Pesquisar no Blog

sábado, 11 de junho de 2022

Amor não tem idade: relacionamentos amorosos e sexo ajudam idosos a aumentar a qualidade de vida e enfrentar desafios emocionais

Convívio com parceiros e parceiras estimulam avidez em idosos, contribuindo para a redução de riscos de saúde e o aumento da felicidade


O amor não tem idade. Essa é uma das frases que atravessam gerações vestidas como um cliché confortável para diversas ocasiões. Mas para quem está na terceira idade ela assume um sentido ainda mais importante, visto que os relacionamentos amorosos são importantes para a manutenção do bem-estar emocional de quem está na fase mais avançada da vida. Idosos que estão em um relacionamento sentem-se mais dispostos para as atividades do dia a dia, bem como têm mais facilidade em manter uma vida social.

E essa é uma informação importante para o Brasil. O País tem mais de 30 milhões de indivíduos com mais de 60 anos de idade, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2017. A previsão é que, em 2030, o país tenha a quinta maior população de idosos no mundo. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os sexagenários estão incluídos neste grupo.

De acordo com Marcia Sena, especialista em envelhecimento ativo e qualidade de vida na terceira idade da Senior Concierge, o contato constante com uma companhia amorosa ajuda o idoso a manter-se sempre ativo e diminui o risco de quererem se isolar, contribuindo até na minimização de chances de doenças como depressão e transtornos de ansiedade. O organismo como um todo funciona melhor, havendo benefícios também de melhora do humor. Segundo Marcia, o amor eleva a autoestima e a sensação de bem-estar dos idosos.

“Mas não só o amor romântico, a atividade sexual, que ainda é tabu, e um nível de interesse e intimidade com o parceiro após os 60 traz benefícios endógenos, com a liberação de hormônios —como a ocitocina— que diminuem o estresse e melhoram o humor”, explica a especialista.

A literatura científica aponta que a autoestima está correlacionada com os resultados de vida, dentre eles as relações humanas, o trabalho, a saúde e, consequentemente, o envelhecimento saudável. Algumas pesquisas apontam que ter uma vida social aos 60 anos, pode diminuir em até 20 % o risco de demências. De acordo com Marcia Sena, o envolvimento em atividades no meio social pode oferecer benefícios relacionados aos aspectos físicos, cognitivos, funcionais e na própria longevidade.

Além disso, contribui para a ampliação das trocas de experiências e para o sentimento de sentir-se útil e pertencente à sociedade. A inclusão dos idosos em atividades sociais deve ser estimulada pelos familiares, profissionais de saúde e pessoas do seu convívio.

“Além do aspecto psicológico, a solidão causa danos físicos também. Ela pode aumentar o nível dos hormônios que causam estresse e inflamações, como o cortisol e a adrenalina. O resultado pode ser o aparecimento ou agravamento de doenças cardíacas, demência, diabetes tipo 2, depressão e outras”, acrescentou.

Ainda existe tabu com relação aos namoros na terceira idade. Esse assunto ainda é permeado por uma visão que vem lá do passado, com estranheza em relação ao romance e a paixão entre pessoas mais velhas (sexualidade então, nem se fala).

“Já se fala muito sobre envelhecer com qualidade de vida e o amor, romance e sexo também contribuem para um envelhecimento pleno e ativo. Há mais debate sobre etarismo hoje em dia, mas ainda muito focado na discriminação de uma maneira geral e da inserção dos 60+ nas empresas”, concluiu.

 

Luto

 

Encontrar um novo amor também pode ser uma forma de enfrentar um dos maiores desafios para os idosos, o luto. No idoso, o luto pode representar um processo de grande impacto, porque traz consigo perdas pessoais e sociais, uma vez que a velhice pode ser percebida como uma fase de invalidez ou de menos valia.

A perda do cônjuge representa um dos acontecimentos mais importantes da vida, pois aquele com quem construiu-se toda uma vida não existe mais. A perda da vida de casal afeta as rotinas daquele que fica, representando a falta ou amputação de uma parte importante do enlutado.

É importante, portanto, auxiliar o idoso a atravessar as fases do luto. No momento em que a pessoa recebe a notícia da perda, ela passa por uma fase de choque e negação da realidade, fica extremamente aflita, características principais da primeira fase.  Raiva e tristeza são sentimentos comuns encontrados, pois a pessoa se sente incapacitada de fazer algo pois “foi abandonada” pela pessoa que partiu.

A terceira fase é marcada pelo desejo de recuperar a pessoa que faleceu, de trazê-la de volta. Em seguida, culpa e ansiedade são os sentimentos mais comuns após o enlutado compreender a morte e, devido a isso, entra na quarta fase, do desespero e desorganização.

“Depois que tiver passado pelas primeiras fases do luto, por momentos de raiva, choque, tristeza, entorpecimento, é esperado que consiga se restabelecer. Embora ainda sinta saudade da pessoa que faleceu e ainda se adaptando à nova realidade causada pela perda. Poderá retomar suas atividades, completando a última fase do luto, a aceitação”, comentou Márcia.

Uma boa forma de manter a saúde mental e a lidar com o luto é também incentivar o idoso a fazer terapia para lidar com a finitude e a cultivar novas amizades, que não irão substituir as antigas, mas que pode trazer novos recomeços.

  

Márcia Sena - fundadora e CEO da Senior Concierge e especialista em qualidade de vida na terceira idade. Tem MBA em Administração na Marquette University (EUA) e experiência em várias áreas da indústria farmacêutica.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados