Demora no diagnóstico e falta de conhecimento trazem barreira para qualidade de vida do paciente
Um levantamento realizado por meio da central da Cellera Farma constatou que São Paulo
representa 28% das demandas relacionadas à Miastenia, seguido de Minas Gerais
(10%) e Rio de Janeiro com 9%. Segundo dados mundiais de epidemiologia dos
distúrbios neuromusculares, estima-se em torno de 1,5 mil novos casos, por ano
no Brasil, da Miastenia gravis - rara patologia autoimune que afeta a comunicação
entre o sistema nervoso e os músculos – a junção neuromuscular. Ela é
responsável por causar fraqueza muscular de braços e pernas, queda das
pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir.
Em meio a pandemia do Covid-19, uma das questões
mais frequentes é se pacientes miastênicos fazem parte do grupo de risco.
De acordo com o médico neurologista e diretor científico da Associação
Brasileira de Miastenia Gravis (ABRAMI), Eduardo Estephan, na maioria dos casos
sim. São exceção as formas oculares puras, sem sintomas em outras regiões,
muito leves, que não fazem uso de corticoide (prednisona, prednisolona,
deflazacorte, etc) ou imunossupressores (azatioprina, metotrexato,
ciclosporina, rituximabe, etc).
“Os casos que foram de forma generalizada no
passado, e portanto não somente ocular, mas que estão em remissão atualmente
sem uso de nenhuma medicação para miastenia também não estariam dentro do
chamado grupo de risco. Pessoas que fizeram cirurgia para retirada do timo
(timectomia), mesmo que se enquadre nesses casos (forma ocular pura, ou casos
já em remissão), é recomendado que se protejam como se fossem do grupo de
risco, pois não sabemos o efeito da perda do timo na imunidade dessas
pessoas”.
Outra dúvida comum é se a doença possui cura.
“Cerca de 30 a 40% dos casos entram em remissão verdadeira após vários anos de
doença. Chamamos de remissão quando o paciente não necessita mais nenhuma
medicação para ficar sem nenhum sintoma miastênico. A cirurgia de retirada do
timo aumenta a chance e diminui o tempo para se obter a remissão. No entanto,
não falamos em cura da miastenia, pois há sempre uma chance pequena dos
sintomas voltarem mesmo após vários anos”, conclui.
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