Quando a pessoa descobre que está com câncer, o impacto é grande. Diversos questionamentos e incertezas vêm à tona. Várias histórias passam pela cabeça; medo de que o tratamento seja longo e ineficiente está sempre à espreita. A instabilidade emocional nesse momento é comum para a maioria dos pacientes que recebe o diagnóstico da doença. Há 5 anos, a descoberta de um câncer de próstata para o auxiliar de serviços gerais, Adenildo Rodrigues, foi um grande choque: “na época pensei que fosse morrer, que deixaria minha família, meus amigos, foi um momento bem difícil,” conta.
Para o oncologista do Instituto do
Câncer de Brasília (ICB), Caio Neves, desde o início do diagnóstico é essencial
um acompanhamento multidisciplinar. “Receber o diagnóstico de câncer pode
abalar o emocional de qualquer pessoa, além de interferir na organização
familiar e social, deixando sequelas em todos envolvidos no processo. Portanto,
é de extrema importância o cuidado não só com a doença física, mas também com a
saúde mental dos pacientes oncológicos”, explica.
Um levantamento feito pelo Instituto
Oncoguia revela um dado preocupante: a maioria das pessoas em tratamento contra
o câncer no Brasil não sabe o que fazer em relação à oscilação de humor. E o percentual de pacientes que declararam que o emocional
ficou abalado depois do resultado é de 58%. Ainda segundo o estudo, os
sentimentos mais presentes na vida destas pessoas foram o medo e a ansiedade.
“O paciente tem que contar com toda uma rede de apoio por trás, a psicologia é
a peça chave para esse trabalho, provendo a saúde mental. O câncer em si, pode
deixar muitos traumas associados: desde o processo do diagnóstico, ao
tratamento quimioterápico e os efeitos colaterais inerentes aos procedimentos.
O acompanhamento psicológico atua em conjunto acolhendo, tentando deixar esse
processo menos doloroso,” ressalta.
O importante nessas horas, segundo o
oncologista, é colocar o pé no chão e entender o que está acontecendo, quais
serão os próximos passos e as razões dos procedimentos que estão sendo
praticados. Foi desta forma que Adenildo conseguiu superar o impacto inicial e
ter êxito no tratamento. “Depois de assimilar o que estava acontecendo, deixei
nas mãos de Deus, recebi apoio da minha família e amigos, além dos médicos e
psicólogos. O fato dos profissionais de saúde sempre serem transparentes comigo
e me explicarem os processos, me deu mais tranquilidade no tratamento”,
afirmou.
Janeiro Branco
O mês de janeiro faz alusão ao
tratamento sobre a saúde mental. O movimento também tem um apelo especial para
pacientes oncológicos. Embora os cuidados com a saúde mental sejam fundamentais
para todas as pessoas, “o suporte psicológico para quem lida com o câncer pode
fazer grande diferença na adesão do paciente ao tratamento, nos efeitos
colaterais e até no resultado do processo de restauração da saúde'', conclui o
oncologista.
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