O coronavírus chegou ao Brasil logo após
o Carnaval e, nos últimos três meses, fez os brasileiros mudarem completamente
suas rotinas. A necessidade da quarentena e do isolamento social fez muitas
empresas adotarem o home office,
enquanto outros serviços essenciais, como supermercados e farmácias,
desenvolveram métodos para evitar aglomerações nos estabelecimentos. A
principal transformação, contudo, é interna: a adoção de novas formas de
higiene e prevenção que, no fim, desencadeia um processo que vai impactar
setores inteiros do país.
A preocupação com a
higiene passou a fazer parte do dia a dia dos brasileiros. Dois levantamentos
realizados pelo Instituto QualiBest mostram
esse fenômeno. Em março, logo após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no
país, dois terços da população (66%) admitiram ter mudado hábitos de limpeza.
Já na primeira semana de maio, quando o país se aproximava da marca de 10 mil
mortes por conta da doença, esse indicador passou para 94%, com o álcool em gel
sendo o item preferido na hora de limpar superfícies e higienizar as mãos.
Se for possível apontar algum legado positivo na pandemia de
COVID-19, certamente é o maior cuidado com higiene e limpeza. Afinal, o avanço desse quesito está intimamente ligado a uma melhoria da saúde e
qualidade de vida da população em geral. O
rápido avanço do coronavírus, sendo o contato humano a principal forma de
contágio, evidenciou a necessidade de todos reverem comportamentos e condições
sanitárias no dia a dia. Agora, certamente é uma preocupação que vai perdurar
por um bom tempo, uma vez que os benefícios e a conscientização se tornam mais
presentes.
As novas medidas em
relação à higiene também provocarão transformações em setores inteiros. Para
evitar aglomerações, espera-se que, mesmo após a pandemia, as pessoas deem
preferência aos canais digitais na hora de consumir algo. Devido à doença, os
mais idosos, que naturalmente tinham uma menor aceitação de serviços on-line,
foram praticamente forçados a aderir ao comércio eletrônico. Certamente o
e-commerce vai aumentar sua participação no total de vendas. O varejo,
portanto, vai mudar, e as marcas que forem mais rápidas ao perceberem isso
ganharão a preferência dos consumidores.
A reação em cadeia que
todas essas mudanças podem trazer
para a economia e a vida em sociedade ainda é uma incógnita. Há uma série de
fatores envolvidos, e
o Brasil ainda luta para conter o avanço da doença. Além disso, vivemos um momento de tensão política,
agravado pela situação econômica e fiscal. É evidente que o PIB vai sofrer
retração em 2020 e tanto o poder público quanto a iniciativa privada precisam
compreender essas mudanças. Para melhorar, é preciso haver um esforço
organizado entre todas as esferas políticas para a retomada da economia e do
emprego ao longo do ano.
Não é exagero dizer que
o mundo não será mais o mesmo após a pandemia de COVID-19. O que antes fazia
sentido e era inquestionável passa, evidentemente, por uma análise mais crítica
a partir de agora. Situações que eram rotineiras, como ir ao mercado para fazer
compras, passam a ser consideradas arriscadas devido ao perigo do contágio e
por existir uma
alternativa viável como o e-commerce. Deste
momento em diante, o que importa é cuidar da nossa higiene e, consequentemente,
ganhar qualidade de vida no futuro.
Rafael Nasser - cofundador da FreeCô, o primeiro bloqueador de odores sanitários do Brasil – freeco@nbpress.com
FreeCô
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