Pestalozzi, um importante educador suíço do século
XVII, já dizia que a profissão exerce uma influência peculiar na personalidade
do indivíduo, pois imprime marcas, tanto por aquilo que exige, quanto por
aquilo que deixa de exigir. Isso quer dizer que quando escolhemos uma
profissão, estamos escolhendo por representar um papel, que exigirá uma série
de comportamentos, habilidades, postura, atitudes, capacidades, formas de se
comunicar, dentre outros requisitos. Imagine então ter que atuar em uma
carreira cujas exigências sejam distantes da própria personalidade, do que
valoriza e do que busca no mundo.
Agora, se imagine em outra situação, pense em uma
carreira que esteja em concordância com as capacidades e com as perspectivas de
desenvolvimento pessoal e profissional. Com certeza, imaginar o segundo cenário
tenha despertado emoções, pensamentos e sentimentos mais positivos, certo?
Por isso, o primeiro passo para a gestão de
carreira é o autoconhecimento. Para isso, sugiro que responda as seguintes
perguntas propostas por Savickas, um dos autores contemporâneos mais
importantes da área de carreiras:
1 - Por quê? -- Quais são as suas necessidades? O
que você quer satisfazer para se sentir mais completo e realizado na vida? Ao
responder a esta pergunta, você entenderá melhor o que impulsiona e gera
energia para o seu movimento.
2 - O quê? -- Quais são os valores que você elegeu na vida como forma de satisfazer as suas necessidades? Quais são as recompensas e objetos que você busca? Ao responder a esta pergunta, você entenderá melhor o que está dando direção ao seu movimento.
3 - Como? -- São os seus interesses, tudo aquilo
que você percebe como oportunidades e pontes para satisfazer suas necessidades,
vivenciando os valores que considera importante na sua vida. Respondendo a esta
pergunta, você terá mais clareza dos seus interesses e de tudo aquilo que está
moldando o seu movimento.
Outra ferramenta que sugiro aplicar para o autoconhecimento
é o entendimento do tipológico predominante no modelo das Personalidades
Vocacionais de Holland, conhecido como RIASEC.
Ao propor este modelo, Holland ajudou a entender
melhor as características da nossa personalidade vocacional, o que valorizamos
e as recompensas que desejamos obter nas atividades de trabalho que
desempenhamos em nossa carreira. Além disso, o modelo nos ajuda a compreender o
tipo de ambiente mais favorável para a expressão e reconhecimento de nossas
caraterísticas centrais.
Agora que você conhece mais sobre si e as suas
necessidades, valores e interesses, é importante que reflita sobre o contexto
de mundo que estamos vivenciando para que o projeto de carreira não seja
utópico e desconectado da realidade. Para isso, proponho uma reflexão sobre o
contexto de mundo VUCA, um acrônimo muito usado no mercado para representar a
volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade presentes na
contemporaneidade.
Como foi possível perceber, o mundo e as demandas
mudam, mas as necessidades humanas de se realizar na carreira permanecem. Temos
que olhar a nossa carreira para além de um mero encaixe na sociedade e no
mercado. Temos que construí-la como um projeto de vida.
Você está pronto para colocar a sua intenção no
mundo através de um projeto significativo? A construção da vida e da carreira
está associada e não podem ser encaradas como instâncias diferentes. Afinal, o
trabalho é a forma de colocarmos a nossa intenção no mundo e isso só é possível
pela construção de um projeto que dê sentido a carreira.
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