Doença
causa inflamação crônica nas pálpebras e não tem cura
O uso indiscriminado da testosterona, sem recomendação médica, pode
agravar a blefarite, que é caracterizada por uma inflamação crônica nas
pálpebras. A doença não tem cura e seu controle pode ser difícil. As crises
costumam ser recorrentes e podem afetar, consideravelmente, a qualidade de vida
dos pacientes.
Uma das formas de testosterona mais usadas nos últimos anos é o “chip da
beleza”. Trata-se de um implante hormonal para fins estéticos. Porém, seu uso
pode agravar doenças como a blefarite, por exemplo.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, Oftalmologista Chefe do Serviço de Plástica Ocular
da Santa Casa, a relação da blefarite com a testosterona é que
o hormônio aumenta a produção de substâncias lipídicas (gordura) pelas
glândulas sebáceas. “A blefarite está relacionada, justamente, com alterações
na produção das glândulas de Meibômio, localizadas nas pálpebras”.
A médica, que também é especialista em doenças das pálpebras, explica que a
principal função dessas glândulas é produzir uma substância lipídica que atua
no filme lacrimal.
“Quando a blefarite se instala, na vigência da inflamação, esse sebo se torna
mais espesso, obstruindo muitas vezes o ducto de saída da secreção. Além dos
olhos ficarem grudados, especialmente pela manhã, pode levar ao desenvolvimento
de terçol e calázio de repetição, entre outras doenças oftalmológicas”.
Efeitos da testosterona na saúde podem ser irreversíveis
As mulheres na pré-menopausa ou na menopausa podem ter indicação do uso da
testosterona, que atua principalmente no desejo sexual. Entretanto, a terapia
de reposição só é indicada após uma minuciosa avaliação do médico ginecologista
e/ou endocrinologista. Além disso, em muitos casos é contraindicado por
aumentar o risco de câncer de mama.
Os homens também costumam usar a testosterona para fins estéticos. Os
anabolizantes causam inúmeros prejuízos na saúde, muitas vezes irreversíveis,
como a infertilidade. Doenças graves, como o câncer de fígado, também são
resultado do uso indiscriminado desse tipo de hormônio.
Controle da Blefarite
“A blefarite é uma doença de difícil manejo clínico, pois as crises são muito
recorrentes. Quem tem essa condição, precisa fazer a higiene das pálpebras pelo
menos duas vezes por dia. Para aqueles que não respondem aos tratamentos
medicamentosos disponíveis, recomendamos a terapia com luz pulsada, disponível
no Brasil desde 2019”, comenta Dra. Tatiana.
A luz emitida pelo aparelho se transforma em energia térmica, ou seja, em
calor. Esse efeito contribui para desobstruir as glândulas de Meibômio, bem
como reduz os fatores inflamatórios.
Um estudo, publicado em 2019 no Journal of Ophatalmology,
apontou uma melhora significativa dos sintomas, em apenas três sessões de luz
pulsada. Além disso, não houve efeito adverso e recorrência das crises de
blefarite no grupo que recebeu o tratamento.
A blefarite, principalmente os quadros mais graves e recorrentes, podem levar a
outros problemas oftalmológicos. Entre alguns que podemos citar estão a perda
de cílios, a desconfiguração das pálpebras, celulite pré-septal (infecção da
pálpebra e na porção anterior do septo orbitário), e, por último, pode causar
queda da acuidade visual devido à redução progressiva na qualidade da
superfície ocular.
Além da testosterona, os precursores do hormônio também podem trazer essas
alterações oftalmológicas, como a blefarite. Quanto ao “chip da beleza”, o
Conselho Federal de Medicina (CFM), bem como outras entidades médicas, já se
posicionaram contra o uso do dispositivo visando à estética. Esse tipo de
tratamento só deve ser feito por razões de
saúde, prescrito por um médico especialista, além de exigir comprovação
científica de seus efeitos.
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