Muitas pessoas que lutam para perder peso acreditam que a cirurgia bariátrica trata-se de um simples “milagre” e no afã de perder peso rápido, muitas vezes porque realmente sozinhos não conseguem, não buscam um conhecimento mais profundo sobre o assunto.
Em primeiro lugar é preciso entender que esse tipo de intervenção cirúrgica, a redução de estômago, é um método é indicado para pessoas com obesidade mórbida, ou seja, com o IMC (índice de Massa Corpórea) igual ou acima de 40. Se o índice estiver entre 35 e 40, deverá ser considerado se há outras doenças ligadas a obesidade e que coloque a vida do paciente em risco. Ainda assim, devemos considerar todo o tempo que a cirurgia reserva ao paciente, riscos e consequências – explica a Dra. Bruna Marisa, médica pós graduada em endocrinologia e medicina ortomolecular, membro da SBEM e especialista em emagrecimento.
Mas Afinal De Contas, Existe Uma Relação Entre A
Cirurgia Bariátrica E A Dependência De Álcool?
Um estudo envolvendo por volta de dois mil
pacientes, publicado no Journal of the American Medical Association,
mostrou que dois anos depois de passaram pela cirurgia bariátrica, houve um
aumento na taxa de alcoolismo chegando a 9,6%.
Em pesquisas anteriores foi provado que o
metabolismo do álcool muda com a operação. Além do álcool ser absorvido
de maneira mais rápida, a volta à sobriedade é mais demorada.
“O problema é que na maior parte das vezes, o obeso
busca na comida o seu porto seguro, o seu conforto emocional. E depois da
cirurgia, ele se vê impedido de descarregar suas frustrações e tristezas na
comida, já que não consegue mais comer a quantidade de antes.”
E é aí que mora o perigo. “ Se a
causa emocional que levou o paciente à compulsão alimentar não for tratada
antes da cirurgia, certamente ele terá outros problemas de compulsão, pós
cirurgia e a dependência alcóolica é apenas uma deles”- afirma a
Dra Bruna.
Observamos que o álcool é o primeiro a ser buscado porque além de dar sensação de conforto, ele também faz o papel de aproximar o ex obeso de novo da vida social, uma vez que agora ele começa a entrar nas roupas que sempre quis, mas não consegue ir a jantares e festas, pois no geral não consegue comer. Então, ele bebe e a bebida cria socialização – diz a Dra. Bruna Marisa, que lida com isso diariamente em seu consultório, tratando casos de pessoas que voltaram depois de anos a engordar depois da bariátrica e muitas delas, passaram por estes problemas, como o relato abaixo:
“Depois de 2 anos de cirurgia eu estava morando
fora do país, longe da praia, que era meu habitat natural, longe de amigos e
finalmente estava magra, bonita, mas não me reconhecia. Eu não conseguia comer,
doce me enjoava e percebi que os drinks dos pubs nos finais de semana começaram
a cair muito bem durante a semana também, tapando o vazio que eu sentia. Quando
me dei conta, estava fazendo do álcool, meu companheiro praticamente o dia
inteiro. Não foi fácil reconhecer que eu precisava de ajuda, mas busquei e
consegui e hoje sei que não posso tomar um só gole de álcool. É como o
carboidrato. Se você come a primeira colher de arroz, certamente não conseguirá
parar ou terá muita dificuldade. Engordei muito mais do que antes da cirurgia
depois de quase 20 anos e agora estou recomeçando, mas da maneira certa. Está
bem difícil, mas se pudesse, certamente não teria escolhido o “caminho mais
fácil” (depoimento de uma paciente bariátrica há 20 anos
que teve problemas com álcool)
Aqui falamos da dependência do álcool, pós cirurgia bariátrica mas vale dizer que se no caso do paciente obeso que sofre de compulsão alimentar e não é tratado
A Dra Bruna Marisa alerta: É
imprescindível que o paciente faça um acompanhamento multidisciplinar com
psicólogos, nutricionistas e endocrinologistas pelo menos durante dois anos
antes da cirurgia e se possível pelo resto da vida, para garantir que os
problemas emocionais do paciente não o levarão ao reganho de peso e também para
que sejam supridas todas as carências nutricionais que este paciente terá pelo resto
da vida. A bariátrica salva vidas sim, mas deve ser o último recurso a ser
buscado.
“O Excesso é tão prejudicial quanto a falta”
-Gurdjeff
Dra.
Bruna Marisa - médica, pós graduada em Endocrinologia, membro da SBEM, pós
graduada em Medicina Ortomolecular, especialista em Emagrecimento e Low Carb,
com vários cursos na área de Medicina Esportiva, onde também atua. Autora do
E-Book: Guia de Emagrecimento Definitivo e Duradouro.
Instagram:
@drabrunamarisa
https://youtube.com/drabrunamarisa
Nenhum comentário:
Postar um comentário