Dentro da área de Arquitetura e Urbanismo, quando falamos em projeto, é comum pensar no começo de algo, em um início do zero. Mas, quando isso entra no âmbito das cidades e do planejamento público, a reformulação e adaptação podem ser a chave que abrirá portas para a mobilidade e o bem-estar da população, critérios essenciais em uma smart city.
A Frost and Sullivan, uma empresa de pesquisa de
mercado, prevê que, até 2025, o mundo terá, pelo menos, 26 grandes cidades
inteligentes. E o impacto desses posicionamentos deve se refletir em outras
metrópoles, que também precisarão se adaptar para melhorar o padrão e a
qualidade de vida de suas populações. Para isso, o segredo é básico e único,
mas, muitas vezes, foge da pauta de quem pensa em iniciar esse projeto:
humanização.
Estratégias que transformem o espaço público e
comum, por exemplo, são uma maneira de envolver todos os públicos da cidade com
uma só ação. Uma das iniciativas interessantes para ajudar os gestores públicos
nessa tarefa é a ferramenta gratuita Parques para Todas e Todos, do Instituto
Semeia e do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS). A
proposta reúne informações e sugestões para promover a inclusão no espaço
público.
Outros aspectos do Urbanismo que transformam uma
metrópole são a locomoção e a mobilidade urbana. Ainda tabu e muito
controversa, a dinâmica de organização entre pedestres, ciclistas e motoristas
é uma questão que, se analisada de forma inteligente, pode solucionar problemas
em diversas áreas. Em Seul, por exemplo, a cidade optou por demolir sua auto
estrada, que ficava sobre o rio Cheonggyecheon, por onde transitavam,
aproximadamente, 160 mil veículos, e construir um parque no lugar. A mudança
reduziu a poluição sonora e a temperatura ao redor do local e ainda
proporcionou um novo espaço de lazer para os cidadãos.
Com uma ideia menos futurista, distante daquela que
imagina cidades com carros voadores, máquinas por todo lado e robôs exercendo
todas as funções, o contato com a população e o conhecimento sobre os pontos de
melhoria de cada lugar são critérios diretamente envolvidos com o
desenvolvimento de uma cidade inteligente. O real segredo de como o Urbanismo e
a gestão pública podem transformar uma cidade é a participação de quem irá
desfrutar das melhorias. Para isso, a tecnologia é o melhor caminho, mas sempre
aliada à mente pensante do ser humano.
Fabrício Ormeneze Zanini - diretor-presidente do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI)
Nenhum comentário:
Postar um comentário