Mês é dedicado ao tema e incentiva o cuidado com a saúde mental
Em janeiro, mês dedicado à conscientização da saúde mental e
que destaca sua importância, a chamada da campanha incentiva todos a fazerem um
pacto pela saúde mental, inspirando o olhar atento às necessidades mentais.
Ainda em pandemia, após um 2020 repleto de desafios e mudanças repentinas as
quais a sociedade teve de se adaptar, o dano causado pela pandemia do novo
coronavírus na saúde mental é grande (mesmo com a expectativa da vacina): Um
estudo publicado este mês na Psychiatry Research, com mais de 190 mil
participantes, constatou a prevalência de insônia em 24%, do transtorno por
estresse pós-traumático em 22%, da depressão e da ansiedade em 16% e 15%,
respectivamente, entre a população afetada pela Covid-19.
Os pesquisadores não identificaram diferença significativa
entre gênero ou região geográfica, e nem entre a população geral e os
trabalhadores da saúde (exceto em relação a insônia, pois o segundo grupo
relatou duas vezes mais dificuldade para conciliar o sono do que os demais
participantes). Mais do que nunca, é preciso discutir gatilhos capazes de
desencadear ansiedade, estresse, angústia, medo e até depressão,
desmistificando esses temas tão importantes (e tratáveis) para a saúde como um
todo, e reforçar a necessidade de acesso a atendimento psicológico,
psiquiátrico e outras técnicas que podem ser um poderoso aditivo ao tratamento.
Método criado pelo médico Jon Kabat Zinn, em 1979, o mindfulness é uma técnica
que promove efeitos positivos em pessoas com depressão, insônia, ansiedade e
estresse.
"A prática de atenção plena é uma ótima ferramenta e
todos podem praticar, é simples de implementar na rotina e possui inúmeros
benefícios", ressalta Luiza Bittencourt, instrutora sênior de
mindfulness pelo MTI (Mindfulness Trainings International). De acordo com
estudo da Universidade da Califórnia, durante a meditação, a enzima telomerase
(ligada ao sistema imunológico) tem sua ação intensificada, então a pessoa que
medita tem suas defesas ampliadas e consegue lidar melhor com o estresse
também. "Não podemos controlar muitas coisas na vida, mas uma coisa que
podemos (e devemos) fazer neste período de pandemia do Covid-19 é redobrar o
autocuidado e fortalecer o sistema imunológico", aponta Luiza.
Entre os desafios da quarentena com isolamento social, home
office (e para os pais também o homeschooling), além da preocupação constante
com saúde e finanças, a pandemia exigiu bastante da população mundial. Muitas
mudanças repentinas aliadas às incertezas do cenário contribuíram negativamente
para o estado mental, tornando o transtorno por estresse pós-traumático, a
ansiedade e a depressão, respectivamente, cinco, quatro e três vezes mais
frequentes em comparação aos dados comumente divulgados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
"Se você está em casa sem trabalhar, segue de home
office ou possui horários flexíveis, aproveite para desacelerar e tirar um
tempo para sua prática de meditação. Isso é como tomar remédio, faça disso um
compromisso diário e leve tão a sério quanto. Quando você está em tratamento,
deixa de tomar seu remédio diariamente? Não. Então a mesma ideia serve para a
sua prática diária de Mindfulness. Bem-estar psicológico traz também bem-estar
físico. Precisamos de ambos fortalecidos nesse momento", reforça
Bittencourt.
Entre os benefícios do mindfulness, a especialista destaca a
redução do estresse e da ansiedade, o aumento da sensação de bem-estar, e a
prática ainda ensina a lidar melhor com as emoções e desafios diários. Além
disso, a prática também melhora a qualidade do sono e sintomas de depressão,
fortalecendo o sistema imunológico e desenvolvendo gratidão e (auto)compaixão,
bem como o foco e concentração. O mindfulness propõe exercitar o cérebro, e
consegue modificá-lo através da neuroplasticidade.
A partir de 21 dias praticando diariamente, tempo necessário
para se criar um novo hábito, é possível perceber os benefícios. Atualmente, a
prática é aplicada em escolas, no mundo corporativo, na área da saúde e também
na vida pessoal.
Mercado de trabalho e a saúde mental
Apesar de muitas corporações em diversas áreas estarem
atentas às mudanças e procurarem novas formas de zelar pelo bem estar dos
funcionários, muitas empresas ainda não investem na saúde mental dos
colaboradores. Uma pesquisa da Vittude em parceria com a Opinion Box, que ouviu
profissionais de vários segmentos (desde funcionários de multinacionais até
pequenos negócios e serviços públicos, além de trabalhadores da saúde na linha
de frente ao combate da Covid-19), mostra que 47% das empresas não adotaram
nenhum procedimento sobre saúde mental para os funcionários.
Melhora do foco, da produtividade e da memória são um dos
efeitos positivos do mindfulness no corporativo. "Quando estamos
inteiramente presentes no trabalho, as chances de algo dar errado e termos de
refazer são menores", aponta Luiza. A técnica ajuda a produzir mais e
em menos tempo, pois a pessoa não estará fazendo pausas desnecessárias ou
distraindo-se com qualquer coisa. É benéfico para o colaborador em si e para a
empresa também. A prática de atenção plena ensina a lidar melhor com os
desafios diários.
"Com a prática, as pessoas ficam mais atentas,
compassivas, empáticas e tranquilas, o que melhora a comunicação através da
escuta ativa, evitando ruídos, e também o trabalho em equipe, de modo que as
pessoas não descontam suas frustrações nos outros", explica
Bittencourt, destacando que o bem proporcionado pela mudança não atua só no
âmbito profissional mas no pessoal também, pois as pessoas despertam para a
importância do autocuidado e buscam ferramentas para ajudar a saúde mental e
física.
Luiza Bittencourt - Instrutora sênior de Mindfulness pelo MTI (Mindfulness
Trainings International), com o mentor Lama Jangchub Reid (fundador do MTI),
que é uma das maiores referências no meio, ela também é instrutora de Mindful
Eating pelo Protocolo Eat For Life. As possibilidades do tema são muitas, e
Luiza domina o tema nas frentes profissional, pessoal e educacional também.
Além disso, a trajetória pessoal dela também serve de inspiração. Luiza era
advogada e sempre foi muito ansiosa e tinha várias doenças por conta disso, o
que não melhorou com a rotina estressante que tinha. Foi então que uma amiga a
convidou para um workshop de mindfulness, e tudo mudou a partir daí. Hoje, ela
já participou de diversos retiros e cursos como Mindful Schools (Califórnia), Mindfulness
na Liderança pelo Institute for Mindful Leadership (fundado por Janice
Marturano), Introducción a Mindfulness e Compasión y Florecimiento Humano no
Instituto Cultivo (México). Luiza também é membro da AbraMind (Rede Aberta de
Mindfulness), também colaborando com as boas práticas entre os instrutores.
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