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A cirurgia metabólica é um procedimento reconhecido pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM) como alternativa de tratamento cirúrgico para o
diabetes. Estudos publicados em revistas internacionais comprovam o efeito do
procedimento no controle da doença e a redução de complicações graves como a
insuficiência cardíaca.
Segundo o cirurgião metabólico Dr. Alcides Branco, o diabetes 2 surge
geralmente na fase adulta e está ligado à resistência à ação e diminuição da
produção de insulina no pâncreas, ação deficiente de hormônios intestinais,
dentre outros. A obesidade e o histórico familiar da doença são os principais
fatores de risco.
"O diabetes é uma doença que não
apresenta sintomas em sua fase inicial e por isso pode ser difícil de ser
diagnosticado. Sem controle, o paciente corre sérios riscos para a saúde pois a
doença afeta diversos órgãos como os olhos, rins, fígado, coração e todo o
sistema vascular", explica o cirurgião. "Sem acompanhamento ou com um
tratamento ineficaz, o paciente pode ter desfechos graves como falência dos
rins e precisar de hemodiálise, sofrer amputações e até derrames",
completa Branco.
Segundo a cardiologista Dra. Cláudia Savaris Branco, os efeitos do diabetes no
coração são pouco conhecidos pela população geral mas as complicações são
graves.
"Os altos níveis de glicose no sangue, junto do aumento dos níveis de
colesterol e pressão arterial, promovem a formação de placas que entopem as
artérias. Quando uma artéria coronária sofre uma obstrução, o coração entra em
sofrimento pela falta de oxigênio. A área afetada pode ser fatal ou levar a
sequelas irreversíveis, como a insuficiência cardíaca", explica a
cardiologista.
ESTUDO - Uma pesquisa publicada pelo Journal of the American Medical
Association (JAMA) aponta que a cirurgia metabólica é capaz de reduzir em 62%
os índices de insuficiência cardíaca em pacientes com diabetes submetidos ao
procedimento. Segundo o estudo, que avaliou 13.722 participantes em um
acompanhamento de mais de três anos, a cirurgia metabólica apresentou bons
resultados no controle do Diabetes Tipo 2 e também promoveu redução de 62% em
índices de insuficiência cardíaca; 66% nos índices de doenças renais; 33% em
índices de Acidente Vascular Cerebral (AVC); e 31% nas chances de infarto.
No Brasil, a cirurgia metabólica foi normatizada pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM) através da Resolução Nº 2.172 em 2017 como alternativa cirúrgica
para pacientes com Diabetes Tipo 2 há menos de 10 anos, entre 30 e 70 anos de
idade, com obesidade leve - Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 kg/m² e
34,9 kg/m² - e sem sucesso no tratamento clínico para o controle da doença.
A CIRURGIA METABÓLICA - O objetivo da cirurgia metabólica é oferecer uma
opção segura efetiva ao paciente com diabetes tipo 2 antes da evolução das
doenças associadas.
Na cirurgia metabólica ocorre o mesmo procedimento da cirurgia bariátrica. A
diferença entre as duas é que a cirurgia metabólica visa o controle da doença.
Já a cirurgia bariátrica tem como objetivo a perda de peso, com as metas para
contenção das doenças, como o diabetes e hipertensão, em segundo plano.
Foi normatizado que a cirurgia metabólica indicada para pacientes com diabetes
mellitus tipo 2 se dará, prioritariamente, por bypass gástrico com reconstrução
em Y-de-Roux (BGYR). O procedimento é minimamente invasivo, realizado
videolaparoscopia, através de pequenos furos na parede abdominal, e consiste em
cortar o estômago em duas partes e o intestino em "Y". Uma das partes
é ligada ao estômago.
Essa alteração promove a passagem mais rápida do alimento do estômago para o
intestino e traz mudanças metabólicas como a aceleração da produção de
hormônios incluindo a incretina, que atua no pâncreas, responsável pela
produção de insulina, o que melhora os níveis de glicose no sangue.
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