Em
2017, o Conselho Nacional de Educação, apoiado pelo Ministério da Educação,
estipulou que a educação financeira passasse a fazer parte da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), documento que guia educadores sobre o conteúdo mínimo
que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação infantil até o ensino
médio. A recomendação, que propõe uma adaptação por parte da rede de ensino até
o final deste ano, entende que a disciplina seja abordada de forma transversal
pelas escolas. Ou seja, a ideia é que, além de constar no conteúdo da sala de
aula, o tema também seja abordado em ações e projetos especiais.
Para
a Associação de Educação Financeira do Brasil, a AEF-Brasil, este é um
importante movimento, pois preparará as futuras gerações para o desenvolvimento
de competências e habilidades necessárias para lidar com as decisões
financeiras que tomarão ao longo de suas vidas. De acordo com pesquisa
feita em parceria entre Serasa Consumidor e Serasa Experian no ano passado, um
em cada três estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro
depois de participar de projetos de educação financeira.
É
evidente que as instituições de ensino são fundamentais para o desenvolvimento
dessa consciência nos futuros cidadãos. Porém, isso não exime o papel dos pais
como estimuladores e exemplos a serem seguidos. Estudiosos do universo infantil
dizem que é por meio do comportamento dos adultos que o conhecimento é
absorvido pelas crianças. Isso envolve desde o consumo consciente de recursos
até a administração de “mesadas”. Para os adolescentes, é interessante,
inclusive, uma abordagem mais avançada sobre investimentos e vantagens de
economizar recursos a longo prazo em prol de um objetivo futuro. Muitas vezes,
crescemos com a crença de que a poupança é a única forma de guardar dinheiro. É
válido apontar, desde cedo, outros caminhos de construção de patrimônio
financeiro como consórcios, títulos públicos e privados.
Os
números mostram que ainda temos um longo caminho a seguir. No relatório trienal
do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2018, divulgado
em maio deste ano, o Brasil ficou em 17º lugar em competência financeira em uma
lista de 20 países. A avaliação considera, por exemplo, se o aluno entende o
valor de uma simples despesa e se sabe interpretar documentos financeiros do
cotidiano. Os números alarmantes de inadimplência no Brasil – em 2019 cerca de
63 milhões de pessoas possuíam nome negativado ou dívidas em aberto – são
reflexo de várias gerações despreparadas em relação às finanças pessoais. Com a
inclusão definitiva da educação financeira nas escolas, aliada ao
comprometimento dos pais, temos tudo para tornar a sociedade mais consciente
financeiramente.
Tatiana Schuchovsky Reichmann - diretora-presidente da Ademilar Consórcio de Imóveis
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