Profissional especializada em odontopediatria explica os cuidados, a frequência das consultas, a possibilidade de alterações irreversíveis e ainda dá dicas de como incentivar o tratamento dentário
Uma pesquisa realizada pelo Barómetro de Saúde Oral
para a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) em 2021, afirmou que 73,4% das
crianças menores de 6 anos nunca frequentaram o dentista. Este dado pode
parecer apropriado para alguns pais, que acreditam que a primeira consulta deve
ser realizada um pouco acima desta faixa etária. Entretanto, o acompanhamento
odontológico deve começar muito antes do que imaginamos.
Luisa de Mello Mattos é especialista em
odontopediatria e uma das profissionais inseridas na plataforma Baby Concierge,
focada em oferecer dicas, serviços e conteúdos do universo materno-infantil. A
doutora afirma que a primeira consulta de uma criança, na realidade, deve
acontecer ainda nos primeiros meses de vida: “Aconselhamos a primeira consulta
odontológica desde o nascimento do primeiro dentinho, que ocorre
aproximadamente aos seis meses de idade. Esta visita é muito importante, pois
fornece aos pais orientações sobre flúor, pasta e escovação”.
Após a primeira consulta, ainda é comum que os pais
optem por estabelecer uma frequência com um intervalo de tempo extenso, o que
também não é recomendado pela profissional. “A frequência de retorno ideal até
os 3 anos de idade é de 4 em 4 meses”. A doutora ainda reforça a atenção dos
pais sobre alterações irreversíveis na estrutura dentária, decorrentes da falta
de escovação e acompanhamento médico: “Existem várias condições dentárias que
podem se tornar permanentes, como alterações dos ossos da face, o desgaste das
articulações, surgimento de manchas, o nascimento torto do dente ou sua
impactação permanente, provocada pela perda precoce do dente de leite graças a
formação de cáries”.
Mais que falar exatamente o que fazer, é preciso
relembrar os maus hábitos e, por incrível que pareça, a maioria destes acontece
em decorrência de práticas do cotidiano. “Pode parecer difícil, mas o uso de
chupeta deve ser evitado. Isso porque, o uso excessivo pode prejudicar a fala,
a respiração e a mastigação. A ingestão de doces também ajuda no
desenvolvimento de cáries e prejudica o esmalte, assim como roer as unhas. Até
o uso indiscriminado de aparelhos eletrônicos é extremamente danoso. Pois, pode
levar ao bruxismo, resultante do estresse, da ansiedade e do acúmulo de energia
mesmo nas horas de sono”. Vale lembrar que, segundo um estudo da Universidade
Ceuma, uma a cada cinco crianças apresenta bruxismo noturno.
Porém, ainda que os cuidados fiquem explícitos,
existe uma dificuldade entre os pais: incentivar as boas práticas. Luisa conta
que a melhor maneira de fazer isto é “dando o exemplo”. “As crianças copiam
muito do que veem. Então, escovar os dentes com a presença delas ou mostrar
personagens de animações que frequentam o dentista, é uma ótima maneira de
incentivar os hábitos convenientes de maneira lúdica e divertida”.
Afinal de contas, qual é a verdadeira importância
de ter atenção à saúde dos dentes e realizar o acompanhamento odontológico
infantil? A especialista conclui: “Prestar atenção nos dentes pode prevenir
muita coisa. A partir dos 4 anos, por exemplo, os pais já podem identificar a
necessidade do uso de aparelho, verificando a estrutura da mandíbula e do
próprio sorriso. Nesta mesma idade, já podemos iniciar o tratamento. Sendo
assim, o acompanhamento odontológico é importante para prevenção e
identificação de lesões e alterações. Tudo isso influencia no crescimento dos
ossos da face, no funcionamento das vias respiratórias e no desenvolvimento da
dentição permanente”, finaliza.
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