Incêndios, tempestades, furacões, degelos, crises
sanitárias e ambientais são alguns recentes acontecimentos que marcam o Dia
Mundial do Meio Ambiente, comemorado nessa sexta-feira, 05 de junho. Agora,
especialistas alertam para um outro sério risco que veio para ficar, o Cisne
Verde. O termo “The green swan”, criado em fevereiro, pelo Bank for
International Settlements (BIS) se refere à probabilidade de uma crise
financeira causada pelas graves mudanças climáticas mundiais.
“Os painéis intergovernamentais do IPCC (Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) já levantavam essa questão, mas o
estudo e livro produzido por integrantes do banco BIS, mostram que esse evento
possui um potencial extremamente grave do ponto de vista financeiro”, explica o
professor da IBE Conveniada FGV, Luiz Fernando de Araújo Bueno, que é
especialista em sustentabilidade e responsabilidade social.
Segundo o professor, a crise causada pelo Cisne
Verde pode chegar a qualquer momento, como exemplo da pandemia global de
coronavírus. Para ele, o Brasil tem conhecimento e noção sobre os estragos
desse acontecimento, mas as estratégias e preparação para lidar com esse
possível problema ainda são consideradas rasas.
“Estudos comprovam que grandes empresas não
colocaram no plano de gestão de risco, temáticas ligadas aos vírus. Era algo
que ninguém esperava acontecer, mas que hoje é responsável por impactar o mundo
em diversos âmbitos. É necessário estar preparado para os próximos e graves
acontecimentos ligados à área ambiental e sanitária”, ressalta Luiz Bueno.
Com a chegada do Cisne Verde, os prejuízos podem
impactar as interrupções na produção, destruição física de fábricas e aumentos
repentinos de preços. Pessoas, empresas, países e instituições financeiras
poderão ser gravemente afetados. “O ser humano vem causando alguns desrespeitos
ao meio ambiente e na sustentabilidade como um todo. Se não nos organizarmos,
os impactos serão semelhantes aos quais estamos sentindo com a pandemia de
Covid-19.”, alerta o professor.
Segundo o especialista, além dos
impactos ao mercado, capaz desestabilizar a economia de vários
países ao mesmo tempo, o Cisne Verde pode causar riscos globais, com
instabilidade financeira e de crédito.
Ele destaca que quando grandes e extremos eventos
climáticos acontecem, escritórios e redes de computadores são
fortemente impactados. As máquinas acabam ficando sem estabilidade e
funcionamento. “Crises climáticas como chuvas, furacões e tsunamis geram
problemas de infraestrutura e tecnologia”.
Além disso, o Cisne Verde pode trazer efeitos
de liquidez, onde crises simultâneas têm potencial para
afetar bancos, que não conseguirão realizar ações como empréstimos e
refinanciamentos.
Empresas do setor de seguros também
podem ser impactadas. “Por conta dos danos, maiores números de sinistros podem
surgir, tornando o valor do seguro mais caro, colocando as empresas do segmento
em xeque”.
Para o especialista, as mudanças climáticas se
tornaram um fator determinante nas perspectivas de longo prazo das
empresas. Por isso, os mercados do mundo inteiro já começam a se atentar
sobre as questões que envolvem a economia circular, parcimônia no uso dos
recursos naturais e investimentos em ações com menores taxas de carbono.
“É necessário colocar esses aspectos em prática, de
um modo que não seja considerado luxo, mas sim, sobrevivência. O mercado vai
mudar e a economia verde terá destaque nesse 'novo normal' pós Covid 19
", finaliza o professor.
Luiz Fernando de Araújo Bueno - Professor
da IBE Conveniada FGV, que é especialista em
sustentabilidade e responsabilidade social.
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