Há mais de quinhentos anos, a língua
portuguesa foi trazida ao Brasil. Nos séculos XVI a XVIII foi rotulada como o
português no Brasil, pois era inteiramente lusitana e não tinha
superado as línguas indígenas. A partir do século XIX, a língua portuguesa
tornou-se majoritária, distanciando-se do português europeu, sendo então
denominada português do Brasil. A partir dos anos 80 do
século XX, suprime-se a preposição “do” e começamos a falar em
português brasileiro.
Neste começo de milênio, o português é
a quinta língua do mundo em extensão territorial e a oitava em número de
falantes, com mais de 200 milhões de praticantes.
Estudos sobre o crescimento demográfico
preveem que, por volta de 2025, o português subirá para a sétima posição, com
285 milhões. Para valorizar as culturas desses países, celebra-se em 10 de
junho, Dia da Língua Portuguesa, data que marca a morte de Luiz de Camões, em
1580, considerado o maior escritor da história de Portugal.
Olavo Bilac faz uma abordagem perfeita sobre o histórico da Língua Portuguesa:
Última
flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te
assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o tom e o silvo da procela
E o arroio da saudade e da ternura!
Amo
o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em
que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
A sua, a minha, a nossa Língua Portuguesa na prática
As línguas são heterogêneas, pois por
meio delas temos de dar conta das muitas situações sociais em que nos
envolvemos em nosso dia a dia. Elas também são voltadas para a mudança, pois os
grupos humanos são dinâmicos e as línguas que cada um fala, precisa adaptar-se
às novas situações históricas. A língua não pode ser vista como apenas certo e
errado ou como um conjunto de palavras que pertencem a determinada classe e que
se juntam para formar frases, à volta de um sujeito ou predicado. A língua é
muito mais que isso! É parte de nós mesmos, de nossa identidade cultural,
histórica, social.
Devemos desmistificar o fato de
considerar a Língua Portuguesa difícil e complexa de aprender. Quando ouço isso
de alguém, eu logo respondo: “Difícil, é? Curioso, estamos conversando já um
tempo, você soube usar as classes de palavras e estamos nos entendendo, nos
comunicando com perfeição e em português!” O grande erro é pensar na gramática
fora da língua, ninguém aprende uma língua para depois aprender a sua
gramática. Qualquer pessoa que fala uma língua, fala essa língua porque sabe a
sua gramática, mesmo que não tenha consciência disso.
Estudar mais que a gramática nos faz
explorar o conhecimento de outras áreas, de outros domínios e assumir a certeza
de que, ao lado do conhecimento da gramática, outros são necessários,
imprescindíveis e pertinentes. É necessário ir além da gramática e empenhar
também no estudo do léxico e do vocabulário da língua. Esse estudo pode
contemplar as relações internas, de uma palavra com outras e inter-relações
externas, das palavras com as coisas, os eventos, os fatos, os valores
culturais que povoam os mundos em que vivemos.
Claudia Cintra -
professora de Educação Básica do 5º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie
Tamboré -- Internacional.
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