Opinião
O grau de incerteza que estamos vivenciando
atualmente pode ser considerado o principal desafio dos gestores no ambiente
corporativo. Naturalmente, os nossos colaboradores buscam, em essência, fazer
parte de uma equipe colaborativa e que, sobretudo, seja conduzida pelos
princípios da liderança ética e inspiradora.
Porém, é importante evidenciar que mesmo as
lideranças enfrentam sérias dificuldades do ponto de vista prático, pois,
muitas vezes, não são capacitados para a gestão remota. A responsabilidade
pelas entregas, o esforço para manter a comunicação, o autogerenciamento, os
dilemas pessoais e a preocupação com os membros da equipe podem, em alguns
casos, representar obstáculos que o impedem de avaliar o cenário empresarial de
maneira adequada.
Neste sentido, torna-se cada vez mais evidente que
não priorizar a gestão de pessoas pode de alguma forma aprofundar a crise de
liderança que algumas corporações enfrentam. Tendo em conta que a construção de
modelos de avaliação e feedback ocorrem ao longo do tempo, em situações de
crise podemos colher bons frutos e encontrar mais rapidamente um ponto de
equilíbrio no desempenho do grupo.
Na contramão deste mesmo raciocínio, aqueles que
não tiveram foco no estabelecimento de uma relação de confiança e troca mútua
certamente terão maiores dificuldades de se adaptar e responder corretamente
aos anseios da equipe e da alta direção. É fato que os desafios são imperativos
e que as incertezas permeiam todos os âmbitos da nossa vida, no entanto, é
extremamente relevante exercitar habilidades como a paciência, resiliência,
flexibilidade e capacidade de rápida adaptação.
Empresas têm objetivos organizacionais distintos,
desta forma não podemos cair no engano de supor que as mesmas ações e condutas
são de eficácia universal. Muitas vezes, encontramos diferentes realidades em
setores de uma mesma empresa, o que reforça a necessidade de avaliação caso a
caso.
Um dos grandes medidores de desempenho e também
termômetro de uma empresa é o feedback, processo em que gestores e
colaboradores se reúnem para, juntos, entenderem o cenário da instituição e
buscarem soluções para questões individuais e coletivas. Porém, muitos gestores
têm enfrentado dificuldades para estabelecer o processo de feedback durante o
distanciamento social. Para isso, algumas dicas úteis na estruturação e
condução do diálogo são:
1) Estabeleça uma agenda de feedback com base
em prioridades;
2) Procure avaliar bem o melhor horário para
estabelecer conexão com o colaborador. O trabalho remoto impôs desafios que
muitas vezes alteram a rotina das pessoas. Seja generoso e flexível no
agendamento;
3) Considere a possibilidade de falhas técnicas,
encare isso de maneira natural. Caso não tenha um plano B, sempre é possível
reagendar;
4) A dica de ouro é, antes de mais nada, procurar
descontrair e entender como o seu colaborador está se sentindo, como está a sua
motivação;
5) A preocupação genuína com a saúde do colaborador
e da empresa certamente é marca dos líderes inovadores, portanto, seja você
mesmo. Mobilize os seus conhecimentos, pratique a escuta ativa e estabeleça
conexão com o seu interlocutor;
6) O principal objetivo do feedback é contribuir
para a melhoria do desempenho e crescimento pessoal e corporativo. Dissemine
esta cultura e aos poucos o “dar e receber feedback” se tornará um processo
prazeroso, ainda que seja na telinha do computador.
Ozires Pereira de Oliveira -
gerente de Serviços no Instituto das Cidades Inteligentes
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