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sábado, 18 de junho de 2022

Pets podem doar sangue e salvar outros animais em situação crítica

O procedimento é seguro, indolor, minimamente invasivo e dura entre 15 e 20 minutos


Tal e qual acontece no cenário humano, muitos são os pedidos de doação nos bancos de sangue destinados aos animais. Pouco divulgada, a iniciativa ainda causa medo em tutores que poderiam intermediar a boa ação e aumentar os estoques nos laboratórios. É o que explica Everson Paludo, responsável técnico pela Virtus, empresa que se dedica à hemoterapia em Caxias do Sul, na serra gaúcha.

“Ninguém está livre de sofrer um acidente ou descobrir uma doença grave, nem mesmo os nossos pets. Da mesma forma que hospitais e laboratórios solicitam doadores para salvar vidas, os veterinários também fazem parte dessa luta. E, infelizmente, muitos animais morrem por falta de bolsas de sangue”, diz.

O processo de doação para os pets dura cerca de 15 minutos e não possui contraindicação. “Nunca tivemos contratempos nos processos de doação. É um procedimento seguro, indolor, minimamente invasivo e rápido. Além disso, o animalzinho sai do banco de sangue com o check up completo e sem custos”, acrescenta ele.  

Porém, há alguns requisitos para doar, como explica a veterinária responsável pela Monello Select, da Nutrire, Cecílie Papais. “Os gatos devem ter mais de 4 kg e idade entre um e oito anos. É fundamental que não tenham acesso à rua, sejam livres das patologias FIV e FeLV e, claro, estejam com a vacinação e a vermifugação em dia. Os cães acima de 25kg e com idade entre um e oito também podem doar. Fêmeas gestando ou no CIO ficam de fora da lista de possíveis doadores”, indica. 

A maioria das bolsas felinas - cerca de 80% - se destina aos pacientes FeLV+. No caso dos cachorros, hemoparasitoses, como a doença do carrapato, e hemorragias por traumas, neoplasias e acidentes são as doenças que mais necessitam de sangue.

Para tutores que têm dúvidas quanto ao procedimento, a especialista dá detalhes de como ocorre a doação. “O primeiro passo é realizar exames de laboratório e a checagem de algumas doenças que poderiam impedir a ação. No caso de laboratórios especializados, isso é feito no próprio local da coleta e, geralmente, não possui custo. O sangue é coletado diretamente na bolsa apropriada, sob constante agitação para homogeneizar e evitar a formação de coágulos”, diz a veterinária da Nutrire.

Outra grande dúvida dos tutores é sobre a tipagem dos pets, mas a veterinária da Nutrire esclarece que o processo de transfusão precisa ser entre animais da mesma espécie, independente da raça. “Enquanto nós, humanos, temos sangue dos tipos A, B, AB e O, os gatos contam com três tipos sanguíneos e os cães possuem 13. É essencial que o veterinário responsável pelo procedimento avalie criteriosamente esses precedentes antes de realizar a transfusão sanguínea", esclarece.

Paludo já sentiu na pele a dor de perder um pet por conta do estoque de sangue zerado nos laboratórios. “Antes mesmo de me dedicar à Virtus, viajava mais de 120 km para levar os meus cães e gatos para doação. Quando minha cachorrinha morreu pela falta de doador, a vontade de fazer a diferença só aumentou”, conta.

Paludo revela que os bancos de armazenamento para animais costumam ficar vazios em alguns períodos. “Geralmente, o verão é o período mais crítico, mas a pandemia mudou um pouco a realidade, dificultando a doação também no inverno”, conta. Atualmente, a Virtus precisa de doadores, pois está com o estoque vazio. “Temos apenas uma bolsa felina hoje. Se um cachorrinho precisar de sangue agora não conseguiremos disponibilizar”, complementa.

Para os tutores que desejam tornar seus pets doadores de sangue, Cecílie recomenda que procurem um veterinário de confiança para essa indicação. “Não é difícil encontrar um animal que esteja precisando de doação, menos ainda uma clínica ou laboratório que faça com segurança esse procedimento”, diz. 

A médica acrescenta ainda que a atitude é uma forma também de ajudar animais abandonados e resgatados da rua com necessidade de transfusão de sangue. “Além disso, a gente nunca sabe quando nosso pet vai precisar de uma intervenção mais séria, por isso, fazer a nossa parte é uma obrigação necessária para o bem de todos eles”, conclui. 

Paludo completa que quanto mais pets forem doadores, mais comum será ter disponibilidade de estoque permanente, como é o caso da Virtus. “Esse é o mês em que se comemora o Dia Mundial do Doador de Sangue e nós que trabalhamos com isso, claro, sabemos o quão é importante atender a demanda e permitir que esses animais necessitados de sangue sejam atendidos a tempo hábil de salvar suas vidas. Doar sangue é doar vida”, finaliza.


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