Apenas "sinto
muito" nem sempre é o suficiente; especialista em psicologia positiva
ensina o que mais precisa ser dito
Cometemos erros o tempo todo. São eles, afinal, o
que nos torna humanos. Até quando não pensamos que fizemos algo de errado,
outras pessoas encontrarão falhas em nossos caminhos.
Se isso acontecer, devemos ou não nos desculpar?
Pedir perdão ao magoar ou ofender alguém sempre é
uma atitude a ser considerada, mesmo se achamos ter um bom motivo para o que
aconteceu. Isso é o que explica Flora Victoria, mestre em psicologia positiva
aplicada pela Universidade da Pensilvânia.
Segundo a especialista, frequentemente, o impacto
da nossa ação não é o que pretendíamos. No entanto, o resultado é muito mais
importante do que a intenção. “Parte da felicidade é construída, justamente,
pela profundidade das nossas conexões sociais. Ou seja, relacionamentos com
amigos, familiares, parceiros, vizinhos e colegas de trabalho. Portanto, quando
esses laços são rompidos ou desgastados, geralmente, vale a pena consertá-los”,
diz.
Não corrigimos um problema nas interações sociais
apenas o ignorando ou atribuindo o desacerto ao outro. Então, o que fazer?
“Tudo começa com um sincero pedido de desculpas”, conta Flora. Ela ensina quais
são as três etapas essenciais para fazer isso, de acordo com o método criado
por Aaron Lazare, professor de psiquiatria da Universidade de Massachusetts,
nos Estados Unidos.
Etapa 1: diga o que você sente
Normalmente, começamos dizendo “sinto muito” para
expressar remorso. “Sinto muito” é mais eficaz quando falamos sobre os nossos
sentimentos. Por exemplo: “sinto muito e fico triste em saber que a minha falta
de comunicação o deixou tão zangado”. Ou: “sinto muito e estou envergonhado
pelo meu comentário ter causado tanto alvoroço”.
Nessas horas, porém, não é construtivo se armar de
ressentimento ou atitude defensiva, como: “sinto muito, mas você está
exagerando, sendo tão crítico”.
Etapa 2: admita o seu erro e o impacto negativo que
ele teve
Esta é a parte mais difícil, pois requer assumir a
responsabilidade por nossas ações ou comportamentos. Pode chegar a parecer
impossível se realmente não acreditamos que cometemos um erro ou se nossas intenções
foram boas.
Pergunte a si mesmo: como a outra pessoa está se
sentindo? O que eu fiz que causou isso nela? Poderia ter agido de uma maneira
diferente?
Tenha empatia e demonstre que está disposto a
entender o lado dela. Por exemplo: “vi que o meu comentário fez mal e sei que
você não está se sentindo bem por isso”.
Porém, não fale nada até realmente chegar a essa
conclusão. Se não conseguir se colocar no lugar do próximo, suas desculpas
soarão falsas.
Também deixe de fora explicações vagas. Esqueça isso
para não parecer que está na defensiva. Lembre-se: o objetivo é reparar o
relacionamento, não fazer a outra pessoa acreditar que você estava certo.
Caso precise mesmo explicar por que fez aquilo,
tome cuidado. Não ajuda em nada lamentar ou dizer simplesmente: “eu realmente
não sabia que você ficaria magoado”. Apenas admita o impacto negativo que
causou.
Etapa 3: conserte a situação
Boas desculpas incluem alguma reparação real ou
simbólica. É possível criar uma situação para a pessoa recuperar a credibilidade
ou você admitir o seu erro publicamente. Em muitos relacionamentos, um simples
abraço já é o bastante.
Explique o que fará de maneira diferente na próxima
vez, para não repetir a ação ou comportamento ofensivo. Isso ajuda a
reconstruir a confiança.
Se não tiver certeza de como consertar, pergunte:
“há algo que eu possa fazer para compensá-lo?”
Mas, acima de tudo, cumpra todas as promessas.
Quando nos sentimos culpados ou envergonhados, às vezes, nos corrigimos demais
na tentativa de obter perdão. Se o outro está exigindo algo que você não pode
dar, pense em outra alternativa.
“Saber como se desculpar bem é uma grande
habilidade que nós podemos desenvolver. Para começar a praticar mais, reflita:
quando um pedido de desculpas fez toda a diferença em sua vida?”, finaliza
Flora, que também é Embaixadora da Felicidade no Brasil pela World Happiness
Summit.
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