Conduzido pela NOZ Pesquisa e Inteligência em parceria com o Instituto Bem do Estar, o mapeamento "Saúde da Mente & Pandemia" - realizado em maio de 2020 com 1.515 participantes - investigou o impacto do isolamento social no cotidiano do brasileiro. O levantamento avaliou questões como hábitos e rotinas; sentimentos e reações físicas; alimentação; e o impacto na libido de casados e solteiros. Para 49% dos casados (ou em união estável), a libido diminuiu; entre os solteiros, 21% afirmaram que o desejo sexual aumentou.
Para os
especialistas da área de saúde mental, um dos principais indícios de
transtornos mentais é a necessidade que o indivíduo tem de se isolar. Ironicamente,
diante da hecatombe causada pelo novo coronavírus – na qual o isolamento social
é essencial para reduzir as chances de contaminação e disseminação da Covid-19
– a prática pode potencializar os transtornos de ansiedade e depressão. Para
entender o real impacto da pandemia no emocional dos brasileiros, o Instituto
Bem do Estar e NOZ Pesquisa e Inteligência conduziram o mapeamento Saúde da
Mente & Pandemia. Realizado com 1.515 brasileiros de
todas as regiões, idades e classes sociais, o levantamento avaliou questões
como hábitos e rotinas; sentimentos e reações físicas; e impacto na alimentação
e na libido de casados e solteiros. A pesquisa integra o projeto Sociedade
de Vidro e contará com outros módulos focados em investigar a saúde
da mente de moradores de periferias, de jovens e novo ambiente de trabalho.
Segundo Juliana Vanin, fundadora da NOZ Pesquisa e
Inteligência e uma das coordenadoras da pesquisa Saúde da Mente & Pandemia,
entre os destaques do mapeamento estão as análises propositivas que a
diversidade de dados traz. “A pesquisa traz muitas informações sobre os
sentimentos e as reações físicas, mas também mapeamos mudanças nos hábitos e
rotinas provocadas pela pandemia, como por exemplo, o nível de isolamento,
aumento de horas dedicadas ao home office e atividades físicas. Isso
nos permite traçar as relações entre as alterações nos sentimentos e as reações
físicas ligadas à ansiedade e à depressão com as novas rotinas e hábitos. Essas
análises serão úteis para planejarmos como lidar com a saúde da mente nesse
novo contexto em que vivemos”, afirma Juliana.
Na percepção de Isabel Marçal, cofundadora do
Instituto Bem do Estar, o diferencial da pesquisa está em proporcionar pelo
menos cinco minutos de reflexão aos participantes sobre os próprios sentimentos
e reações físicas diante da maior crise da contemporaneidade. “Queremos
impulsionar o debate, a troca de experiências e a escuta de novas visões e
percepções sobre a saúde da mente. E, o primeiro passo é entender como estão
nossos sentimentos e quais as reações físicas são provocadas em nosso corpo por
questões emocionais. A pesquisa proporcionou, por meio do olhar para si mesmo,
que levantássemos estes dados de 1.515 pessoas, além de outros – citados por
Juliana Vanin, com possibilidade de diversos cruzamentos. A partir dos dados
levantados e compilados de forma consistente, precisa e plural, poderemos, com
a ajuda de especialistas convidados, observar as tendências e realizar uma
análise propositiva do atual cenário brasileiro da saúde da mente”, avalia
Isabel.
A análise de Milena Fanucchi, cofundadora do
Instituto Bem do Estar, a pandemia veio para ‘iluminar’ diversos problemas da
nossa sociedade, entre eles, os transtornos relacionados à saúde da mente, como
depressão e ansiedade. “Se antes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já
previa que, em 2020, a depressão seria a maior causa de afastamentos no
trabalho – e até 2030 a doença mais incapacitante do mundo –, imagina agora? A
pesquisa mostra o aumento de diversos sintomas relacionados tanto a depressão
quanto a ansiedade, o que é preocupante. Por isso, é de extrema urgência
informar a população sobre os cuidados com a nossa saúde da mente, para assim
prevenir, principalmente, a depressão e a ansiedade", pondera.
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA PESQUISA
||| HÁBITOS E ROTINA DURANTE O ISOLAMENTO
- Entre os entrevistados, 42% saem de casa menos
de uma vez por semana; 35% de uma a duas vezes; 10% de três a quatro
vezes; 9% cinco a mais. 51% reduziram a prática de atividade física, sendo
que 33% afirmam estar praticando muito menos. Há registro, para 49%, no
aumento de atividades que dão prazer: ler, ouvir música, pintar, entre
outros.
- Sobre a realização de atividades ligadas à
mente e à rede de apoio, 28% dos entrevistados apontam que estão praticando
meditação; 13% ioga; 58% e 53% afirmam que estão realizando encontros
virtuais com amigos e familiares, respectivamente.
- Sobre o exercício da religiosidade ou
espiritualidade, 29% afirmam que mantêm mais do que antes do isolamento;
32% reportam que mantêm, mas nada mudou; 9% apontam que mantêm, mas menos
do que no período anterior; para 13% muito pouco ou nada; e 14% não
pratica por não ser uma pessoa religiosa/espiritualista.
- Sobre o atendimento terapêutico, 10% das
pessoas que em algum momento fizeram terapia, afirmaram que pararam
durante a pandemia. “Esse dado é relevante, porque apresenta uma tendência
de que esse número aumente por conta da crise financeira, embora o
contexto de isolamento aumente a necessidade de terapia”, afirma Isabel
Marçal, cofundadora do Instituto Bem do Estar. Entre os brasileiros que
estão fazendo terapia, 85% deixaram de ir ao consultório e estão fazendo
na modalidade online; 10% começaram ou aumentaram a frequência durante o
isolamento – embora 14% tenham reduzido a frequência.
||| SENTIMENTOS E REAÇÕES FÍSICAS
- 65% dos entrevistados estão se sentindo mais
emotivos; desses, 25% reportam estar “muito mais” emotivos ou sensíveis.
Em cada quatro pessoas, uma está muito mais emotiva.
- O sentimento de medo é para 71% maior, sendo
que 23% sentem que estão com muito mais medo; 70% estão se sentindo
excessivamente preocupadas, enquanto 43% dos entrevistados estão menos
esperançosos. Em contrapartida, 29% estão com mais esperanças que no
período anterior à pandemia. Mais da metade dos respondentes, 53%, afirmou
ter mais alterações de humor durante o isolamento.
- Sobre as reações físicas, 49% dos casados – ou
em união estável – afirmam estar com menos libido; entre os solteiros,
esse percentual é de 34%. Do total de respondentes, 14% afirmaram que o
desejo sexual aumentou – entre os solteiros, esse índice é de 21% e 8%
entre os casados. A insônia parece afetar os mais jovens: o percentual de
entrevistados que afirmam estar com o problema é crescente nessa faixa
etária, sendo 60% entre os que têm menos de 30 anos; 52% entre os com 31 e
50 anos; e 43% entre os com mais de 51 anos.
- Na análise do cruzamento entre sentimentos e reações físicas, de acordo com o grau de escolaridade e renda, a pesquisa mostra que enquanto 8% dos entrevistados com ensino fundamental ou médio afirmam nunca terem se sentido inseguros, entre os com pós-graduação, esse índice é de 3%. Entretanto, para 31% dos brasileiros com ensino fundamental ou médio há grande aumento do sentimento de insegurança; entre os com pós-graduação, esse percentual é de 19%. Para 80% dos que perderam o emprego durante a pandemia há mais insegurança, destes 33% reportam estarem muito mais inseguros. Entre os que tiveram dispensa temporária (suspensão do contrato), 81% se sentem mais inseguros, entre estes 26% muito mais inseguros. Para os que estão trabalhando e não sofreram alterações na rotina, 58% se sentem mais inseguros.
- A comparação da prática de atividade física e
do aumento de sentimentos vinculados à depressão e à ansiedade mostra que
61% dos entrevistados que reduziram a atividade física têm se sentido mais
desanimados diante do isolamento social – entre os que conseguiram
aumentar muito a frequência de exercícios, esse número cai para
38%. O mesmo ocorre com sintomas físicos: os 37% brasileiros que
diminuíram a frequência têm sentido mais dores de cabeça; entre os que
aumentaram a atividade física, somente 20% reportam aumento das dores. O
distanciamento social tem um impacto claro na alimentação. Para 48% das
pessoas que se sentem mais desanimadas e 44% das que se sentem mais
agitadas – e com mudanças repentinas de humor – os hábitos alimentares
pioraram.
||| METODOLOGIA DA PESQUISA | Conduzida
pela NOZ Pesquisa e Inteligência – em parceria com o Instituto Bem do Estar –,
o mapeamento Saúde da Mente & Pandemia é uma pesquisa
quantitativa online com questionário de autopreenchimento voluntário. Sem fins
comerciais, foi realizada entre os dias 7 e 31 de maio de 2020 e contou com
participação voluntária de 1.515 respondentes. Os dados permitiram mapear os
sentimentos, sensações e mudanças de hábitos e rotinas durante o isolamento
social. O perfil da amostra é composto por 21% homens, 71% mulheres e 7% não
informado; 75% moradores do Estado de São Paulo e 25% distribuídos por
todas as regiões do Brasil e com faixas etárias e renda mensal individual
diversas.
As próximas etapas da pesquisa, que acontecerão
entre agosto e novembro; estão previstas a ampliação no número de respondentes
e do perfil da amostra (particularidades e desafios das periferias, juventudes
e novo ambiente de trabalho). Ao final do levantamento haverá cinco mapeamentos
públicos: o primeiro em agosto com a análise desta primeira etapa; os seguintes
referentes aos três recortes de perfis (novembro de 2020) e, em janeiro de
2021, o mapeamento final com a comparação dos dados levantados e uma análise
propositiva do impacto do isolamento social na saúde da mente.
O estudo “Saúde da Mente & Isolamento Social”
integra um grande projeto do Instituto Bem do Estar, Sociedade
de Vidro – um olhar contínuo sobre a sociedade brasileira e as
fragilidades emocionais. O projeto conterá estudos para que o máximo de dados
sejam levantados e compilados de forma consistente e precisa, além de
iniciativas de reflexão e conscientização.
INSTITUTO
BEM DO ESTAR
NOZ
PESQUISA E INTELIGÊNCIA
www.noz-pesquisaeinteligencia.com
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