Estudo
inédito apresenta soluções para o problema das fraudes no setor
Um estudo inédito conduzido entre os meses de agosto de 2017 e 2018 pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e a PwC Brasil apresenta um conjunto de medidas regulatórias e legislativas, além de ações econômicas e de implementação de políticas de transparência, necessárias para prevenir e combater fraudes no sistema privado de saúde do Brasil. De acordo com o levantamento, só em 2016 o total de gastos em contas hospitalares relacionados a fraudes foi de R$ 20 bilhões, o que responde por 15% das despesas assistenciais da saúde suplementar brasileira. "É evidente que o setor precisa instituir mecanismos efetivos de controle e transparência para combater as fraudes. Além de mapear o que está sendo feito nesse sentido e propor novas soluções, o trabalho também apresenta uma agenda a ser conduzida pelo Poder Público e aborda ações capazes de desestimular essas práticas", afirma Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS.
A Constituição Federal de 1988 institui que a saúde
é um direito do indivíduo e cabe ao Estado fiscalizar o setor. Portanto, a
legislação brasileira apresenta deficiências quando comparada com ordenamentos
jurídicos mais avançados na regulamentação de mecanismos de controle, prevenção
e combate à fraude e corrupção no setor de saúde privado. Por isso, o material
propõe uma agenda a ser conduzida pelo Poder Público (Executivo, Legislativo,
Judiciário e Ministério Público, entre outros) a partir da identificação das
principais práticas fraudulentas, seus impactos sobre a cadeia de valor da
saúde e quais leis e projetos de leis em trâmite no Brasil podem contribuir
para solucionar o problema, como o PL 221/15 que prevê a criminalização de condutas
como a corrupção privada entre o profissional de saúde em atividade
profissional e de fornecedor.
"Além da criminalização de determinadas
práticas, é preciso repensar o modelo de pagamento e implementar medidas que
aumentem a transparência das relações, o que também determinará potencial
redução de custos e aumento do acesso à informação pela população", afirma
José Figueira, sócio da PwC Brasil. O material ainda aborda práticas econômicas
capazes de desestimular fraudes e iniciativas que dão transparência à relação
entre os agentes desse setor. Há também a apresentação de medidas aplicadas nos
Estados Unidos, México e África do Sul para servir de parâmetro ao Brasil.
Devido a esse vácuo regulatório, as práticas de
fraude na saúde também são incentivadas por causa da prevalência do modelo de
pagamento por serviços de saúde conhecido como "conta aberta", o
fee-for-service. Por esse sistema, fraudes e outras ineficiências do sistema
são absorvidas nas contas pagas pelas operadoras de planos de saúde, uma vez
que a remuneração é baseada na quantidade de serviços prestados e não na
qualidade ou no melhor desfecho clínico.
Esse é um padrão já superado por
diversos países desenvolvidos e em sistemas de saúde similares ao brasileiro,
como o da África do Sul.
PwC
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