Campanha de combate à hanseníase quer estimular o debate sobre
essa doença negligenciada
No Brasil, a cada ano, mais de 30 mil pessoas são
diagnosticadas com hanseníase. Esse índice deixa o País no segundo lugar do
ranking mundial dessa doença, superado somente pela Índia. Contudo,
especialistas acreditam que o número de pessoas acometidas pode ser ainda
maior. Para reverter esse quadro, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
realiza em janeiro uma campanha sobre o tema.
CONHEÇA O SITE DA CAMPANHA JANEIRO
ROXO.
O mote -- “Precisamos falar sobre hanseníase” -- é
um estímulo ao debate desse problema de saúde pública. A intenção é alertar e
conscientizar a população, além de combater o estigma e o preconceito sobre
essa doença negligenciada.
Conscientização -- Durante
o Janeiro Roxo (cor que simboliza a luta contra a hanseníase), os
dermatologistas brasileiros divulgarão informações de utilidade pública,
preparadas pelos especialistas para conscientizar a população sobre a doença.
Além de peças distribuídas nas redes sociais, serão divulgados vídeos e podcasts
sobre o assunto e realizadas lives nas quais a população e profissionais
de saúde poderão assistir e encaminhar suas dúvidas. Médicos também poderão
participar de cursos de capacitação assistindo aulas sobre a clínica, exame
neurológico simplificado, reações e tratamento da doença.
“A hanseníase é infecção curável, de prognóstico
muito bom, na maior parte dos casos. Isto acontece pois está diretamente ligada
ao tempo de evolução da doença, ou seja, quanto mais tarde for o diagnóstico,
maior a possibilidade de dano neural, às vezes, irreversível. Portanto, é muito
importante que a população seja informada sobre os principais sinais e sintomas
da doença e procure assistência médica o mais precocemente possível. Neste
sentido, a campanha do Janeiro Roxo tem papel importante”, observa o
vice-presidente da SBD, Heitor Gonçalves.
Segundo Heitor, a SBD tem papel essencial nesse
processo, especialmente na capacitação das equipes que atuam nos postos de
saúde. “Atualmente, a maioria dos casos são diagnosticados na Atenção Primária.
E durante este processo, a colaboração dos dermatologistas da SBD, que possuem
acurácia mais desenvolvida no diagnóstico das lesões cutâneas, tem sido
fundamental no treinamento destes profissionais, principalmente, para o
diagnóstico precoce. Contudo, a alta rotatividade das equipes treinadas gera a
necessidade contínua de novas capacitações”, acrescentou o presidente da SBD,
Mauro Enokihara.
Ações 2022 -- Além da
campanha digital e dos vídeos e podcasts, a SBD lançará ao longo do mês
um Guia Ilustrado sobre a hanseníase, que terá como público alvo a população
leiga e trará orientações gerais sobre sinais, sintomas, diagnóstico e
tratamento. Outra iniciativa é a distribuição de uma Nota Técnica destinada aos
médicos e equipes de saúde, com orientações gerais sobre o esquema terapêutico
recentemente atualizado.
Os agentes públicos concordaram em iluminar vários
prédios e monumentos de roxo, como forma de adesão à iniciativa que terá como
ponto alto o dia 30 de janeiro (último domingo do mês), quando se comemora o
Dia Mundial contra a Hanseníase e o Dia Nacional de Combate e Prevenção da
Hanseníase, data instituída pela Lei nº 12.135/2.009.
Heitor de Sá Gonçalves ressalta a importância
dessas datas, na simbologia da luta contra a hanseníase. Ele lembra que desde
2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro como o período
dedicado à conscientização sobre essa doença, tendo escolhido a cor roxa para
marcar a realização das diferentes atividades. “Desde o início, a SBD tem se engajado
fortemente nessa campanha, fazendo chegar mensagens educativas à população e
aos profissionais da saúde de todas as regiões do País”, arrematou.
A coordenadora do Departamento de Hanseníase da
SBD, Sandra Durães, salienta que a informação é a chave para superar o desafio
que a doença representa à saúde da população brasileira. “É importante que
todos os profissionais de saúde saibam reconhecer os sinais e sintomas, como é
feito o diagnóstico e apoiar o tratamento precoce. Com isso, podemos desarticular
o preconceito que é injustificado e prejudica bastante”, frisa.
Sinais e sintomas -- Doença
infecciosa crônica, a hanseníase causa lesões de pele e danos aos nervos. Os
principais sinais são manchas na pele, mais claras, vermelhas ou escuras; diminuição
da sensibilidade no local das lesões, onde também pode haver a redução de pelos
e diminuição/ausência de transpiração. As alterações dos nervos periféricos se
manifestam também nas áreas onde não há lesões de pele com sensação de
dormência e formigamento e/ou perda de força muscular nos olhos, nas mãos e nos
pés. Nas fases agudas, podem aparecer caroços e/ou inchaços nas orelhas, nas
mãos, nos cotovelos e nos pés.
O contágio pela hanseníase depende de contato
direto e constante com um portador do bacilo, sem tratamento. A transmissão
ocorre por meio de gotículas de saliva ou secreções do nariz, porém, tocar na
pele não transmite a doença. Além disso, o risco aumenta em populações de maior
vulnerabilidade social.
O contágio pela hanseníase depende de
contato direto e constante com um portador sem tratamento. A transmissão ocorre
por meio do contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz, porém tocar
na pele não transmite a doença. De modo geral, as populações com maior
vulnerabilidade social são as mais suscetíveis a desenvolverem a doença.
Sandra Durães diz que o melhor caminho para conter
o avanço da doença está no diagnóstico e tratamento precoces dos doentes. Ela
ressalta que os pacientes com diagnóstico confirmado de hanseníase devem
orientar pessoas próximas, como familiares, amigos e colegas de trabalho, para
que sejam examinadas por um médico. “Esse cuidado é importante para identificar
de forma precoce outros casos dentro de um mesmo grupo”, orienta.
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