estão
entre os que mais usam tecnologia financeira no mundo; avanços no setor, como
PIX e Open Banking, fomentaram ainda mais o uso de apps entre usuários
Não é de hoje que aplicativos financeiros figuram
entre os favoritos dos brasileiros. Em especial, após o surgimento da pandemia
e, consequentemente, da crise financeira, cada vez mais pessoas viram a
necessidade de estabelecer maior controle quanto às finanças pessoais. Em 2020,
por exemplo, o acesso a aplicativos financeiros aumentou 35% no país, e o
Brasil passou a figurar em terceiro lugar no ranking de acessos, ficando atrás
apenas da China e da Índia, de acordo com o levantamento da Liftoff, empresa de
marketing de aplicativos, em parceria com o App Annie.
Segundo Daniel Ruhman, fundador e CEO da Cumbuca, primeira fintech brasileira a
oferecer conta compartilhada gratuita via aplicativo, uma espécie de conta
conjunta reinventada, este ano foi positivo para o setor de aplicativos
financeiros não só pela alta demanda dos usuários, como também devido aos
avanços tecnológicos em torno da modalidade, em especial, às relacionadas ao
Open Banking e PIX.
“O ano de 2022 está entre os mais importantes
quando pensamos na evolução do mercado de apps financeiros. Ao longo dos
últimos 12 meses, pudemos observar várias novidades tecnológicas tomando forma,
como a primeira fase do Open Finance, visto que hoje basicamente em qualquer
grande banco ou fintech tem a opção para compartilhamento de dados de outras
instituições financeiras, e claro, os avanços do PIX, junto ao Banco Central,
que escalou de forma significativa e se consolidou como o meio de pagamento
preferido entre os brasileiros”, diz.
Daniel destaca ainda que, ao analisar aspectos
tecnológicos, 2022 foi um ano fundamental para as soluções financeiras, em
comparação com os anos anteriores, os quais esse cenário de evolução já vinha
se desenhando. Segundo o especialista, nos últimos meses, a nova leva de
fintechs e bancos digitais tiveram que lidar com uma realidade até então pouco
conhecida: a virada de economia juntamente com a elevação da taxa de juros. “É
um cenário desafiador, mas interessante, pois faz com que o ecossistema e as
empresas se reinventem e nesta equação o consumidor sai ganhando”.
Nos últimos anos, muitas fintechs cresceram
significativamente ao oferecer uma boa experiência para o consumidor com
serviços de pagamentos, além da rentabilidade de conta. Entretanto, com a maior
competitividade, isso deixou de ser um diferencial. Daniel destaca que cada vez
mais é necessário agregar valor e se tornar uma plataforma de serviços
completa, indo além de apenas serviços bancários, ampliando o portfólio de
produtos.
Perfil das fintechs e
principais desafios do mercado em 2023
Quanto ao perfil das fintechs, Daniel pontua que
muitas delas nasceram em um cenário de taxa Selic baixa, e que agora com a taxa
de juros alta, muitos desafios surgiram para as operações funcionarem. Os
modelos financeiros das empresas, segundo ele, mudaram e ficou muito caro
subsidiar altas rentabilidades de rendimento de conta (como 200% CDI), com destaque
também para o aumento na inadimplência após o “boom de crédito”, o que fez com
que captar e emprestar dinheiro ficasse mais caro.
“Neste cenário, sem dúvidas vai ficar mais difícil
ser rentável e a conta vai deixar de fechar para muitos. Não só considerando a
alta taxa de juros, mas também com a competitividade que foi gerada ao
reduzirmos a barreira de entrada no mercado, com os avanços do Banco Central e
das tecnologias de BaaS (Banking as a Service)”, aponta.
Para 2023, Daniel destaca que a principal lição a
ser aprendida é que, para oferecer serviços financeiros no Brasil, o cenário
padrão a ser esperado é o tipo de ambiente econômico observado agora, e não o
de 2020 ou 2021. “No próximo ano, acredito que começaremos a ver uma
consolidação do mercado, pois muitos players não têm um grande diferencial de
produto. Assim, os grandes vencedores serão os que conseguirem entregar uma boa
experiência e percepção de valor para seus consumidores, mas mantendo a
rentabilidade e a saúde financeira”.
Ainda para o próximo ano, o especialista acredita,
de forma macro, na consolidação do mercado, com menos aplicativos e soluções
financeiras fazendo coisas parecidas e sem um diferencial claro. Quanto à
tecnologia, espera que 2023 seja o ano do Open Banking. “Nos últimos meses, se
tornou obrigatório para os grandes bancos a implementação da possibilidade de
compartilhar dados, mas a verdade é que todos ainda estão aprendendo sobre o
que fazer e como utilizar esses dados. A tendência é que não tenhamos mais
silos de informação: o consumidor poderá levar seus dados para onde quiser. Ou
seja, sai ganhando quem oferece a melhor experiência para o consumidor. Quem
fizer o melhor uso desses dados, terá uma grande vantagem competitiva”,
destaca.
Considerando a agenda do PIX, espera também por
grandes avanços no próximo ano, já que, mesmo tendo crescido de forma
significativa, a modalidade de pagamentos instantâneos foi adotada para
substituir o básico: transferências (TED e DOC), cartão de débito e as cédulas.
“Acredito que teremos uma aproximação com o Crédito, com o avanço do Pix
Parcelado e o Pix Garantido, além de uma adoção maior de serviços já lançados
como Pix Saque e Pix Troco”.
Para além das tendências relacionadas ao PIX e Open
Banking, que devem ser os grandes protagonistas no próximo ano, Daniel diz que
vale ressaltar também os avanços da centralização das finanças, com novidades
interessantes nos PFMs (Personal Finance Managers), como forma de não apenas
ajudar a ter uma maior visibilidade da vida financeira por completo, como
também possibilitar, de forma mais eficiente, a economia e o investimento do
dinheiro.
www.cumbuca.com
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