Libélula macho dança para fêmea durante ritual de cortejo (Foto: Stanislav Gorb)
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Pesquisa
foi publicada na Scientific Reports, da Nature, e ressalta importância de
conservação de espécie única
Machos de libélulas mais coloridos atraem mais fêmeas,
independentemente do tamanho, mas também atraem machos rivais. Essa foi uma das
conclusões de pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) que investigou libélulas da espécie Mnesarete pudica, exclusiva da América do Sul, e única
por sua cor e comportamento. O estudo foi publicado pela Scientific Reports, da Nature.
De acordo com os pesquisadores, as cores das asas têm diversas funções,
"como atrair as fêmeas para o território e cortejá-las durante uma dança,
lutando contra outros machos; as fêmeas, então, avaliam a cor do oponente para
decidir quem vai vencer a luta", explica Rhainer Guillermo Nascimento
Ferreira, docente do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar, um dos
autores do artigo, juntamente com Paloma Pena-Firme, aluna de Ciências
Biológicas da Universidade.
"A pesquisa foi feita em campo, observando o comportamento dos animais -
120 machos foram observados por 15 minutos cada", explica Ferreira. A
partir disso, os pesquisadores observaram que os machos mais coloridos atraíam
mais fêmeas, independentemente do tamanho; no entanto, quanto mais fêmeas
atraídas para o território, mais machos rivais se aproximavam. "Essa
espécie de libélula exibe um comportamento chamado de 'lek', no qual os machos
defendem arenas de exibição onde ficam se mostrando para as fêmeas; elas, por
sua vez, escolhem o macho de acordo com a coloração das asas", detalha o
docente.
Segundo relatado no artigo, o comportamento de "lek", em geral,
consiste em ações de cortejo extravagantes por parte do macho tais como
exibição do corpo, emissão de feromônios e sinais acústicos para atrair as
fêmeas. Os machos da libélula Mnesarete
pudica são famosos por sua coloração única de asa e seus rituais de
luta e acasalamento. Essas espécies, que vivem próximas a fontes de água,
costumam realizar longas exibições aéreas contra machos rivais, voando em
círculos ou em disputas face a face. Os machos também fazem complexas exibições
de cortejo, mostrando suas asas coloridas às fêmeas.
De acordo com o professor da UFSCar, estudos dessa natureza são importantes
para chamar a atenção para a conservação dessas espécies, que possuem
comportamentos únicos. "Esse bicho é único no nosso País, com
comportamentos muito complexos e belos", salienta. Esses estudos também
contribuem para a compreensão de como os animais se reproduzem e como se
comunicam, possibilitando entender como esses mecanismos de comunicação dentro
de uma espécie evoluíram. "Com isso, podemos entender, por exemplo, o
nosso próprio comportamento e a sua evolução", defende.
O pesquisador destaca, também, a importância da conservação do meio em que
vivem essas libélulas. "Alterações no ambiente podem afetar essas
espécies, principalmente o desmatamento, que pode, por exemplo, extinguir os
poleiros que os machos usam pra se exibir para as fêmeas ou poluir a água onde
as larvas vivem", afirma.
O estudo contou com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (Fapesp) e foi desenvolvido no âmbito do Laboratório de Estudos
Ecológicos em Etologia e Evolução (Lestes), vinculado ao DHb da UFSCar.
O artigo "Females of the red
damselfly Mnesarete pudica are attracted to more ornamented males and attract
rival males" pode ser acessado na íntegra no site https://go.nature.com/35l717s.
Laboratório de Estudos Ecológicos em Etologia e Evolução (Lestes)
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