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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Desafios e oportunidades do uso de tecnologias analíticas nas agências/assessorias de comunicação


O avanço das tecnologias da comunicação e da informação tem proporcionado às organizações e sociedade oportunidades e também desafios ligados ao surgimento de novas ferramentas. As empresas têm aproveitado esse boom tecnológico para criar novos produtos e serviços, pensando nos novos hábitos dos consumidores e na sociedade da informação e do conhecimento. Para criar estratégias assertivas, baseadas em dados, conceitos como Big Data e extração de dados têm ganhado o universo corporativo, fazendo parte da rotina de trabalho de profissionais de vários tipos de negócios.

 

Na Era do Conhecimento e da Informação, os dados se tornaram “ouro” para as empresas e negócios, criando novos mercados e gerando a necessidade de mudança organizacional e atualização digital também nas empresas de Comunicação, assim como outros setores. Com o avanço de tecnologias de armazenamento e análise automatizada, Big Data, Data Science e Inteligência Artificial, criou-se uma concorrência entre homens e máquinas no mercado de trabalho, cabendo aos profissionais de todas as áreas se apropriarem dessas ferramentas, atualizando-se sobre o seu uso para dominá-las, a fim de gerar valor para organizações, garantindo assim o seu espaço nesse meio competitivo e digital.

 

De acordo com dados da pesquisa Latin American Communication Monitor (LCM), organizada pela Euprera e Dircom, sobre Tendências na Comunicação Estratégica: Grande Dados, Automação, Engajamento, Influenciadores, Coaching e Competências, realizada em 17 países, com mais de 2.900 profissionais de comunicação, a América Latina apresenta um atraso global com o uso de Big Data nas empresas de comunicação, já que, segundo o estudo, apenas 17% das agências já implantaram a tecnologia.

 

O levantamento revelou também que quase metade dos entrevistados diz que faltam habilidades analíticas para lidar com Big Data (45%), demonstrando que os profissionais não possuem conhecimento da tecnologia, implicando na sua implementação nas empresas. Apropriar-se de ferramentas como Big Data Science e Data Science seria útil para a área, implicando em uma revolução para a profissão uma vez que os especialistas lidam com dados internos e externos das organizações para criar e manter relacionamentos, podendo fazer um bom uso disso, com análises em tempo real e na criação de estratégias baseadas nos dados que já têm.

 

Outra vantagem em inserir os recursos seria mostrar valor para as empresas, reforçando o papel estratégico da Comunicação para as companhias junto à alta administração e na tomada de decisões que impactam todos os públicos da organização. A Comunicação lida com resultados intangíveis, infelizmente no Brasil e em outros países, o principal problema que os profissionais enfrentam é o entendimento sobre qual a importância desse tipo de especialista nas empresas, qual é o escopo de trabalho e como podem contribuir para a gestão sustentável e impacto positivo nos negócios.

 

Com o armazenamento de dados e uma mineração das informações, os profissionais podem assumir o papel de consultor gerencial e estratégico e não apenas técnico, legitimando a profissão frente aos executivos, tornando-se parte da equipe do alto escalão das organizações e com um escopo de atuação mais independente e estratégico. Além disso, os dados proporcionam campanhas mais assertivas e monitoramento mais preciso auxiliando a revelar entre outras coisas o comportamento dos públicos de interesse, antecipando os profissionais de Comunicação às crises.

 

Ao que tudo indica com o avanço dessas tecnologias como Big Data, Data Science, Inteligência Artificial e o aumento da automação de várias profissões no futuro, o profissional de Comunicação também corre o risco de ser substituído por um software inteligente ou robô que mapeia os públicos de interesse, coleta dados, lê cenários, cria ações e campanhas, desenvolve conteúdos, tornando os humanos dispensáveis para as organizações. Em contrapartida os dados sozinhos não criam valor emocional com pessoas e os humanos ainda serão importantes para a criação de narrativas e ficções para gerar cooperação na aceitação de normas e hábitos na sociedade, gerando uma oportunidade para o profissional de Comunicação em relação ao uso dessas tecnologias.

 

Os profissionais devem se apropriar dessas ferramentas antes disso acontecer para com isso reverter a situação, estabelecendo bons relacionamentos tanto no ambiente físico como virtual, a partir da análise de dados que ajudarão a mapear com mais assertividades os públicos e a criar estratégias e narrativas com base no cruzamento de informações, provando o papel estratégico da Comunicação.

 

 



             

Janaina Cezar - jornalista e consultora de comunicação da Alfapress Comunicações.

 

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