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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Pacientes com câncer podem ter problemas cardíacos


Pacientes que tiveram câncer de mama ou linfoma têm até três vezes mais risco de desenvolver insuficiência cardíaca


Doenças do aparelho circulatório, como AVE e infarto, ainda são responsáveis pela maior parte dos óbitos no Brasil, com uma estimativa de 400 mil casos em 2018. Porém, de acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), até 2029 o câncer será a principal causa de morte no país. Por serem doenças tão prevalentes, a incidência de doenças cardiovasculares em pacientes com câncer é uma realidade cada vez mais frequente.

O cardiologista Diego Garcia, que coordena o serviço de cardio-oncologia do Hospital Paulistano, conta que a forte correlação entre as doenças fez com que essa área crescesse muito nos últimos anos. "Dependendo da medicação usada na quimioterapia ou o tipo de radioterapia, o risco do problema cardíaco é aumentado, seja no momento da infusão no caso da quimioterapia ou a curto, médio e longo prazo", afirma o especialista.

Dentre as mais frequentes complicações cardíacas que podem ser provocadas pelo tratamento oncológico estão a insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, doença coronariana, arritmias e doenças das valvas, além de eventos tromboembólicos. Pacientes com fatores de risco tradicionais como hipertensão arterial prévia, sedentarismo e tabagismo têm risco maior de apresentar essas alterações.

A recomendação para muitos casos é que antes de iniciar o tratamento oncológico, o paciente passe por uma consulta com um cardiologista. "Nessa consulta inicial, o cardiologista vai avaliar qual a periodicidade das consultas e exames cardiológicos de acordo com o tratamento proposto pelo oncologista, além de recomendar ajuste de algumas medições de uso prévio e proposição de outras com potencial cardioprotetor", indica o Diego Garcia.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Rochester Epidemiological Project da Mayo Clinic, pacientes que tiveram câncer de mama ou linfoma têm três vezes mais risco de desenvolver insuficiência cardíaca congestiva, em comparação com indivíduos que não têm câncer. Os pesquisadores notaram que o risco aumentado pode persistir por pelo menos 20 anos. No caso do câncer de mama, o acompanhamento cardiológico é indispensável para a maioria das pacientes. Alguns medicamentos comumente usados nas pacientes com câncer de mama como a doxorrubicina e traztuzumabe, tem o potencial aumentado para provocar insuficiência cardíaca. Os danos no coração podem ser minimizados se essas condições forem detectadas e tratadas de forma precoce.

"O intuito do acompanhamento cardiológico é estimar o risco de possíveis complicações, definir uma estratégia cardioprotetora, detectar precocemente as alterações que possam surgir, além de tratá-las de forma adequada. Um dos principais objetivos é conciliar o tratamento das cardiopatias com o câncer, visando interromper o mínimo possível o tratamento oncológico", ressalta o especialista.

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