Tabagismo é o principal responsável
pelo surgimento de tumor pulmonar, tipo que mais mata em todo o mundo
No calendário mundial da Saúde, Novembro é celebrado como mês da
prevenção ao câncer de pulmão. E o laço branco que marca este período, neste
ano traz um alerta relacionado a um dos principais hábitos evitáveis
relacionados a esse tipo de tumor: o fumo. Segundo o Ibope Inteligência, o
número de pessoas que usam cigarro eletrônico no Brasil, em apenas um ano,
dobrou. A pesquisa demonstrou que os praticantes deste tipo de tabagismo saltou
de 0,3% da população para 0,6%, tendo registrado aumento ainda maior em São
Paulo e no Rio de Janeiro. São cerca de 600 mil usuários brasileiros da
tecnologia que, dizem os especialistas, é capaz de causar tanto dano quanto o
cigarro tradicional. O design moderno e a produção menor de fumaça são alguns dos
atrativos deste produto, que tem ganhado espaço entre jovens, principalmente.
O oncologista clínico Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de
Administração do Grupo Oncoclínicas, alerta para os riscos do chamado vape.
"Nós vemos novas formas de tabagismo chegando, como esse dispositivo
tecnológico, por exemplo. E apesar de muitas pesquisas apontarem para os
malefícios causados pelos cigarros tradicionais, as alternativas como os
cigarros light, eletrônicos ou narguilés também podem ser prejudiciais à saúde.
Eles têm atraído principalmente os adolescentes, pelo formato, pela novidade e
pela falta de informação também sobre o impacto nocivo deles. Estamos vendo uma
geração ‘livre’ do cigarro aderir a versões mais modernas do mesmo mal".
O médico explica que o cigarro eletrônico vaporiza um líquido que contém uma
grande quantidade de nicotina e seu uso deve ser um ponto de alerta para a
sociedade. Não há estudos definitivos que indiquem a extensão do impacto desses
novos tipos de fumo no desenvolvimento de cânceres, o que está relacionado à
própria existência recente desses dispositivos e também porque seu uso é muito
variado: há pessoas que fumam apenas ele, outras que consomem cigarros
eletrônico e convencional, aquelas que nunca fumaram cigarro convencional e
foram direto para o eletrônico, as que substituíram o convencional pelo
eletrônico.
"Em teoria, os e-cigarros seriam menos nocivos à saúde por conter uma
quantidade de ‘ingredientes’ com potencial cancerígeno muito inferior ao do
cigarro tradicional. Todavia, mesmo sem contar com itens como o tabaco em sua
composição, esses dispositivos eletrônicos possuem outros elementos que podem
ser altamente prejudiciais", comenta Clarissa Mathias, oncologista do
Grupo Oncoclínicas e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC).
De acordo com ela, de fato o que deve ficar claro é que este produto não é
desprovido de malefícios. "Mesmo não queimando tabaco, o dispositivo
eletrônico tem substâncias nocivas. Ainda não temos como saber quais serão as
consequências do consumo desse tipo de cigarro a médio e longo prazos. Teremos
que esperar talvez 20 anos para medir isso, o que pode ter consequências para a
vida e o bem-estar de toda uma geração".
Por isso, os especialistas são categóricos em afirmar que o aumento no consumo
de cigarros eletrônicos representa um retrocesso para o Brasil. O país é
reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate
ao tabagismo, tendo um dos menores índices de fumantes do mundo: cerca de 10%
da população acima de 18 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
"Mesmo com os avanços obtidos a partir de campanhas contra o fumo, os
desafios não param de chegar. Depois de anos diminuindo o número de fumantes,
principalmente entre jovens - o que é super importante, já que a maioria dos
que continuam fumando começaram nessa época da vida -, o aumento grande de
pessoas usando o cigarro eletrônico não pode ser ignorado. O apelo tecnológico
é uma das coisas que atraem os mais novos e é preciso conscientizar a população
que, mesmo eles, são potencialmente tóxicos e levam à dependência", frisa
Bruno Ferrari.
Tabagismo ainda é a principal causa de câncer
O tabagismo continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão em todo o
mundo. Aliás, não apenas deste tipo de tumor: em 2017, conforme dados do INCA,
73.500 pessoas foram diagnosticadas com algum tipo de câncer provocado pelo
tabagismo no país e 428 pessoas morrem diariamente no país por conta dele. A
entidade aponta ainda que mais de 156 mil mortes poderiam ser evitadas
anualmente se o tabaco fosse evitado.
Em 79% dos casos de câncer de pulmão, por exemplo, os pacientes eram fumantes,
ou ex-fumantes. Apenas 21% nunca tiveram contato com o tabaco. "Todo ano,
cerca de dois milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer de pulmão ao
redor do globo. E quem fuma tem de 20 a 30 vezes mais chances de desenvolver
esse tipo de tumor. Isso porque as substâncias químicas presentes no cigarro
danificam e provocam mutações no DNA das células pulmonares, fazendo com que
deixem de ser saudáveis e se transformem em células malignas", diz
Clarissa Mathias.
O hábito de fumar também contribui para o aumento no risco de ocorrência de ao
menos outros 12 tipos de câncer: bexiga, pâncreas, fígado, do colo do útero,
esôfago, rim e ureter, laringe (cordas vocais), na cavidade oral (boca),
faringe (pescoço), estômago e cólon, leucemia mielóide aguda. Adicionalmente, o
tabagismo é um dos hábitos relacionados a formas mais graves de infecção pelo
novo coronavírus.
Oncoclínicas na luta contra o fumo
Anualmente, o Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo clínico do Grupo
Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa -
desenvolve uma série de ações para alertar sobre a importância de combater o
tabagismo como forma efetiva de prevenção contra o câncer. Em 2020 a iniciativa
traz uma abordagem positiva nas redes sociais mostrando os benefícios sentidos
pela pessoa que para de fumar.
Com o mote "A melhor dica é viver bem", a ação é voltada à
conscientização sobre o abandono do cigarro para uma retomada da saúde e da
qualidade de vida. Direcionada à sociedade em geral, ela ressalta uma
importante informação: nunca é tarde demais para abandonar o cigarro. Apenas 20
minutos após interromper o vício, a pressão arterial volta ao normal e a
frequência do pulso cai aos níveis adequados. Em 8 horas, os níveis de monóxido
de carbono no sangue ficam regulados e o de oxigênio aumenta. Passadas 24
horas, o risco de se ter um acidente cardíaco diminui. E após 48 horas, as
terminações nervosas começam a se recuperar e os sentidos de olfato e paladar
melhoram.
Em até três meses, a circulação sanguínea melhora e caminhar torna-se mais
fácil com a função pulmonar se recupera em até 30%. A partir de um a nove
meses, os sintomas como tosse, rouquidão e falta de ar ficam mais tênues. Em
cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão de uma pessoa que fumou
um maço de cigarros por dia diminui em pelo menos 50%. Quinze anos após parar
de fumar, torna-se possível assegurar que os riscos de desenvolver câncer de
pulmão se tornam praticamente iguais aos de uma pessoa que nunca fumou.
"Pessoas que abandonam o cigarro podem colher os benefícios duas vezes:
prevenindo mais danos às células pulmonares relacionados ao tabaco e dando aos
pulmões a chance de se recuperar dos danos existentes", finaliza Bruno
Ferrari.
https://www.grupooncoclinicas.com/movimentopelavida
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