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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Piramboia, Estivação e Gestão Empresarial: existe uma relação entre tudo isso?

Sempre gostei muito de entender os animais. Quando criança - e até a adolescência - lia muito a revista Super Interessante. Tive a grande sorte e o privilégio do meu irmão mais velho, Wilson Kazuo, assinar o título desde a primeira edição. Eu fico fascinado pela quantidade de espécies diferentes e como elas enfrentam as adversidades para sobreviver. 

Nesse tempo de isolamento e de grandes desafios, especialmente para quem é dono de empresa, lembrei-me de um peixe chamado piramboia. Trata-se de um tipo de mistura de peixe e réptil. Não é um animal bonito de se ver, mas apresenta uma vantagem impressionante: ele consegue respirar dentro e fora d´água. Isso acontece, graças ao sistema respiratório que combina brânquias e pulmões. 

Essa vantagem permite à piramboia sobreviver na seca. Isso mesmo! Quando as águas do rio secam, o fundo dele fica evidente e tudo o que resta é lama, a piramboia entra em estado de dormência. É a chamada estivação, algo muito parecido com a hibernação dos ursos, que ocorre no inverno. Na estivação, o organismo entra em um modo de sobrevivência, consumindo o mínimo possível de energia, apenas o suficiente para manter os sinais vitais garantidos até a próxima chuva, que encha os rios. Mas como a piramboia sabe quando vai acontecer a nova fase de cheias nos rios? Pois é, ela não sabe e não precisa saber. Ela permanece em estivação por meses. Consegue ficar assim até quatro anos, se for necessário. 

Assim, quando cai a chuva, ela espera. Se o volume permanece constante, a piramboia sai do estado de estivação e segue para os rios. Além de tudo, esse animal mantém uma reserva de energia para se arrastar até o rio mais próximo. 

Vejo que o exemplo da piramboia pode ajudar muito algumas empresas de áreas como eventos, entretenimento, alimentação fora do lar, turismo e até de outros setores. Vi muitas empresas destes segmentos se movimentarem para criar serviços on-line, investindo em capacitação e estrutura para o home office. Vi executivos e empresários debruçando em problemas e pensamentos, imaginando como criar uma fonte alternativa de receita e, infelizmente, acabarem perdendo mais dinheiro ainda. Consequentemente, diminuíram ainda mais o caixa, que já sofria nestes últimos três meses. 

A estratégia da piramboia vale para essas empresas e empresários. Será que não é melhor ficar quietinho, sem se movimentar, sem gastar energia, mantendo o estado de estivação até que o ambiente melhore? Há quem diga que devemos fazer algo para mudar sempre. Mas, se os fatores externos inviabilizam a sobrevivência de qualquer ser, então, ficar parado talvez seja a melhor ação a ser executada naquele momento. 

Quando a tempestade passar, os indicadores começarem a favorecer a economia e o mercado der sinal de vida, essas empresas podem começar a acordar e retomar suas atividades aos poucos. A parte boa é que essa estratégia pode ajudar a armazenar o pouco de energia que sobrou (nesse caso, grana mesmo) para a retomada dos negócios. Se não houver como sobreviver lá fora agora, pense nisso!

 



Haroldo Matsumoto - especialista em gestão de negócios e sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa, consultoria multidisciplinar com atuação entre empresas de diversos portes e setores da economia.


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