A crise paralisou todas as programações do setor desde março. Pesquisa mostra que 98% do setor foi afetado e que a inovação do setor e eventos locais são algumas das adaptações de sobrevivência para os negócios
O que vai acontecer com o mercado de eventos após a pandemia
do novo Coronavírus? Considerado um dos setores mais afetados pela crise
econômica e social provocada pelo vírus, essa é uma pergunta que tem provocado
inúmeras reflexões entre os empreendedores que atuam e dependem desse setor.
Depois de crescer 9,5% em 2019, alcançando uma receita de R$ 11,3 bilhões, o
turismo de negócios está totalmente parado desde março, início da pandemia do
Coronavírus.
Um levantamento feito pelo Sebrae, em abril, mostra que a pandemia da Covid-19
afetou 98% do setor de eventos. A pesquisa ouviu prestadores de serviços de
organização de feiras, congressos, exposições e festas, além de profissionais
cujos trabalhos envolvem aluguel de estruturas, como palcos. A pesquisa ainda
mostra que, em comparação ao mês de abril do ano passado, 62,5% dos
entrevistados acreditam na redução de 76% a 100% do faturamento em abril deste
ano.
Já faz mais de quatro meses que o setor de eventos está suspenso. O Parque Vila
Germânica, localizado em Blumenau, Santa Catarina, local de eventos da região,
teve toda a sua agenda de eventos cancelada ou reagendada. Um exemplo é a
Febratex, uma das maiores feiras do mundo para a indústria têxtil e a maior das
Américas, promovida pelo Febratex Group, uma das principais promotoras de
feiras têxteis da América Latina.
Junto com a pandemia, a Febratex enfrentou um outro desafio. Inicialmente
marcada para acontecer em agosto de 2020, no Parque Vila Germânica, a feira
precisou ser remarcada para abril de 2021, já que o local onde aconteceria o
evento foi ocupado por um hospital de campanha. Segundo Hélvio Pompeo Jr.,
Diretor de Comunicação do Febratex Group, o evento foi remarcado para abril de
2021 a fim de preservar a saúde e bem-estar de todos.
O evento é reconhecido como a 3ª maior feira mundial do setor têxtil e
estrategicamente esperada pelo mercado para exibição de lançamentos da
indústria e de confecção. O evento ocorre a cada dois anos, com mais de 50 mil
visitantes durante os quatro dias de feira.
Inovação nos eventos do setor têxtil
O diretor explica que o setor passa por um momento desafiador mas uma das
saídas é inovar, principalmente no que se refere ao ramo têxtil, que já vem
diariamente lançando novidades para combater a Covid-19.
“Tenho certeza que o movimento que está acontecendo na moda para valorizar os
produtos locais não ficará apenas na moda, ele é comportamental, isso vai
trazer muitas oportunidades para o turismo local. A inovação vai ser pelo
próprio trade de turismo que já existe internamente, será uma grande
redescoberta do próprio Brasil. Outro ponto de inovação são os tecidos
tecnológicos antivirais e tecidos que consigam ser desfibrados para ter todo o
processo dentro da economia circular, fazendo com que a indústria têxtil e de
moda não seja mais vista como poluidora, mas sim uma grande indústria que cuida
dos seus resíduos”, aponta Pompeo Jr.
Eventos regionalizados são uma saída
A Associação Brasileira da Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) captou
em março de 2020 o impacto negativo do isolamento social em vários estados,
especialmente em São Paulo, que concentra o grosso dessa atividade no país.
Segundo pesquisa da Abracorp, a receita com vendas de passagens aéreas, diárias
de hotéis e locação de automóveis, entre outros serviços, foi de R$ 890 milhões
em média nos meses de janeiro e fevereiro, mas caiu para pouco mais de R$ 400
milhões em março. Entre abril e junho, a queda chegou a 100%, dependendo da
empresa.
Segundo Pompeo Jr., eventos regionalizados tendem a ter maiores vantagens e sucesso
de visitação já que não dependem de malha aérea, locação de automóveis entre
outros. “A Febratex faz parte do Polo Têxtil de Blumenau e Vale do
Itajaí, localizado em Santa Catarina, que concentra mais de 3 mil indústrias e
emprega 112 mil trabalhadores formais. Tudo isso num raio de 200 km de onde é
organizada a Febratex, no parque Villa Germânica. Esse ponto geográfico é
fundamental para que a Febratex consiga garantir um número expressivo de
visitantes, fortalecendo o turismo regional de negócios”, explica.
“Tudo é uma questão de estratégia. Eventos regionalizados acabam sendo mais
fáceis no que diz respeito ao público. Cerca de 80% dos visitantes da Febratex
são da Região Sul, seguidos por 10% do Sudeste e Centro-Oeste, 5% Norte e
Nordeste e 5% de estrangeiros, na sua grande maioria argentinos”, comenta.
Presencial e online
O modelo híbrido de evento, aliando a presença física com o alcance do virtual,
pode ser uma tendência a ser observada futuro, embora a importância do
presencial ainda seja fundamental: “O digital é uma plataforma incrível. Em
muitas situações, a tecnologia aproxima e agiliza. Mas consigo ver claramente
no mercado de eventos de negócio que as feiras presenciais sempre serão mais
prestigiadas. Morando na Europa há dois anos, visito feiras por todo o
continente e percebo claramente uma projeção que o digital ainda não consegue
contemplar sozinho. As feiras de negócios foram e sempre serão um meio para
recuperarmos a economia e aproximar as pessoas”, ressalta Giordana Madeira,
Diretora Executiva do Febratex Group.
Ela acredita que o sucesso do presencial está na experiência completa que
proporciona: “Os participantes são estimulados e envolvidos em todos os cinco
sentidos. As pessoas precisam ver as máquinas em funcionamento, compará-las,
tocar nos produtos, negociar com os expositores. Principalmente no momento em
que vivemos, com o distanciamento social, nos esquecemos do quanto estar perto
de pessoas faz bem. Somos seres sociais e precisamos dos encontros físicos para
viver melhor e, na negociação comercial, o vínculo pessoal que se cria através
do presencial traz muito mais satisfação e confiança para as partes.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário