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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A importância de manter rotinas de exames preventivos e de diagnóstico durante a pandemia

As notícias frequentes sobre o aumento desenfreado de contaminação pelo coronavírus levam a população, de forma geral, a ter mais receio de seguir com seus exames de rotina e de diagnóstico para doenças de tratamento mais complexo. Na área de saúde e seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), entendemos que ainda é momento de ficar em casa e manter as regras de isolamento social e prevenção, mas não podemos deixar o tratamento nem a prevenção de doenças de lado. Por medo da contaminação, os cancelamentos de procedimentos não urgentes, como exames, consultas e cirurgias também crescem e a recusa de pacientes com outras doenças ou sintomas em procurar um hospital ou clínica por medo de pegarem o coronavírus têm dado a tônica do comportamento dos pacientes. A palavra de ordem deve seguir sendo prevenção. É importante que a sociedade tome ciência de que não é necessário se preocupar com a ida aos laboratórios, pois os melhores locais estão preparados com tecnologia e procedimentos de segurança para evitar contaminação e para que os pacientes possam continuar a fazer os seus acompanhamentos e a se cuidar.

Sobre a queda dos exames preventivos e de diagnósticos, dados apontados pelas Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica, por exemplo, indicam que, desde o início da pandemia de Covid-19 no País, ao menos 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. Outros milhares de pacientes, já com o tumor detectado, tiveram os tratamentos suspensos. Só em abril, cerca de 70% das cirurgias de câncer foram adiadas, por exemplo. Tão graves quantos os óbitos decorrentes da COVID 19 são os casos de mortes por ano de doenças cardiovasculares. Segundo dados reunidos pelo Our World in Data, 56 milhões de pessoas morrem por ano no mundo. A principal causa de morte são as doenças cardiovasculares -por sua culpa, perdem-se quase 18 milhões de vidas, quase um terço do total. E, se forem agrupados em uma única categoria, os tipos de câncer são responsáveis por quase 10 milhões de mortes. Além disso, sabe-se também que a demora para o diagnóstico pode ser ainda mais grave. Dois meses podem fazer com que o paciente saia de um cenário reversível, com possibilidades de cura da doença, para um cenário sem volta, restando apenas o tratamento paliativo.

Os diagnósticos de câncer, com os quais também trabalhamos em nossas clínicas e laboratórios de imagem em todo o país, tiveram uma redução entre 50% a 90% no Brasil nos últimos dois meses. A estimativa foi feita pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Dito isso, a consequência da falta de diagnóstico é que tumores acabam sendo descobertos em estágios mais avançados. Nestes casos, tratamentos com intuito curativo já não são mais eficazes, e as opções ficam mais restritas e agressivas, o que pode ser evitado com a manutenção da realização dos exames de prevenção, de seguimento oncológico. É importante preveni-lo ou tratá-lo de forma mais inicial possível. Um estudo inglês recentemente publicado pelo The BMJ (The British Medical Journal) constrói um cenário preocupante: a mortalidade por câncer pode aumentar 20% por causa da pandemia.

Uma forma que encontramos de driblar este receio da ida aos laboratórios foi a criação do formato drive-thru em muitas das nossas unidades para oferta do teste de diagnóstico de COVID-19. Assim, conseguimos evitar que pessoas que estão no local para outros exames não relacionados à fase aguda do novo coronavírus tenham contato com esses pacientes com suspeita da doença. Podemos dizer inclusive que ações como esta somadas às medidas de reforço com a higienização dos equipamentos e treinamento dos colaboradores e profissionais de saúde nos laboratórios, tornam as idas às unidades de diagnóstico mais seguras do que, por exemplo, ir ao mercado.

Desta forma, e sob o risco de que a retomada aos exames de rotina e de prevenção extrapole a capacidade dos sistemas na retomada da "normalidade", se torna ainda mais necessário que as pessoas se conscientizem e mantenham seus tratamentos em dia, mantendo a programação de exames e consultas. O cuidado com a saúde deve ser redobrado agora e a procura pelos serviços de saúde para execução dos exames periódicos e preventivos se tornam tão importantes quanto as medidas de prevenção à contaminação contra o Covid-19.




Doutor Juan José Cevasco Jr. - Diretor Médico do Grupo Alliar.


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