O avanço das tecnologias da comunicação e da informação tem
proporcionado às organizações e sociedade oportunidades e também desafios
ligados ao surgimento de novas ferramentas. As empresas têm aproveitado esse
boom tecnológico para criar novos produtos e serviços, pensando nos novos
hábitos dos consumidores e na sociedade da informação e do conhecimento. Para
criar estratégias assertivas, baseadas em dados, conceitos como Big Data e
extração de dados têm ganhado o universo corporativo, fazendo parte da rotina
de trabalho de profissionais de vários tipos de negócios.
Na Era do Conhecimento e da Informação, os dados se tornaram
“ouro” para as empresas e negócios, criando novos mercados e gerando a
necessidade de mudança organizacional e atualização digital também nas empresas
de Comunicação, assim como outros setores. Com o avanço de tecnologias de
armazenamento e análise automatizada, Big Data, Data Science e Inteligência
Artificial, criou-se uma concorrência entre homens e máquinas no mercado de
trabalho, cabendo aos profissionais de todas as áreas se apropriarem dessas
ferramentas, atualizando-se sobre o seu uso para dominá-las, a fim de gerar
valor para organizações, garantindo assim o seu espaço nesse meio competitivo e
digital.
De acordo com dados da pesquisa Latin American Communication
Monitor (LCM), organizada pela Euprera e Dircom, sobre Tendências na
Comunicação Estratégica: Grande Dados, Automação, Engajamento, Influenciadores,
Coaching e Competências, realizada em 17 países, com mais de 2.900
profissionais de comunicação, a América Latina apresenta um atraso global com o
uso de Big Data nas empresas de comunicação, já que, segundo o estudo, apenas
17% das agências já implantaram a tecnologia.
O levantamento revelou também que quase metade dos entrevistados
diz que faltam habilidades analíticas para lidar com Big Data (45%),
demonstrando que os profissionais não possuem conhecimento da tecnologia,
implicando na sua implementação nas empresas. Apropriar-se de ferramentas como
Big Data Science e Data Science seria útil para a área, implicando em uma
revolução para a profissão uma vez que os especialistas lidam com dados
internos e externos das organizações para criar e manter relacionamentos,
podendo fazer um bom uso disso, com análises em tempo real e na criação de
estratégias baseadas nos dados que já têm.
Outra vantagem em inserir os recursos seria mostrar valor para as
empresas, reforçando o papel estratégico da Comunicação para as companhias
junto à alta administração e na tomada de decisões que impactam todos os públicos
da organização. A Comunicação lida com resultados intangíveis, infelizmente no
Brasil e em outros países, o principal problema que os profissionais enfrentam
é o entendimento sobre qual a importância desse tipo de especialista nas
empresas, qual é o escopo de trabalho e como podem contribuir para a gestão
sustentável e impacto positivo nos negócios.
Com o armazenamento de dados e uma mineração das informações, os
profissionais podem assumir o papel de consultor gerencial e estratégico e não
apenas técnico, legitimando a profissão frente aos executivos, tornando-se
parte da equipe do alto escalão das organizações e com um escopo de atuação
mais independente e estratégico. Além disso, os dados proporcionam campanhas
mais assertivas e monitoramento mais preciso auxiliando a revelar entre outras
coisas o comportamento dos públicos de interesse, antecipando os profissionais
de Comunicação às crises.
Ao que tudo indica com o avanço dessas tecnologias como Big Data,
Data Science, Inteligência Artificial e o aumento da automação de várias
profissões no futuro, o profissional de Comunicação também corre o risco de ser
substituído por um software inteligente ou robô que mapeia os públicos de
interesse, coleta dados, lê cenários, cria ações e campanhas, desenvolve
conteúdos, tornando os humanos dispensáveis para as organizações. Em
contrapartida os dados sozinhos não criam valor emocional com pessoas e os
humanos ainda serão importantes para a criação de narrativas e ficções para
gerar cooperação na aceitação de normas e hábitos na sociedade, gerando uma
oportunidade para o profissional de Comunicação em relação ao uso dessas
tecnologias.
Os profissionais devem se apropriar dessas ferramentas antes disso
acontecer para com isso reverter a situação, estabelecendo bons relacionamentos
tanto no ambiente físico como virtual, a partir da análise de dados que
ajudarão a mapear com mais assertividades os públicos e a criar estratégias e
narrativas com base no cruzamento de informações, provando o papel estratégico
da Comunicação.
Janaina
Cezar - jornalista e consultora de comunicação da Alfapress Comunicações.
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