Problema é considerado comum, mas ainda gera muitas dúvidas entre pacientes
Você certamente conhece alguém que já teve de ser
submetido a uma cirurgia para corrigir o desvio do septo nasal. Ainda que seja
um procedimento comum, o problema ainda desperta muitas dúvidas em pacientes,
inseguros em relação a possíveis cicatrizes, ao pós-operatório e à necessidade
da cirurgia.
Para elucidar essas e outras questões, a otorrinolaringologista Cristiane Mayra
Adami, do Hospital Paulista, elaborou o tira-teima a seguir, com os mitos e as
verdades sobre o desvio de septo nasal:
MITOS
- Quem tem desvio de septo sempre deverá
operá-lo
A cirurgia de desvio de septo é muito comum: oito
em cada dez brasileiros apresentam o problema. No entanto, nem sempre o desvio
de septo é sintomático. Ou seja, nem sempre o paciente sente o nariz entupido e
a obstrução nasal. Consequentemente, não são todos os casos de desvio de septo
que requerem intervenção cirúrgica. Essa avaliação deve ser feita por um médico
otorrinolaringologista.
A cirurgia de correção do septo nasal é indicada
quando o paciente tem sintomas como a obstrução nasal ou sinusites recorrentes.
Essa série de crises ocorre porque o septo é desviado de um jeito que fecha as
entradas e saídas de secreção dos seios da face. O paciente começa a reter
muita secreção e desenvolve a sinusite. Portanto, a indicação cirúrgica ocorre
quando o desvio é obstrutivo e o paciente tem sintomas de nariz entupido, que
dificultam sua respiração. O mandatório para a indicação é a sintomatologia do
paciente ou algum desvio tão grave em crianças que possa causar uma deformidade
facial.
- A cirurgia de desvio de septo deixa cicatriz
A cirurgia não requer corte externo e não deixa
cicatriz. Atualmente, é muito comum a cirurgia através de vídeo endoscopia. O
procedimento é feito pelo nariz, através das narinas. Por fora, sequer parece
que o paciente passou por uma cirurgia.
- A cirurgia gera mudança na estética do nariz
Uma cirurgia de correção de desvio de septo, que é
diferente de um procedimento estético, não muda a forma do nariz. Não há
mudança externa, apenas interna para promover uma respiração melhor.
- O procedimento cirúrgico só pode ser feito em
adultos
A cirurgia do desvio de septo pode ser feita em
qualquer idade, dependendo da indicação e da deformidade que pode estar
causando. Para a maioria das pessoas, recomenda-se operar após a fase de
crescimento, ou seja, da adolescência em diante. A partir daí, já cessou o
crescimento, o osso nasal já está definido. Podemos, então, fazer uma cirurgia
e não tem risco de o desvio voltar depois. No entanto, a cirurgia é indicada
para algumas crianças quando o desvio é tão grave que pode iniciar uma
deformidade facial. Neste cenário, é melhor correr o risco de ter que operar
novamente esse paciente lá na frente do que deixar essa criança crescer com
alguma deformidade na face. Há casos em que se opera aos 4, 5 anos de idade,
mas isso não é comum.
- Após a cirurgia, o paciente não precisa mais
de acompanhamento médico
É muito importante ter um acompanhamento
pós-cirúrgico nos anos seguintes, principalmente os pacientes que têm rinite
alérgica e rinite à mudança de temperatura, pois é importante fazer uma
manutenção deste nariz. O septo fica retinho, não entorta de novo, quando já se
é adulto, a não ser que tenha um trauma, uma causa externa. No entanto, a
mucosa do nariz precisa de cuidados.
O nariz não é só o septo nasal. Os cornetos,
popularmente chamados de carne esponjosa, também são responsáveis pela
obstrução nasal. Inclusive, é muito comum que o paciente faça a septoplastia
junto com a turbinectomia, que seria a correção do septo nasal mais a remoção
parcial dos cornetos. Quem tem rinite tem que cuidar dessa mucosa, porque ela
estará sempre exposta ao que provoca rinite, podendo causar uma irritação, uma
inflamação, um edema, um inchaço dessa mucosa, gerando desconforto.
Não é só operar e sumir. É muito comum que os pacientes operem, fiquem bem, sumam e não cuidem da rinite. Depois de um tempo, acabam voltando ao consultório, pois não fizeram a manutenção do nariz. É muito importante um acompanhamento com o otorrino nos anos posteriores para saber se está tudo bem, principalmente com o fator rinite.
VERDADES
- A cirurgia de desvio de septo utiliza anestesia geral
Sim, é um procedimento considerado invasivo, pois
exige internação e anestesia geral. Por isso, é preciso realizar, antes da
cirurgia, avaliação cardíaca, de sangue, de pulmão e do anestesista. No
entanto, o período de internação é curto e não passa de 24 horas. Alguns
médicos preferem que o paciente passe a noite no Hospital após a cirurgia, mas
não é uma regra. É possível internar, operar e ir embora no mesmo dia.
- O desvio de septo pode voltar quando se opera
muito cedo
Sim, pois a pessoa ainda não teve o pico de
crescimento. O osso continua crescendo e pode continuar se desenvolvendo com o
desvio. Tudo depende da real necessidade da cirurgia. Em casos extremos, opera-se
mais cedo, porém já é avisado que futuramente poderá ser necessário operar
novamente.
- O pós-operatório é muito essencial no sucesso
da cirurgia
Os cuidados do pós-operatórios de uma cirurgia de
desvio de septo são muito importantes. O sucesso do procedimento depende muito
de um pós-operatório bem feito e respeitado, pois a região do nariz sangra com
muita facilidade. É preciso fazer um repouso relativo, em que não haja esforço
físico, já que os vasinhos do nariz estão cicatrizando e podem se romper,
causando hemorragia.
Deve-se evitar também a exposição excessiva a temperaturas altas, ao
calor, ao Sol e a comidas e banhos muito quentes. Isso deve ser feito nas
primeiras semanas, pois a média de cicatrização de uma cirurgia do nariz é em
torno de dois meses. É importante enfatizar também que é muito importante
evitar qualquer tipo de trauma na região. Ou seja, evitar bater o nariz ou tomar
uma bolada, por exemplo.
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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