Clima é propício para multiplicação do inseto que transmite
doenças virais infecciosas como dengue, zika e chikungunya; pacientes
oncológicos podem apresentar complicações, por conta do tratamento
Dengue, zika e chikungunya. Doenças infecciosas com sintomas
diferentes, mas que têm algo em comum: são transmitidas pelo mosquito Aedes
aegypti. De acordo com a infectologista do Hospital Amaral Carvalho (HAC)
Priscila Paulin, com a chegada do verão, aumenta a circulação e proliferação do
inseto, e por isso, é importante reforçar alguns cuidados.
A maioria das pessoas já ouviu falar sobre a medida
mais eficiente, que é ficar atento a qualquer lugar que possa acumular água.
“Terrenos baldios, materiais descartados incorretamente, como garrafas
plásticas, latinhas e pneus são alguns dos cenários propícios para a procriação
do mosquito, por isso merecem atenção”, comenta.
Mas se todo mundo sabe, por que ainda existem focos do mosquito?
A médica acredita que falta consciência de coletivo.
“Ser cidadão é entender que pertencemos a um todo, ou seja, temos que pensar
bem em nossas atitudes, pois podem ter consequências até mesmo para as gerações
futuras”, diz.
As doenças relacionadas ao Aedes aegypti, segundo a
profissional, são conhecidas também como doenças negligenciadas. “Esse termo é
utilizado, pois, de forma geral, existe um desinteresse em investimentos e
estudos para combatê-las”. Ela ressalta que o Brasil é um país tropical, em sua
maioria com clima quente e úmido, propenso à multiplicação de insetos vetores
(que transmitem diversas infecções virais). “Também somos classificados como um
país em desenvolvimento, ainda com muita desigualdade social, vários municípios
sem saneamento básico, como tratamento de esgoto, coleta adequada de lixo ou
limpeza de espaços públicos como praças”, lamenta.
Fiquei doente. O que devo fazer?
É importante lembrar que as doenças infecciosas podem
causar sintomas e complicações bem distintas, mas é sempre recomendado à pessoa
com qualquer infecção permanecer em repouso, ingerir líquido mais
frequentemente (quando não há contraindicação), ter uma alimentação saudável e,
especialmente, nunca se automedicar. “A principal complicação da dengue, por
exemplo, é a hemorragia. Logo, o paciente não deve tomar medicamentos que
possam aumentar as chances de sangramentos, como os AAS, componente de alguns
multigripais comuns vendidos nas farmácias sem necessidade de receita”,
orienta.
Pacientes com câncer
Ter uma doença infecciosa não é fácil. Para pacientes
com câncer, pode ser um pouco pior. Pessoas em tratamento oncológico tendem a
ter o sistema imunológico comprometido, tanto pela própria doença, como pelos
procedimentos que realizam, como quimioterapia. “Podem ter o nível de plaquetas
mais baixo e, assim, um risco maior de complicações, caso contraiam dengue, por
exemplo. Essas pessoas também podem ser mais frágeis diante de manifestações
clínicas das infecções virais, como náuseas, vômitos e diarreia, ficando mais
suscetíveis à desidratação grave, queda de pressão arterial e até precisar de
internação”, pontua.
No HAC, os pacientes são orientados a procurar
atendimento médico a qualquer sinal de que não estão bem clinicamente. Assim,
diante da suspeita de dengue, zika ou qualquer outra doença, é extremamente
importante avisar ao médico para receber orientações sobre como proceder.
O que fazer para se proteger?
A infectologista recomenda tanto para quem está em
tratamento de câncer, quanto para a população em geral o uso de repelentes (icaridina ou dietiltoluamida - DEET não
apresentam contraindicações para pacientes oncológicos). Também podem ser
usados os naturais, como citronela, porém, como têm efeito menos duradouro,
devem ser reaplicados com maior frequência. “Além disso, usar, se possível,
roupas que cobrem toda a perna, utilizar telas nas janelas de casa e
mosqueteiros para as crianças. E sempre, cuidar da sua casa, do quintal e de
áreas abertas ou terrenos vizinhos”, lembra.
Faça a sua parte
O senhor Divino Antonio da Silva (66), nunca teve
dengue ou outras doenças desse tipo e, claro, não quer nem saber de se
infectar. Ele está em tratamento no HAC há três anos e por conta do câncer teve
que deixar seu trabalho como pedreiro. “Para não ficar parado, comecei a mexer
com reciclagem, mas faço tudo certinho, muito organizado, tudo bem fechadinho e
coberto para não ter perigo nenhum”, conta.
Um filho dele já teve dengue e, desde então, os
cuidados na sua casa redobraram. “Tudo bem sequinho, esse é o segredo. Também
temos várias plantas que ficamos de olho para não acumular água, e trocamos os
potinhos de água dos cachorros a cada hora e meia, duas horas, no máximo”.
Para Divino, o combate ao mosquito depende também de
cada cidadão fazer sua parte. “As pessoas deveriam fazer mais. No geral, por
onde olhamos, vemos lixo descartado errado. O povo não se cuida e aí, as coisas
começam a acontecer. Não adianta reclamar e não se cuidar”, disse.
Saiba mais (fonte Ministério da Saúde)
Procure atendimento médico se notar algum sintoma:
Dengue
Febre alta, fadiga, mal-estar, perda de apetite, erupções na pele
e dores musculares ou nas articulações, náuseas e vômitos. As pessoas também
podem ter dores atrás dos olhos, nas costas, abdômen ou nos ossos.
Em casos graves, de dengue hemorrágica, dores abdominais fortes,
sangramento pelo nariz, boca ou gengivas, sonolência, sede excessiva (sinal de
desidratação), frequência cardíaca elevada, dificuldade para respirar.
Zika
Vermelhidão em todo o corpo com muita coceira depois de alguns
dias, febre baixa (muitas vezes nem percebida), conjuntivite (olhos vermelhos
sem secreção), mialgia e dor de cabeça, dores nas juntas.
Chikungunya
Febre, dores intensas nas juntas (em geral, bilaterais – nos dois
joelhos, nos dois pulsos, etc), pele e olhos avermelhados, dor de cabeça e
dores pelo corpo, náuseas e vômitos.
“Terrenos baldios, materiais descartados incorretamente, como garrafas
plásticas, latinhas e pneus são alguns dos cenários propícios para a procriação
do mosquito, por isso merecem atenção”, comenta a infectologista do HAC
Priscila Paulin
O senhor Divino, paciente do HAC, faz a sua parte no combate aos
focos do Aedes aegypti. “Tudo bem sequinho, esse é o segredo. Também temos
várias plantas que ficamos de olho para não acumular água, e trocamos os
potinhos de água dos cachorros a cada hora e meia, duas horas, no máximo”,
afirma
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