A fim de ajudar
crianças com a doença genética, pai publicou livro para contar história do
filho, vítima das complicações da distrofia: “Elas podem ter uma vida regada de
felicidade”
A
ausência de uma única proteína pode mudar o destino de um menino e sua família.
Foi o que aconteceu com Ryan Gustavo de Moura Santos Lima, corintiano roxo que
morreu aos 15 anos em decorrência da Distrofia Muscular de Duchenne.
Essa
doença genética é ligada ao cromossomo X, e por conta disso quase 100% das
vezes a Distrofia Muscular de Duchenne ocorre em meninos. Caracterizada pela
degeneração progressiva do músculo, essa é uma das formas mais comuns e severas
das distrofias, com incidência de 1 a cada 3,5 mil nascimentos de meninos, como
informa a Organização de Apoio às Pessoas com Distrofias.
O
primeiro alerta aos pais e responsáveis é a demora para andar. Mais tarde, por
volta dos dois a quatro anos, a criança passa a cair muito. Com o avançar da
idade e da doença, as capacidades de correr, subir escadas e andar vão se
perdendo.
O
principal problema é quando a distrofia passa a atingir toda a musculatura.
Começam a surgir também problemas cardíacos e respiratórios por conta das
alterações no diafragma, músculo que desempenha papel fundamental na
respiração.
Ainda
não há cura, mas há tratamento para controlar a progressão da doença e dar
qualidade de vida à pessoa.
Pai
de Ryan com ajuda de uma escritora transformou a história do filho em livro
“Ele
sempre passou uma força e uma garra muito grandes, por maiores que fossem suas
limitações. Ele tinha sonhos, queria ajudar outras crianças e poder ver seus
amigos bem. Sempre se preocupou com as outras pessoas”, afirma o pai de Ryan,
Moises de Lima, de 36 anos.
Quando
o filho completou 15 anos, o pai afirmou que, com tudo que o menino já havia
conseguido fazer, daria para escrever um livro! Ryan deu risada.
Moises
pensava em todo o esforço, força de vontade e coragem do filho e prometeu que,
um dia, a história de Ryan chegaria até outras pessoas para transmitir os
mesmos sentimentos àqueles que precisam.
Em
2020, essa promessa pôde ser cumprida. Com o apoio da escritora, jornalista e
dramaturga Luciene Balbino, Moises conseguiu compartilhar tudo o que viveu e
aprendeu com o filho no livro “Um driblador da vida – A história de Ryan, um
menino que amava o futebol”, escrito pela jornalista.
"Quando
eu recebi o convite para escrever a biografia, pensei em como seria
possível contar a história de um menino de 15 anos. Com os depoimentos do
pai e dos membros da família, pude perceber que Ryan era mais maduro que muitos
adultos e que viveu a vida com sabedoria. Até na hora da morte, Ryan teve
dignidade. Deixou uma mensagem à mãe, através de seu irmão, Victor Hugo, de que
ele não iria partir triste por ela não ter conseguido se despedir dele. Isso me
comoveu muito. Chorei muito ao escrever este livro. Espero que as pessoas
adquiram o livro, pois tenho certeza, que a obra ajudará a todos a não
desistirem dos sonhos e da vida", explica Luciene.
A
autora conta que não foi difícil pensar no título da obra. "Uma lição de
vida a história de Ryan. O título veio de repente. Como ele era apaixonado por
futebol e o Tite, técnico da Seleção brasileira e ex-técnico do Corinthians,
time do Ryan, deu a ele seu terço de presente através de Moisés, o título
surgiu naturalmente, como um sopro. Uni o amor à vida de Ryan com a paixão dele
pelo futebol. Ryan me ensinou que todos nós deveríamos driblar as dificuldades
e fazer um golaço para o existir valer a pena. Não se achava vítima, ao
contrário, ele conduzia a própria vida com amor e gratidão.”
“O
grande propósito não é ganhar dinheiro, mas poder levar vida às crianças que
necessitam de apoio e motivação. Muitas crianças sofrem com essa doença, e é
preciso incentivo para que elas continuem lutando”, comenta Moises.
Além
de querer que a distrofia muscular de Duchenne seja mais conhecida, Moises
também espera, um dia, conseguir construir um local ou organização para poder
ajudar os pacientes de distrofia.
“Minha
maior vontade é ajudar, mostrar que essas crianças podem ter uma vida ativa,
regada de felicidade, em meio às limitações.”
Luciene
Balbino - Nasceu em São Paulo, capital, mas
atualmente vive em Portugal. Luciene é jornalista, escritora, poeta, dramaturga
e conferencista. Em outubro de 2020 lançou a biografia “Um Driblador da Vida -
A História de Ryan, um menino que amava o futebol”, pela Editora Vento
Forte. Em janeiro de 2020, lançou na Livraria Martins Fontes, em São
Paulo, o seu terceiro livro infantil, “O Melhor Abraço do Mundo - Ser diferente
faz parte da natureza”, que aborda a inclusão. O livro também será lançado em
Portugal, na Feira do Livro de Lisboa, em setembro, e em Angola ainda em 2020. Em 2016 no Brasil e 2018 em Portugal,
lançou o livro de Eva a Madalena, que conta histórias de
mulheres que vendiam o corpo por fetiche ou vingança, e aborda pautas
importantes como a falta de educação sexual e autoconhecimento. Luciene já montou três
peças de teatro em Portugal: Deus, que diabos tô fazendo aqui?; Mulheres
à beira do precipício e a peça Relação Abusiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário