Realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida,
pesquisa aponta que saúde mental foi mais afetada que a física, na
população masculina
Em 2020, o mundo foi surpreendido pela pandemia
provocada pelo novo coronavírus e a saúde passou a ser o centro de todas as
discussões e preocupações. Segundo o Ministério da Saúde, a Covid-19 é mais
letal entre os homens pardos, com mais de 60 anos e que apresentam comorbidades
(ocorrência de duas ou mais doenças relacionadas no mesmo paciente e ao mesmo
tempo).
Nesse cenário, o Instituto Lado a Lado pela Vida
(LAL) resolveu investigar como o vírus, a doença por ele causada (Covid-19)
e seus desdobramentos afetaram a saúde da população masculina brasileira. O
estudo "Você e a Covid-19 - A saúde do homem na pandemia" teve
como objetivo medir os sentimentos, mapear a saúde física e emocional do homem
brasileiro de todas as faixas etárias e perceber o quanto o brasileiro mudou
sua rotina em face ao maior desafio sanitário global já enfrentado. A
divulgação do resultado do estudo durante o Novembro Azul não foi uma
coincidência.
O Novembro Azul é o movimento criado pelo Instituto
Lado a Lado pela Vida em 2011 e que se tornou domínio público no Brasil.
Sua principal mensagem é alertar para a importância do diagnóstico precoce do
câncer de próstata. Ano a ano, as mensagens da campanha têm sido ampliadas,
para que o homem tenha consciência da importância de cuidar de sua saúde de
maneira integral.
No período de pandemia muito homens negligenciaram
ainda mais o cuidado com a sua saúde o que pode ter um impacto importante em
sua saúde futura. “A saúde da população masculina é uma das três causas
prioritárias do LAL, além das doenças cardiovasculares e do câncer, e nesse
momento tão delicado não poderíamos deixar de entender as principais aflições
dessa população. Além de ouvir como a mudança de comportamentos impactou, por
exemplo, a diminuição de exames e consultas de rotina, procuramos entender
também como a pandemia mexeu com o emocional dos homens brasileiros. Um dos
efeitos de adiar consultas e exames é o de que vários diagnósticos precoces de
algumas doenças, como o câncer de próstata, deixaram de ser feitos” explica
Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.
Realizada entre 15 de julho e 21 de
setembro, o estudo foi coordenado por Roberta Pimenta, especialista em pesquisas
e inteligência de mercado, Mestre em Administração de Empresas pelo Instituto
Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com Especialização em
Marketing Internacional pela EM Lyon Business School e Pós-graduada em Finanças
pela FIA/USP. Contou com a participação de 1080 homens, de todas as regiões
brasileiras e com idades entre 14 e mais de 66 anos.
Entre os fatores apontados pelo estudo está o
impacto na saúde mental: 96% dos participantes declaram que vivem na
quarentena ao menos um sentimento negativo - de ansiedade, estresse,
desanimo. Outro fator que chamou a atenção é que enquanto 87% dos entrevistados
acreditam que sua saúde física vai bem esse índice cai para 78% quando
questionado sobre a saúde mental. O índice fica ainda mais marcante quando se
compara os 33% dos entrevistados que acreditam que sua saúde física vai muito
bem, contra os 19% que se auto avaliam muito bem em relação a saúde mental.
“Conforme realizamos os cruzamentos de dados,
percebemos que o sentimento que predomina é a preocupação com assunto
familiares ou afetivos, o que sugere que a pandemia afetou mais os relacionamentos
do que a experiência individual. A ansiedade é compartilhada por homens de
todas as idades, mas é curioso que os sentimentos negativos são mais presentes
em homens mais jovens, decrescendo à medida que a idade do homem aumenta”,
complementa Marlene.
Saúde física
60% dos homens declararam ter ao menos
um fator de risco ao agravamento da COVID-19 sendo que 15% apresentam a
combinação de 3 ou mais fatores de risco. Os hipertensos são os mais apresentam
comorbidades: 81% tem outra condição de risco em particular obesidade, diabetes
e idade acima dos 60 anos.
Prevenção da COVID-19
Os métodos de prevenção do contágio pelo novo
coronavírus tiveram grande adesão. Dos homens ouvidos, 96% declaram usar
máscara ao sair de casa; 89% evitam aglomerações; 88% lavam as mãos
frequentemente e 70% usam álcool para higienizá-las.
“Pudemos perceber que as medidas de prevenção do
contágio pelo novo coronavírus são pouco ou nada influenciadas pelas condições
de saúde do homem e acreditamos que isso se deve ao fato de eles entenderem que
a proteção contra a doença não é apenas para si, mas para o bem coletivo”,
comenta Roberta Pimenta, curadora da Pesquisa.
Quanto mais jovem, mais frequente é a quebra do
isolamento social. 25% dos jovens declararam não evitar aglomerações e um terço
saem de casa mesmo que não seja estritamente necessário. A partir dos 46 anos
de idade, é quase unanime a medida de evitar aglomerações, apesar de que, nesta
faixa etária, os homens ainda saem de casa sem necessidade.
Telemedicina ou adiamento de consultas?
17% dos homens participantes do estudo foram
atendidos à distância por médicos, psicólogo ou outro profissional de saúde.
Porém, 44% declarou ter diminuído a frequência de visitas ao médico, 13%
interrompeu um tratamento médico que fazia antes da pandemia e outros 10% adiou
uma cirurgia ou procedimento médico. Além disso, os atendimentos remotos tendem
a ser prestados por profissionais credenciados por plano de saúde. A
telemedicina foi reportada por apenas 11% dos homens atendidos exclusivamente pelo
SUS.
“A pandemia foi um grande acelerador das interações
sociais e pode ter dado o impulso definitivo para que a telemedicina se
estabeleça como alternativa no relacionamento médico-paciente. Entretanto, os
índices de diminuição de frequência a consultórios médicos e/ou tratamentos é
preocupante por elevar, no futuro, a gravidade de diagnósticos e tratamentos”,
finaliza Marlene.
Sobre o estudo
A pesquisa foi realizada pelo LAL entre 15
de julho e 21 de setembro, de forma online. Contou com a curadoria de Roberta
Pimenta, especialista em pesquisas e inteligência de mercado, Mestre em
Administração de Empresas pelo Instituto Coppead da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, com Especialização em Marketing Internacional pela EM Lyon Business
School e Pós-graduada em Finanças pela FIA/USP. O questionário foi respondido
por 1080 homens, sendo que 62% dos respondentes tinham entre 26 e 55 anos. 73%
dos respondentes desempenha alguma atividade profissional remunerada – sendo
empregados, estagiários, profissionais liberais ou empreendedores - e apenas 7%
está desempregada. 67% tem acesso a plano de saúde enquanto que o uso exclusivo
do SUS corresponder a 18% dos participantes. Apesar de apenas 6% dos
entrevistados declararem terem pego COVID-19, 86% conhece alguém que contraiu a
doença.
Sobre
Instituto Lado a Lado Pela Vida (LAL)
O
LAL é uma organização brasileira da sociedade civil, sem fins
lucrativos, criada em 2008, em São Paulo, para disseminar informação de
qualidade para a população sobre saúde do homem, com ênfase à importância do
diagnóstico precoce do câncer de próstata. Em 2014, sua agenda de causas foi
ampliada, com a incorporação de ações para alertar sobre os cuidados
necessários com a saúde do coração e também para a atenção a outros tipos de
câncer, como pulmão, pele/melanoma e os tumores ginecológicos femininos, além
do câncer de mama. O Instituto atua de norte a sul do Brasil, tanto nas cidades
como nas áreas rurais com campanhas de prevenção primária e secundária que
promovem o diálogo, o acolhimento e a promoção do bem-estar físico e emocional.
Propaga a mensagem do autocuidado e da autoestima, plantando a semente de que a
saúde é o nosso bem mais valioso e merece atenção especial.
Além do Novembro Azul, o Instituto é o idealizador das campanhas
RespireAgosto; Siga seu Coração; Mulher Por Inteiro e #LivreSuaPele.
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