Cirurgião
bucomaxilofacial dá dicas de como enfrentar as dificuldades dos primeiros dias
após o procedimento
A cirurgia ortognática tem como objetivo a
correção óssea das deformidades dentofaciais, quando os ossos dos maxilares
apresentam alteração de tamanho e forma que não são possíveis de serem tratadas
somente com o uso do aparelho ortodôntico. Além das alterações estéticas, que é
um dos principais motivos que fazem os pacientes procurarem pelo tratamento,
essa cirurgia também apresenta ganhos funcionais, como a melhora da mastigação,
respiração e fonação.
Apesar dos inúmeros benefícios, muitas pessoas
ficam receosas em realizar esse tipo de procedimento pelo pós-operatório.
"Existe um mito em relação ao pós-operatório da cirurgia ortognática
devido ao seu passado, onde os pacientes precisavam ficar bloqueados, ou seja,
com a boca presa por um período de aproximadamente 2 meses, impossibilitando-os
de falar e comer adequadamente após a cirurgia", afirma o Dr. Fábio
Ricardo Loureiro Sato, cirurgião bucomaxilofacial. Além disso, as técnicas
passadas causavam um trauma maior, mas com o seu desenvolvimento elas se
tornaram minimamente invasivas, complementa o doutor.
Mesmo com todos os avanços técnicos dos últimos
anos é necessário que o paciente que tenha passado por esse tipo de
procedimento tome alguns cuidados. Pensando nisso, o Dr. Fábio Sato listou
algumas dicas:
Primeiras 24 horas
É o período mais crítico, pois o paciente precisa
obrigatoriamente permanecer no hospital. Durante esse tempo é normal alguns
episódios de vômito e desconforto na garganta para deglutir, por conta da
intubação durante a anestesia, mas que com medicação é totalmente controlável.
Também é importante nesse início o uso de gelo para controle do inchaço.
Primeiros 15 dias
As primeiras duas semanas após a cirurgia também
precisam de cuidados específicos. Nesse começo o paciente irá usar elásticos
para controle da ação muscular, mas que não impedem o paciente de mastigar e
falar. A dieta ainda é basicamente líquida/pastosa, sendo nas primeiras 48
horas fria, podendo evoluir para morna nos dias seguintes.
Devido a dormência que fica em seguida nos
lábios, e que com o tempo vai voltando ao normal, os pacientes também têm
dificuldade de se alimentar com talheres nesses primeiros dias, por isso
normalmente acabam usando uma seringa ou uma bisnaga de ketchup para levar os
alimentos até a boca.
Além desses cuidados, o Dr. Fábio Sato ressalta a
importância da higienização bucal, que deve ser realizada mesmo com a
dificuldade do inchaço, pois é a principal forma de se evitar infecções
pós-operatórias.
Dos 15 dias aos 30 dias
É quando o paciente começa a retornar às
atividades diárias e o inchaço começa a diminuir. Nesse período, ele já
consegue comer uma dieta mais consistente, mas ainda sem mastigar nada com
força. O uso dos elásticos começa a ficar mais espaçado e a sensibilidade,
principalmente na parte superior dos lábios, retorna. Já é possível voltar ao
trabalho desde que ele não exija atividades físicas.
Dos 30 aos 45 dias
Nesse período muitas vezes o paciente já deixa de
usar os elásticos, a dieta leve permanece, o inchaço reduz bastante e o
resultado do procedimento começa a ficar mais aparente. Normalmente, não é
necessário o uso de medicação e começam os preparativos para voltar aos
tratamentos odontológicos.
45 dias em diante
O paciente retorna ao tratamento ortodôntico, já
é possível retirar os ganchos que foram instalados para a cirurgia e a dieta
vai aos poucos retornando à normalidade. A volta às atividades físicas é possível
em 3 meses e a sensibilidade no lábio inferior também vai voltando
gradualmente.
Essa é uma média de como os pacientes passam
pelo pós-operatório de uma cirurgia ortognática. Entretanto, o Dr. Fábio Sato
ressalta que existem variações entre pacientes e os tipos de procedimentos, e
que é fundamental o acompanhamento junto ao cirurgião para a obtenção do melhor
resultado em relação à cirurgia.
Dr. Fábio Sato - Formado
pela Odontologia na USP, é mestre e doutor em Cirurgia Bucomaxilofacial. Sua
atuação é especializada em Cirurgia Ortognática para Correção das Deformidades
Dentofaciais, além de outros procedimentos como Disfunção Temporomandibular,
Enxertos Ósseos, Implantes Dentários e demais relacionados à área.
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