De repente, no meio da rotina, da liberdade e do convívio social aos quais estávamos acostumados, nos deparamos com um outro mundo, em que uma crise na saúde nos afeta em todas as esferas de nossas vidas, causando medos, angústia e insegurança. O isolamento e a falta de contato nos são impostos como prevenção para evitar uma doença em meio a uma pandemia mundial. E então nos perguntamos: “E agora???”. Planos são frustrados e famílias desestabilizadas, financeira e emocionalmente. Emoções negativas como as preocupações excessivas quanto ao futuro, tomam conta de todos nós, de forma geral e sem exceções, rapidamente, nos colocando no mesmo barco.
O medo é uma emoção
básica, ficar temeroso e ansioso em um momento como este, pode até nos ajudar
em situações perigosas. Essa emoção é tomada como reação fisiológica e está
presente como forma de aviso e proteção desde a era primitiva, porém o medo
passa a ser considerado exagerado, desesperador e patológico, quando é
desproporcional em relação à situação problema, interferindo na qualidade de
vida, concentração, sono, desempenho diário e no equilíbrio emocional.
Pesquisas apontam que o
medo, como uma emoção exagerada e limitante, pode causar desde diferentes tipos
de Transtornos de Ansiedade (TA), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
até crises de pânico e depressão. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)
apontam que a prevalência mundial do transtorno de ansiedade é de 3,6%, com destaque
para o Brasil, em que o TA está presente em 9,3% da população, possuindo o
maior número de casos entre todos os países do mundo. Mas como manter então a
saúde emocional em uma situação de quarentena?
Mesmo as pessoas mais
saudáveis mentalmente têm o seu emocional abalado diante de mudanças bruscas
somadas ao bombardeio de notícias ruins sobre os casos. Procurar ajuda
psicológica para controlar o medo e a ansiedade excessiva, se torna a escolha
mais sensata para manter a saúde mental. Pensamentos de insegurança trazem
muitas vezes a sensação de perda de controle, pessoas com alguma pré-disposição
ou até mesmo já diagnosticadas com algum transtorno psicológico, podem ter seus
sintomas agravados nesse período de distanciamento social.
Para isso, faça uso de
estratégias comportamentais que ajudem no manejo do medo, como o planejamento.
Diante do novo, planeje novamente sua rotina, o medo tende a se potencializar
diante do desconhecido. Busque atividades que lhe deixem bem, que relaxem
positivamente e utilize a tecnologia a seu favor, cuidando da exposição às
informações falsas e alarmantes. Podemos usar essa emoção como nossa inimiga,
mas também como aliada, como um instrumento diante de um desafio, que nos
impulsiona a agir e se prevenir da maneira que podemos. O medo não vai
desaparecer de nossas vidas, mesmo após a pandemia passar, muitas vezes ele vai
fazer um papel necessário no dia a dia, de nos guiar e nos orientar, como uma
função protetora, então não brigue com esse sentimento, mas também não deixe que
ele se torne excessivo ao ponto de paralisar.
É importante acolher
este sentimento, aceitar que ele está aí, identificar de onde ele vem, sua
intensidade e agir para lidar melhor com ele. Quando você escolhe fazer algo em
relação ao seu medo, como prevenir, tratar ou até mesmo enfrentar, você
minimiza os sentimentos que ele causa, tornando-o mais funcional na sua vida,
de forma que ele não atrapalhe e sim ajude. Estamos vivenciando um momento
atípico sim, e indesejável, no entanto, é preciso tomar atitudes necessárias
para minimizar os seus impactos na saúde da mente e se reinventar perante às
dificuldades.
Em um cenário de incertezas, a única certeza que temos é a de que tudo passa.
Marina Stech - psicóloga (CRP 18/05593) em
Cuiabá/MT. Pós-graduanda em Terapia Cognitiva, atua com a abordagem Terapia
Cognitivo-Comportamental e auxilia pessoas através de sua página profissional
no Instagram. (Terapeuta para adolescentes, adultos e casais).
Instagram: @psicologia_sensata
E-mail: psimarinastech@gmail.com
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