Pacientes que
tiveram câncer de mama ou linfoma têm até três vezes mais risco de desenvolver
insuficiência cardíaca
Doenças do aparelho circulatório, como AVE e
infarto, ainda são responsáveis pela maior parte dos óbitos no Brasil, com uma
estimativa de 400 mil casos em 2018. Porém, de acordo com o INCA (Instituto
Nacional do Câncer), até 2029 o câncer será a principal causa de morte no país.
Por serem doenças tão prevalentes, a incidência de doenças cardiovasculares em
pacientes com câncer é uma realidade cada vez mais frequente.
O cardiologista Diego Garcia, que coordena o
serviço de cardio-oncologia do Hospital Paulistano, conta que a forte
correlação entre as doenças fez com que essa área crescesse muito nos últimos
anos. "Dependendo da medicação usada na quimioterapia ou o tipo de
radioterapia, o risco do problema cardíaco é aumentado, seja no momento da
infusão no caso da quimioterapia ou a curto, médio e longo prazo", afirma
o especialista.
Dentre as mais frequentes complicações cardíacas
que podem ser provocadas pelo tratamento oncológico estão a insuficiência
cardíaca, hipertensão arterial, doença coronariana, arritmias e doenças das
valvas, além de eventos tromboembólicos. Pacientes com fatores de risco
tradicionais como hipertensão arterial prévia, sedentarismo e tabagismo têm
risco maior de apresentar essas alterações.
A recomendação para muitos casos é que antes de
iniciar o tratamento oncológico, o paciente passe por uma consulta com um
cardiologista. "Nessa consulta inicial, o cardiologista vai avaliar qual a
periodicidade das consultas e exames cardiológicos de acordo com o tratamento
proposto pelo oncologista, além de recomendar ajuste de algumas medições de uso
prévio e proposição de outras com potencial cardioprotetor", indica o
Diego Garcia.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Rochester
Epidemiological Project da Mayo Clinic, pacientes que tiveram câncer de mama ou
linfoma têm três vezes mais risco de desenvolver insuficiência cardíaca
congestiva, em comparação com indivíduos que não têm câncer. Os pesquisadores
notaram que o risco aumentado pode persistir por pelo menos 20 anos. No caso do
câncer de mama, o acompanhamento cardiológico é indispensável para a maioria
das pacientes. Alguns medicamentos comumente usados nas pacientes com câncer de
mama como a doxorrubicina e traztuzumabe, tem o potencial aumentado para
provocar insuficiência cardíaca. Os danos no coração podem ser minimizados se
essas condições forem detectadas e tratadas de forma precoce.
Nenhum comentário:
Postar um comentário