Estigmas em torno da modalidade já diminuíram desde que o trabalho remoto virou uma necessidade para diminuir as aglomerações e preservar a saúde dos colaboradores
Deu limonada. A pandemia da Covid-19 colocou o mundo inteiro em estado de alerta já no início de 2020 e mudou, sobretudo, as relações no mercado de trabalho. E o home office, que era uma tendência, virou realidade em tempo recorde. Há quatro meses, muitas empresas experimentaram o gosto azedo de esvaziar suas estruturas e adaptá-las para cumprir a medida de isolamento social. Foi a necessidade do isolamento que deu origem a uma nova receita. Aprovada, já faz parte dos hábitos dos brasileiros, que não fazem mais careta para o trabalho remoto.
Muitas corporações – de pequeno, médio e grande porte – perceberam que o home office é uma vitamina para manter a motivação dos colaboradores em dia. Para muitas famílias que não têm com quem deixar os filhos para sair trabalhar, num momento em que as escolas estão fechadas, o trabalho remoto é um alento. Além disso, muitos trabalhadores ganharam qualidade de vida e podem aproveitar melhor o tempo que gastavam com deslocamento. Eles também encaram a permanência em casa como uma forma de cuidar da sua saúde e resguardar os familiares. “A flexibilidade do horário e a segurança são fatores valorizados pelos colaboradores. E toda essa satisfação reflete na produtividade”, avalia Beatriz, Bertolin, gerente de contas da dbm contact center, empresa paranaense que atua no segmento de soluções para centrais de relacionamentos.
Num prazo de 72 horas, várias áreas da dbm se mobilizaram e fizeram uma força tarefa para realocar 95% da equipe para o trabalho remoto. “Tentamos levar 100%, mas não foi possível devido às condições de estrutura nas residências. Em decorrência disso, tivemos que emprestar equipamentos para alocar 100% do time em home office”, conta Beatriz.
Na visão dela, o saldo desses mais de 130 dias operando com grande parte da equipe operando em casa é positivo. Remando contra a maré da crise, a operação que ela comanda, de representação de uma indústria de cosmético, viu a demanda crescer. “Nosso trabalho aumentou e estamos dando conta do recado. Nossa operação não foi interrompida em nenhum momento. E em razão do aumento do desemprego, a procura pela marca que representamos cresceu. As pessoas viram no setor de venda de cosméticos uma forma de se reinventar, não ficar sem renda e investir numa nova profissão como autônomo”, explica Beatriz.
Apenas 14% da equipe comandada pela gerente não se adaptou ao home office e voltou a trabalhar in loco, por opção, com todos os cuidados recomendados pelos órgãos de saúde. Para Beatriz, a virada para o trabalho remoto deu certo graças à transparência e ao respeito aos funcionários, que está no DNA da dbm contact center. “Nós, que estamos na linha de frente, contamos com a confiança da empresa e da indústria que é nossa cliente. As duas organizações nos apoiaram e conseguimos manter todos nossos resultados e bater as metas previstas inicialmente. Nesse quesito, não sofremos nenhum impacto em virtude da pandemia”, analisa a gerente.
Com a produtividade em alta, a dbm já pensa na possibilidade de adotar o home office permanentemente, como uma forma de oferecer mais conforto para os trabalhadores. “Eles experimentaram um salto na qualidade de vida. Podem dormir até mais tarde, além de ter tempo para curtir a família logo após o encerramento do expediente, sem precisar usar o transporte público para fazer o traslado de casa para o trabalho. Desde sua fundação, a dbm sempre valorizou os funcionários e mantê-los trabalhando remotamente é uma forma de retribuir o esforço deles e reverenciá-los”, diz Beatriz.
O principal desafio do home office é a falta do olho no olho, do contato corpo a corpo com a equipe. Para driblar essa dificuldade, a tecnologia é uma grande aliada. “Aumentamos nossos encontros online e o volume das reuniões. Essa é forma de mantermos nossa liderança e, consequentemente, nossos colaboradores engajados e motivados. Essa conexão é muito importante para que eles não percam o sentimento de pertencimento, do valor do trabalho em equipe. Tudo deu certo até aqui porque contei com o apoio e comprometimento de todo o meu time. Isso é muito gratificante como gestora”, ressalta Beatriz.
A gerente faz uma última previsão
sobre as mudanças do mercado de trabalho, pós-pandemia. “Temos certeza de uma
coisa: nada será como antes. Os escritórios devem diminuir, assim como os
custos operacionais das empresas. E as residências também não serão como antes.
As casas vão abrigar um cantinho que vai se transformar em posto de trabalho.
Com o avanço das formas de comunicação e com o teste forçado dessa metodologia,
o estigma em relação ao trabalho remoto diminuiu. Hoje temos a certeza de que é
possível manter a produtividade no trabalho home office”, finaliza Beatriz.
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